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O que é o Brics e qual o objetivo?

O que é o Brics e qual o objetivo?

O que é o Brics e qual o objetivo?

O que é o Brics e qual o objetivo?

O Brics é um organização de cooperação formado por onze países. Foi fundado com somente quatro, Brasil, Russia, China e Índia. Em 2011, a África do Sul foi incluída. Desde logo, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã também integraram o conjunto.

De contrato com as declarações oficiais, ele é uma pronunciação político-diplomática de países do Sul Global. Mas, desde que países relevantes do grupo tornaram-se rivais dos Estados Unidos no tabuleiro geopolítico global, sua preço só cresceu. Hoje, ele tem um banco próprio, reúne 39% do PIB global (em paridade de poder de compra), e virou o principal espaço de promoção da “desdolarização” da economia mundial.

Quando o economista-chefe de um dos maiores bancos do mundo pôs lado a lado Brasil, Rússia, Índia e China, ao redigir um relatório sobre o protagonismo que os países emergentes assumiriam no início deste século, seria audacioso sugerir que ele se tornaria um dos principais grupos geopolíticos da atualidade. Mas foi exatamente isso o que aconteceu.

Jim O’Neil trabalhava para o Goldman Sachs quando, em 2001, escreveu o cláusula “Building Better Global Economic BRICs”. Em tom profético, escreveu que os mercados emergentes cresceriam mais que o G7 na primeira dezena do século – eles já representavam, logo, 23% da produção global (em paridade de poder de compra). Mas sua peroração era comedida: “fóruns globais deveriam se reorganizar e, em pessoal, o G7 deveria se ajustar para incorporar representantes dos Bric”.

Cinco anos depois, em paralelo à Reunião-Universal das Nações Unidas de 2006, em Novidade Iorque, os ministros de relações exteriores dos quatro países se reuniram e deram o pontapé no que viria a se tornar os Brics.

Porém, foi sobretudo a crise financeira de 2008 que “empurrou” o conjunto a uma primeira reunião entre chefes de estado e a formulação de uma agenda geral, explica Ana Garcia, professora de relações internacionais da Universidade Federalista Rústico do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pesquisadora associada do BRICS Policy Center.

“A crise empurra esses países para uma agenda reformista, de interrogar a reforma da arquitetura financeira internacional, com foco no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, ou seja, as instituições de Bretton Woods, na teoria de que essas instituições não representam a distribuição de capacidades econômicas internacionais atual”, diz Garcia.

Essa agenda prevalece até 2014, ano que marca uma “inflexão” para os Brics, de contrato com a pesquisadora. A partir de logo, o grupo torna-se, de vestuário, uma coligação de peso geopolítico. Dois acontecimentos dividem essa trajetória, diz Garcia: a ocupação da Criméia pela Rússia, com as sanções internacionais subsequentes — uma vez que a expulsão do G8, que volta a ser G7 –, e a assinatura do tratado para geração do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), espargido uma vez que Banco dos Brics.

O Brics é um conjunto “anti-ocidental”?

Nesse novo cenário, as disputas geopolíticas se acirraram ao passo que o Brics reúne alguns dos principais adversários da predominância norte-americana, sobretudo China e Rússia. Para a professora da UFRRJ, é a disputa tecnológica o paisagem mais reptante deste período, com a geração de barreiras de ingresso de empresas de tecnologia chinesas nos Estados Unidos, uma vez que com o veto à operação da Huawei no primeiro, e na Europa.

Mas, ao passo que conflitos comerciais, tecnológicos e militares se disseminaram, a preço dos Brics só cresceu.

Isso não significa que o conjunto tenha se tornado uma selecção aos demais organismos multilaterais. “O intensidade de institucionalização do Brics é pouco relevante. A única instituição que efetivamente funciona é o NDB. Havia expectativa de prosseguir mais nesse sentido na última cúpula [no Rio de Janeiro]”, afirma Garcia.

O que mais avançou, além do banco dos Brics, foram as iniciativas extra governamentais, explica a pesquisadora. O segmento da sociedade social do grupo conta com diversos conselhos, uma vez que de mulheres, cidades, sindicatos, juventudes, ministérios públicos, entre outros. Aquele que se consolidou uma vez que espaço de tomada de decisão foi o Parecer Empresarial dos Brics (Cebrics), formado por 45 executivos e lideranças empresariais dos países membros.

Por que o presidente da China, Xi Jinpin, não foi ao encontro do Brics?

Ana Garcia fez viagem recentemente ao país asiático e buscou resposta à pergunta que motivou comentários sobre “esgotamento” da liderança brasileira no Brics: o vestuário que Xi Jinping, presidente da China, não compareceu ao evento no Rio de Janeiro. Na sua visão, a China é o país líder do conjunto, mas, para eles, o Brics “é só mais um”.

“Dentro do grande busto da política externa chinesa, que é uma política externa expansionista, ele é mais um dos fóruns multilaterais onde a China consegue ter um domínio maior sem ter que negociar com o oeste, principalmente com os Estados Unidos”, comenta. Há também o Belt and Road Initiative, o China Africa Corporation Fórum, entre outros.

A intervalo da liderança chinesa evidencia o que é um dos traços mais preocupantes do Brics no momento, na visão da pesquisadora: a desigualdade entre os países membros. “A China funciona uma vez que esse epicentro. Os outros países exportam commodities primárias, uma vez que óleo cru, minerais, soja, e importam [da China] produtos com eminente valor tecnológico. É uma vez que na tradicional subdivisão internacional do trabalho [entre países ricos e pobres]”, diz Garcia.

Com a inclusão dos novos membros, que incluem países produtores de petróleo, a pesquisadora prevê que essa sujeição econômica entre os países do Brics se fortaleça. Ou seja, em incoerência com o oração de fortalecimento do “Sul Global”, que apregoa o Brics.

“Agora, a China é astuta e já está percebendo que no médio e longo prazo essa subdivisão de trabalho, entre meio e periferia, pode vir a ser um problema”, comenta Garcia, que prevê que o país asiático assumirá o papel de liderança global no horizonte, ainda que isso demore a sobrevir.

“Ela já está se voltando para o problema da industrialização no Sul Global. Cabe a nós impormos condições à China, por exemplo, na superfície de tecnologia, de pesquisa e desenvolvimento conjunto, para começarmos a desenvolver tecnologias próprias e não somente recebê-las de fora, sem qualquer tipo de transferência”, conclui a pesquisadora que integra o Brics Policy Center.

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Autoridades dos países-membros e convidados do BRICS durante foto solene, no Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) — Foto: Tomaz Silva/Filial Brasil

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