4 discussões devem definir o horizonte da bolsa do Brasil neste 2º semestre

Depois Donald Trump anunciar que não vai estender período de tratativas com parceiros comerciais, nesta quarta (2), o presidente americano disse ter chegado a um contrato com o Vietnã. A notícia trouxe um pouco de consolação para o mercado, já que boa secção dos produtos consumidos e usados na indústria dos EUA vem do “Tigre Asiático”.

Mas esta e outras novelas que devem dominar o segundo semestre do mercado financeiro ainda estão longe do término.

• Pressionado pelos enroscos fiscais e comerciais, o Ibovespa cedeu 0,36%, a 139.051 pontos. Nesta semana, a carteira teórica acumula subida de 1,6% e, desde o prelúdios do ano, valorizou mais de 15,6%.

Oriente é o primeiro ponto que deve estar no radar de quem investirá na bolsa.

1. À exceção da China, todos os parceiros comerciais dos EUA têm até o dia 9 de julho para fechar um contrato de tarifas sobre as importações americanas. Mas gigantes porquê a União Europeia e o Japão sabem que Trump também corre contra o tempo. E jogam isso a seu obséquio.

A situação do Republicano se agrava com a proximidade das “midterm elections” (eleições de meio de procuração presidencial, em inglês), em que os eleitores americanos elegem representantes do Congresso e outros cargos, porquê os governadores. A próxima ocorrerá em novembro de 2026, mas a Morada Branca já discute estratégias para manter sua maioria republicana, que permite a Trump passar suas propostas pelo legislativo.

Em outras palavras: o presidente dos EUA tem um timing político para resolver esse imbróglio. O tarifaço anunciado no prelúdios de abril impulsionou os índices de desaprovação do governo a níveis raros para um prelúdios de procuração. E esse quadro pode implicar em cadeiras a menos para o partido da Morada Branca no Congresso americano.

Sabendo disso, União Europeia e Japão estão jogando duro nas negociações e parecem dispostos a admitir a tarifa inicialmente anunciado por Trump, em 2 de abril, já que o dispêndio político da medida para o presidente dos EUA foi mais cume.

Outrossim, a indústria americana não teve tempo de se estruturar, logo é provável que ou ela absorva os custos das tarifas mais elevadas ou reduza as compras de suprimentos, o que pode levar à escassez de produtos no mercado dos EUA. Ambos os cenários pressionam um ponto nevrálgico em qualquer governo ocidental hoje: a inflação.

• E em mais um dia de petróleo em subida, o dólar mercantil recuou 0,74% contra o real hoje, a R$ 5,42. Na semana, a moeda americana tem queda de 1,15% e, desde o início do ano, ficou 12,3% mais barata para o brasílio.

2. Planalto vs. Congresso

Não somente nos EUA o cenário político contamina os humores no mercado financeiro. No Brasil, a romance é ainda mais dramática.

• A carteira do Ibovespa movimentou R$ 18,8 bilhões hoje, 13% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,6 bilhões.

O decreto governamental que aumentou as alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em uma série de transações – ainda que serenado – levantou o véu sobre o relacionamento entre Planalto e Congresso.

Enquanto posavam juntos, parlamentares e governistas pareciam unidos em encontrar soluções para o desequilíbrio nas contas públicas deste ano. Mas diante dos contínuos sinais de prostração da imagem do governo Lula nas pesquisas de opinião, o Congresso (que está nas mãos da oposição) viu a brecha para largar o embarcação e ainda desferir seu golpe: derrubou o decreto.

Assim, o governo se vê às voltas em procura de soluções para amarrar as pontas no cenário fiscal – que pode estar em risco neste ano -, enquanto o Congresso se alinha cada vez mais a opositores do Planalto.

O governo retaliou, judicializando a discussão. E agora até mesmo o poder Judiciário está envolvido no imbróglio.

A questão meão é que nenhuma das partes está disposta a ceder: o governo não enxerga espaços para cortes sem comprometer programas essenciais para sua reeleição, e parlamentares não estão dispostos a terebrar mãos do orçamento para suas emendas, também cruciais para manutenção de sua base eleitoral.

Mais do que isso: a romance fiscal se tornou o calcanhar de Aquiles do governo. Se não entender a meta firmada no busto fiscal, o governo terá amarras mais firmes para gastos no ano de eleições federais. Mas, para alcançá-la na posição em que o Congresso colocou o Planalto hoje, precisará promover cortes de gastos ou novos contingenciamentos, o que pode ruir sua imagem desde já.

Conversas sobre a corrida eleitoral deveriam agitar o país perto de 2026, mas foram adiantadas e já provocam volatilidade nos preços dos ativos domésticos desde o prelúdios de 2025.

• Das 84 ações que fazem secção do Ibovespa atualmente, 59 desvalorizaram nesta sessão.

Faz mais de um ano que investidores andam desgostosos com o veste de terem oferecido o voto de crédito para o busto fiscal e ao governo, para depois se frustrarem com as sucessivas derrotas da fileira econômica perante a fileira política do Planalto.

Assim, agentes da Faria Lima e do Leblon estão ávidos por antecipar o debate eleitoral. Esse cenário foi nutrido pelo fortalecimento do nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, porquê um provável sucessor de Jair Bolsonaro no caso de o ex-presidente seguir inelegível ou se for recluso.

Tarcísio tem tudo que agrada os investidores: apresenta-se porquê uma direita mais moderada que Bolsonaro, alega ser mais democrata que a família do ex-presidente, e estaria desempenado à agenda privativista e de redução do Estado, além de estar teoricamente disposto a implementar reformas econômicas que agradam o mercado.

Por isso, antes mesmo de consolidadas as candidaturas, a Faria Lima e o Leblon já têm seu candidato. E com Lula perdendo popularidade nas pesquisas, mais recursos fluem para a (ainda inexistente) campanha de Tarcísio.

Caso o provável horizonte candidato à presidência da direita mostre mesmo ter chances de lucrar as eleições para 2026, a tendência cá no Brasil é de os ativos refletirem consolação: apostas de juros mais baixos, expectativas de inflação devem permanecer ancoradas e os investidores locais podem voltar com tudo à bolsa.

Enfim, chegamos ao ponto crucial para a renda variável: para onde vai a Selic? Seguindo os sinais mais recentes da economia, naturalmente a taxa básica de juros deve ir para plebeu. Mas quando?

Esta é a discussão meão para quem vai investir na bolsa brasileira hoje. Enfim, quão menos rentável for a renda fixa, mais as pessoas devem buscar produtos na renda variável detrás de retornos mais altos.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 seguiu em 14,92% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 foram de 13,09% para 13,15%ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa subiu de 13,21% para 13,23% ao ano. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

E, ao que tudo indica, devemos debutar a vislumbrar o horizonte para consolação nos juros brasileiros ainda neste segundo semestre. Nos EUA, Trump segue montando jogadas políticas para pressionar o banco meão americano (Federalista Reserve, o Fed) a trinchar logos as taxas. O movimento parece estar funcionando com uma secção do comitê executivo do Fed.

Caso o Fed namoro os juros três vezes nascente ano, o Banco Médio do Brasil teria mais espaço para discutir um prazo para descida da Selic por cá.

Mas, para isso, depende também que a inflação siga perdendo força – porquê os indicadores oficiais vêm mostrando – e se aproxime da meta, de 3%. Também é preciso que o dólar mantenha a tendência de queda para que a discussão sobre os cortes na Selic ganhe força.

Não fará mal se o imbróglio fiscal rumar para um desfecho mais comedido ou se o cenário político se acalmar.

Mas, até lá, muita chuva ainda vai rolar.