FIDCs rendem muito mais que o CDI, mas são para você?
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Com rentabilidade que chega a inflectir o CDI, os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) vêm despertando o interesse dos investidores de varejo em procura de ganhos mais robustos na renda fixa. Mas, apesar do potencial de retorno proeminente, esse tipo de fundo carrega um risco de crédito que exige cautela e conhecimento, o que faz com que ele não seja adequado a todos os perfis.
Nos últimos 12 meses até agosto, as cotas seniores, que têm prioridade no recebimento de rendimentos, dos FIDCs de recebíveis comerciais registraram rentabilidade média de 18,9%, enquanto as cotas subordinadas, mais arriscadas, renderam 34,3%, segundo dados da Liberum Ratings, dependência especializada em estudo de risco. No mesmo período, o CDI reunido foi de 13,7%.
O estudo considerou o retorno de 105 FIDCs de recebíveis comerciais com proporção de investimento, ou seja, que passaram por avaliação da qualidade da carteira de crédito do fundo.
Uma vez que a rentabilidade das cotas seniores é prefixada (o investidor sabe de quanto vai ser o retorno no momento da emprego), foi considerada a remuneração de CDI + 4% ao ano no levantamento.
É importante ressaltar que esse retorno é uma média dos 105 FIDCs analisados, o que significa que pode ter alguma dissipação entre os fundos que remuneram mais e menos.
No reunido de 2025 até agosto, o desempenho também impressiona: as cotas subordinadas avançaram 19,9%, e as seniores 11,9%, na presença de 8,9% do CDI.
O levantamento também mostrou que houve um aumento do percentual de créditos vencidos sem provisão para devedores duvidosos (PDD) até agosto. Esse PDD zero mais é que um ajuste contábil feito para revestir eventuais perdas devido à inadimplência de crédito em um FIDC.
Isso significa que a parcela de crédito inadimplente aumentou do início do ano para cá, mas os FIDCs ainda não reconheceram a perda – seja porque o fundo ainda acredita que vai receber o valor, ou porque o delongado está dentro de uma fita considerada tolerável, ou até mesmo por alguma razão específica do regulamento do fundo.
Entre os 105 FIDCs de recebíveis comerciais considerados no levantamento, o percentual de créditos vencidos sem provisão teve ligeiro aumento ao longo do primeiro semestre, passando de 1,07% em janeiro para 1,21% em agosto, o que indica, em alguma medida, um risco um pouco maior de inadimplência.
Ainda conforme os dados da dependência, os créditos vencidos há mais de 30 e 60 dias foram os que mais cresceram no período.
Em universal, as faixas de delongado ajudam a mensurar a sisudez da inadimplência. Quanto maior o número de dias de delongado, maior tende a ser o risco de não pagamento e, portanto, mais preocupante é a pouquidade de provisão (PDD).
Os retornos polpudos realçam aos olhos, mas é preciso ter os pés muito firmes no soalho, enfim, os FIDCs eram restritos aos investidores qualificados até pouco tempo detrás não à toa. Trocando em miúdos: todo lucro exponencial vem escoltado de risco.
“Com os juros altos, muitos investidores sacaram numerário de ações e multimercado para investir na renda fixa, principalmente em crédito privado. Portanto existe esse movimento de transmigração de pessoas querendo aproveitar o ‘boom’ dos títulos, mas não necessariamente têm experiência para fazer isso sozinha”, destaca Delano Macêdo, sócio e diretor responsável pela dimensão de crédito da Solis Investimentos.
O principal risco dos FIDCs é o de crédito, ou seja, a possibilidade dos devedores (geralmente empresas) não pagarem suas obrigações. Em caso de crédito inadimplente, a rentabilidade do fundo pode diminuir, sobretudo a das cotas subordinadas, que assumem as perdas primeiro.
Justamente por isso, Delano afirma que ficou mais seletivo diante do ciclo de subida da Selic e do consequente aumento na demanda por renda fixa. A Solis atualmente só capta recursos para investir em cotas seniores, que via de regra são protegidas pelas cotas subordinadas em caso de inadimplência.
