Oração 'moderado' de Lula sobre tarifas e dados de serviço podem acalmar mercado

Ontem (10), em entrevista ao Jornal Vernáculo, da Rede Orbe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que se não houver “solução” sobre a taxação de 50% de produtos brasileiros, determinada pelo governo de Donald Trump, o Brasil pode impor a lei de reciprocidade tarifária a partir do dia 1º de agosto, data em que se inicia a taxação americana.

O exposição, no entanto, teve um tom moderado. Lula afirmou que “não perde a calma” e “não toma decisão com 39 graus de febre”.

“O Brasil utilizará a lei da reciprocidade quando necessário. O Brasil vai tentar fazer com que a OMC tome uma posição para saber quem está claro ou que está inexacto. A partir daí, se não houve solução, nós vamos entrar com a reciprocidade já a partir de 1º de agosto”, disse. “O Brasil não quer folgar com ninguém. Se ele [Trump] permanecer brincando de taxação, nós vamos chegar a milhões e milhões em taxação”, completou.

O presidente ainda afirmou que irá convocar uma reunião com empresários que exportam para os Estados Unidos para ouvi-los sobre a decisão. Lula disse que fará “o provável” para encontrar uma saída negociada, mas pediu, por outro lado, que os empresários locais sejam “aliados” do governo brasílio.

Um ponto, no entanto, deve ser evidenciado, apesar da intenção de negociar, Lula admitiu que o Itamaraty ainda irá calcular a urgência de convocar a embaixadora brasileira em Washington para retornar o país. A ação representaria, na linguagem diplomática, um rompimento das relações entre dois países. “Aí é um problema que o Itamaraty vai ter que tomar essas decisões. Eu acho que era importante invocar a embaixadora para tomar informações, mas é um problema que depende da decisão do Itamaraty. Eu acho que o ministro Mauro Vieira saberá cuidar disso”, disse.

Os sinais de uma procura por alternativas podem acalmar o mercado hoje. Ainda assim, o dia promete fortes movimentações.

Além do tarifaço, o mercado volta a monitorar dados importantes. O Instituto Brasílico de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou às 9h os dados oficiais na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) referente a maio.

O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,1%, inferior das expectativas do mercado. A mediana de 20 estimativas coletadas pelo Valor Data apontava para uma subida de 0,2%. O pausa das projeções variava entre queda de 0,1% e subida de 0,9%.

Na conferência com maio do ano pretérito, o prolongamento foi de 3,6%, maior do que a mediana das 20 estimativas, que apontava um prolongamento de 3,4%, com o pausa das projeções variando entre 1,3% e subida de 3,9%.

Apesar de parecer contraditório, a desaceleração do setor mostra uma atividade menos aquecida, o que pode ser um sinal de que as pressões inflacionárias estão diminuindo.