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Nos corredores do mercado financeiro

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Nos corredores do mercado financeiro

Os últimos meses foram muito intensos em eventos no mercado de investimentos. O primeiro semestre se encerra com a Expert XP, feira de grandes proporções, tida uma vez que a maior do mundo no tema.

Soa estranho ainda aos ouvidos dos brasileiros eventos desta proporção sobre produtos financeiros. Por fim, historicamente, as grandes feiras que estamos acostumados a ver vão de carros, livros a arte. Não sobre “moeda”.

Expandindo um pouco a estudo, nos últimos meses participei de eventos uma vez que a Febraban Tech (tecnologia bancária) e feiras e eventos de startups, inovação, empreendedorismo e venture capital (investimento em pequenas empresas). E também de diversos congressos de outras instituições do mercado financeiro e entidades, que buscam cada vez mais focar não só em seus profissionais, mas nos investidores.

Um primeiro ponto a primar é o quanto surpreende a quantidade e o tamanho que esses eventos têm ocupado, atraindo pessoas do Brasil e do mundo.

Eles mostram a vibração e pujança dos setores ligados ao mercado financeiro, de capitais e investimento, e uma saudável dinâmica mercantil e de inovação. Porquê diria Chacrinha, o Velho Guerreiro: “Quem não se comunica, se trumbica”.

O que se faz em feiras do mercado financeiro em universal? Eu levo meu cartão do banco e saio investindo a cada estande que encontro? Vou lá para furar conta? Ou são ambientes somente para profissionais que trabalham nesses setores?

Zero disso. Eventos são para despertar tendências, vender, aprender e fazer negócios.

Tenho notado neles uma multiplicidade cada vez maior de perfis, menos circunscrita somente a profissionais setoriais.

Em eventos, uma coisa importante é transitar em corredores, ouvir debates e ter insights a partir dessas interações. Os negócios se fazem antes, durante e depois disso. Surgem ideias e reflexões, você “enxerga” melhor as coisas.

E, supra de tudo, se capta o “mood” (sentimento) setorial em coisas simples uma vez que o comportamento das pessoas, temas e sutilezas.

É muito mais do que ir para ver palestra, lucrar brinde e encontrar pessoas. É assimilar percepções, e isso pode ser bom para você, investidor.

E o que pude perceber nestes eventos em 2025? Não vou falar cá de palestras, mas dos corredores.

No caso da Expert XP, minha grande surpresa foi notar a discussão dos modelos de negócio mais presente. Sejam assessores de investimento falando muito em conflitos de interesse e modelos de remuneração com taxas fixas, e a própria XP inaugurando seu negócio de consultoria de investimentos.

Tudo isso parece muito novo ainda, mas estou ansioso para ver uma vez que esses modelos mais fiduciários se desenrolam nos próximos anos.

Já escrevi diversas colunas sobre isso, não vou aprofundar cá o debate, mas vale vocês lerem a saudação. Busque na minha página do Valor Investe.

Outro ponto interessante foram os perfis das gestoras de recursos no evento. Vai se consolidando a presença dominante de casas grandes de multiprodutos, com o DNA em fundos estruturados (FIDCs, imobiliários, infraestrutura, crédito em universal). Quem diria… há muitos anos, que gestores que começaram em renda fixa iriam se singularizar tanto em diversos produtos estruturados?

Há murado de 10 anos, o “porvir” parecia ser dos “geradores de alpha”, das casas de multimercado e fundos de ações que antecipavam movimentos dos diversos ativos do mercado.

Agora são muito mais casas de teses específicas, obviamente mais ligadas à renda fixa e temas derivados de financiamento e estruturação, uma vez que crédito, infraestrutura, FIDCs e suas vertentes no agro e imobiliário.

E, talvez consequência do maduração do investidor e do uniforme “risco Brasil”, as opções de diversificação internacional também se notabilizam.

Maior variação de produtos e gestores mais “enxutos” do que no pretérito. Edições anteriores pareciam mais uma “feira de gestores”, agora o evento é mais de gestores, produtos, bancos, ferramentas, soluções etc.

Nos corredores, a sensação foi de um público profissional mais qualificado e seco. Talvez esteja ocorrendo um processo gradual de propagação com maior “seleção proveniente” dos profissionais que irão atingir o sucesso.

Investidor, será que você vai também perceber esse movimento em quem te procura para investir?

E tudo isso não denota tempos mais difíceis, o que poderia se imaginar com juros no patamar de 15%, pois a engenhosidade do setor financeiro sempre se mostra pronunciada na geração de produtos financeiros, e a dinâmica sempre é de franco propagação.

O setor de assessoria sofre ajustes saudáveis do padrão de negócios, as consultorias vêm crescendo com vigor e o número de gestoras — mesmo em um envolvente de consolidação — apresenta propagação no número de players (mesmo que a taxas menores).

Tem sempre alguém empreendendo e criando um pouco inovador. E talvez sejam tempos um pouco mais sóbrios. E isso é muito bom.

Pude perceber coisas interessantes também nos corredores da maior feira de tecnologia do mercado financeiro, a Febraban Tech, no primeiro semestre. Uma delas foi a presença mais “normal” e consolidada de empresas ligadas ao mercado de criptomoedas, tokenização e serviços associados. O setor está muito mais integrado ao mercado financeiro tradicional.

Obviamente que o “hype” da Lucidez Sintético estava muito presente também, mas ainda sem mostrar produtos tão poderosos uma vez que deveremos ver nos próximos anos.

Andei também em eventos do setor de inovação e startups. E, se neles os juros de 15% ao ano do Brasil fazem um visível estrago, eles também eliminam os excessos e abrem espaço para os mais resilientes.

Porque, mesmo nestas condições duras, o brasílico tem percebido que uma selecção importante a ser um funcionário CLT é dar tudo de si para fabricar seu próprio negócio, botando suas ideias, seu trabalho e pegando moeda emprestado de investidores para isso. E os empreendedores são notáveis em fazer das tripas coração para fabricar soluções eficientes, já que precisam crescer muito rápido para prometer seu sustento.

E você pode lucrar moeda com isso, já que vêm surgindo opções de investimento no mercado de startups, e se discute até o entrada de investidores de varejo a Fundos de Investimento em Participações (fundos de Private Equity, que investem em empresas de porte que não estão ainda listadas na Bolsa).

Mas não vá a esses eventos pensando em ouvir palestras de economistas e analistas falando se a bolsa, os juros e o dólar vão subir ou desabar. Não se trata disso. Isso você tem entrada no seu computador e celular, aos montes.

Nesses corredores de eventos, você vai sempre aprender muita coisa e saber gente interessante e, supra de tudo, conquistar percepções e tendências.

Sugiro você ir, mesmo se estiver sem moeda para investir.

José Brazuna é sócio da Iaas!

O e-mail do José Brazuna é: jbrazuna@iaasbr.com

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José Brazuna — Foto: Arte sobre foto Divulgação

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