Ibovespa crava novo recorde com subida de 17% no ano. É hora de dar uma chance à bolsa brasileira?

Apesar de tudo (de obstáculos) que 2025 prometia para a bolsa brasileira, o principal índice de ações da B3 renovou sua máxima histórica pela quinta vez neste ano.

• Nesta quinta-feira (3), o Ibovespa avançou 1,35% e fechou no inédito patamar dos 140.928 pontos. Nesta semana, a carteira teórica acumula subida de quase 3% e, desde o primícias do ano, já valorizou mais de 17%.

Para um período que a Selic também escalou aos 15% ao ano, o feito do Ibovespa parece mais paradoxal. E ao contrário do que pode parecer numa leitura superficial, não houve gatilhos para o gosto ao risco no Brasil.

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Lá fora, o movimento de rotação do capital ganha força com o consistente extenuação do dólar em prol de outras moedas. Assim, os gringos andam cavando oportunidades em bolsas cá e ali para prometer retornos maiores para seus fundos e outros veículos de investimentos.

Economias emergentes, porquê a do Brasil, tendem a se beneficiar em momentos porquê o atual, que o mercado financeiro antecipa ciclos de refrigério nos juros. Isso porque é esperado que o gosto ao risco aumente quando a renda fixa permanecer menos rentável, e a subida volatilidade daqui implica que as altas na renda variável serão mais altas – embora as baixas, em momentos de crise, sejam também mais baixas.

• Assim, o dólar mercantil recuou 0,29% contra o real e fechou a sessão no menor patamar em mais de um ano, a R$ 5,40. Na semana, a moeda americana tem queda de 1,43% e, desde o início do ano, ficou 12,54% mais barata para o brasílico.

“O mercado atual se assemelha, guardadas as devidas proporções, ao cenário de meados de 2016, quando a taxa Selic também estava supra de 13,75% e o sentimento em relação à economia era bastante pessimista. Naquele período, vivíamos o processo de impeachment da portanto presidente Dilma Rousseff. Quando o mercado vislumbrou uma verosímil melhora no cenário político e econômico, iniciamos uma trajetória de subida que só foi interrompida pela pandemia, em 2020“, avalia Anderson Silva, gerente da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.

O raciocínio de Silva se baseia no movimento de investidores de se preparem para a tomada de risco na renda variável “ao som dos canhões”, diz. Quer proferir, agentes do mercado financeiro trabalham com expectativas. Portanto, sob sinalizações de um cenário lucrar mais chances de se concretizar, os posicionamentos em ativos mudam conforme esse novo horizonte para a economia.

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“Hoje, enfrentamos uma série de incertezas, porquê a incapacidade do governo federalista em lastrar as contas públicas e a baixa popularidade do presidente Lula. Assim, o mercado já começa a precificar um verosímil governo de centro-direita em 2027, e, se esse for realmente o cenário porvir, o momento de se posicionar é agora”, defende.

Embora alguns vencimentos em contratos futuros de juros tenham fechado em ligeiro subida, Silva explica que a tendência segue sendo de queda em função da postura firme do Banco Mediano no combate à inflação. “Mas esse movimento não será em risca reta, já que as posições compradas em juros futuros estão sendo desmontadas aos poucos”, conclui.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 seguiu em 14,92% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 foram de 13,15% para 13,19%ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa subiu de 13,23% para 13,30% ao ano. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Por outro lado, com uma sessão reduzida no exterior, a liquidez da bolsa sem o capital estrangeiro até o termo do dia foi também limitada.

• A carteira do Ibovespa movimentou R$ 12 bilhões hoje, 28% inferior da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,6 bilhões.

É hora de dar uma chance à bolsa?

Diante do possante movimento no mercado de ações do Brasil, muitos investidores começam a se perguntar se é hora de voltar à bolsa. Mas quem deliberar se jogar na renda variável agora precisa preparar o estômago, porque, apesar dos retornos, a bolsa também tem sofrido muita volatilidade.

O fluxo de recursos estrangeiros que entraram no Brasil, embora suficiente para prometer os recordes ao Ibovespa, é marginal diante do montante movimentado globalmente.

De forma ilustrativa: tapume de US$ 12,3 trilhões saíram das ações americanas no auge da crise do tarifaço, nos dias 8 e 9 de abril. E embora as bolsas dos Estados Unidos tenham se renovado muito, o valor de mercado das bolsas americanas ainda está US$ 180 bilhões aquém do seu patamar no primícias deste ano. O valor líquido investido nas empresas brasileiras via ações em todo o primeiro semestre deste ano representa tapume de 2,6% desse montante.

Oriente é um ponto. Não há uma grande tese que inspire otimismo com o Brasil, em privativo, e sim um movimento de reacomodação do capital global, antes 66% concentrado no mercado dos EUA. Uma vez que a tese de extenuação do dólar está se mostrando sustentável, uma secção desses recursos flui para mercados emergentes e, portanto, acaba beneficiando o país.

A tendência é que esse movimento se mantenha. Mas não sem suportar solavancos.

• Das 84 ações que fazem secção do Ibovespa atualmente, 75 valorizaram nesta sessão.

De faceta, é preciso estar discreto ao termo do prazo para negociações das tarifas com os EUA. Parceiros comerciais da economia americana têm até o dia 9 de julho para fechar um conciliação. Mas gigantes porquê a União Europeia e Japão têm jogado duro.

Isso porque o tarifaço tem custado cume à popularidade de Donald Trump. E os EUA têm eleições municipais e regionais em algumas unidades federativas já no termo deste ano e, no ano que vem, voltam às urnas para as “midterm elections” (eleições de meio de procuração presidencial, em inglês), em que os eleitores americanos elegem representantes do Congresso. Esse incidente será crucial para o governo americano manter sua maioria republicana, que permite a Trump passar suas propostas pelo legislativo.

Sabendo disso, União Europeia e Japão parecem dispostos a admitir a tarifa inicialmente anunciada por Trump, já que o dispêndio político da medida para o presidente dos EUA parece mais cume.

Isso só lá fora. Além de todos os fatores que podem mexer com o câmbio, o fiscal e com a inflação nos EUA, há também imbróglios internos que afetam o gosto de investidores.

A romance do IOF que opõe Congresso e Planalto diante da aproximação das eleições federais de 2026 está pautando o mercado financeiro no Brasil. Agentes da Faria Lima e do Leblon apostam na alternância de poder, conforme o nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, começa a ser soprado porquê um verosímil substituto do atualmente inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro.

Tarcísio é uma figura que se apresenta porquê uma direita menos radical que a família Bolsonaro, o que agrada a Faria Lima e o Leblon. Seu exposição está desempenado à agenda do mercado financeiro, que prega a redução do Estado, uma postura fiscalista, privativista e de fomento ao capital.

Por outro lado, se a narrativa para as eleições de 2026 não tomar o rumo que investidores esperam (tão confiantemente), as coisas podem retrogredir por cá.

As posições de investidores locais na bolsa – já perto de mínimas históricas – podem vangloriar, e um movimento de fuga do risco tende a lucrar força, o que implica em escalada da expectativas para inflação, para os juros e subida do dólar.

Mas, evidente, há sempre o bom argumento de quem vai às compras de ações no Brasil neste momento: ótimas pechinchas, ações de excelentes empresas a preço de banana.

Portanto, para quem tem estômago para um mar alvoroçado, esta ainda é uma boa hora para submergir na bolsa.