“Uma vez que a inadimplência costuma aumentar em cenários de juros elevados, os FIDCs adotaram uma postura mais conservadora: eles aumentaram a parcela disponível no caixa para esperar uma oportunidade realmente adequada para comprar novos papéis e, assim, evitar eventuais problemas de crédito”, explica o técnico.
Outro risco que deve ser considerado pelo pequeno investidor é o de liquidez. Isso porque as cotas dos FIDCs não são negociadas com a mesma facilidade que as ações de empresas, por exemplo.
Esses fundos têm menor liquidez no mercado secundário (onde ocorre a compra e venda direta entre investidores), o que pode ser um problema para quem precisar ter aproximação ao numerário aplicado de forma rápida.
Uma vez que a venda no mercado secundário é limitada, o investidor que quiser se desfazer do FIDC pode ter dificuldade para encontrar compradores.
Além dos fatores crédito e liquidez, ao investir em um FIDC o investidor também fica suscetível ao risco de gestão. Esses fundos possuem uma estrutura bastante complexa, logo qualquer erro da gestão pode comprometer não só a carteira de crédito do fundo, porquê a cobrança dos valores e o controle de garantias, o que pode impactar diretamente a rentabilidade do FIDC.
Aos que ainda não estão familiarizados com os FIDCs, esses fundos investem em direitos creditórios, ou seja, créditos a receber por secção das empresas – porquê cheques, duplicatas, contratos de prestação de serviços ou financiamentos.
Na prática, os FIDCs compram dívidas que empresas, geralmente comerciais, industriais, imobiliárias e financeiras, têm a receber e transformam esses créditos em ativos financeiros.
Basicamente, os fundos antecipam esses valores e, em troca, lucram com os juros cobrados nas operações. É daí, inclusive, que vem a rentabilidade paga aos investidores.
Os FIDCs vêm, desde o ano pretérito, conquistando seu espaço no mercado de capitais. Para as empresas, sobretudo aquelas que precisam de capital de giro, esses fundos são uma opção para conseguir recursos de forma mais rápida, sem que seja necessário recorrer aos trâmites dos tradicionais empréstimos bancários.
Até recentemente, em 2023, somente os investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão, podiam investir em FIDCs. Mas a Solução 175, da Percentagem de Valores Mobiliários (CVM), que entrou em vigor em outubro daquele ano, permitiu o aproximação de pequenos investidores aos FIDCs, desde que esses fundos se adaptem a algumas regras:
- Dada a complicação e os riscos envolvidos neste tipo de investimento, os FIDCs abertos para o varejo precisam ter nota de crédito (rating), ou seja, uma dependência classificadora de risco deve escoltar e calcular as operações de crédito desses fundos;
- Esses FIDCs também só podem comprar direitos creditórios de serviços ou produtos já entregues (ativos “performados”), o que torna a estruturação mais difícil, já que a oferta desse tipo de crédito é pequena no mercado;
- Outra requisito é o aproximação somente às cotas seniores pelos investidores pessoas físicas. Essas cotas têm preferência no recebimento dos rendimentos e são protegidas pelas cotas subordinadas, que são as primeiras a sofrerem prejuízos em caso de inadimplência na carteira de créditos.
- De forma bastante resumida, as cotas seniores, justamente pelas características citadas supra, oferecem um risco grave e, consequentemente, uma rentabilidade também menor;
- As cotas subordinadas, por outro lado, são mais arriscadas, visto que funcionam porquê colchão de proteção para as cotas seniores, e oferecem um retorno maior.
Para mitigar os riscos ao investir em um FIDC, o primeiro passo do pequeno investidor deve ser verificar a nota de crédito (rating) do fundo, atribuída por agências especializadas que avaliam o risco de crédito e a qualidade da carteira de ativos.
Outro ponto que deve ser estimado pelo investidor – e esse vale para qualquer tipo de investimento – diz saudação ao nível de diversificação da carteira.
Em universal, fundos muito concentrados em poucos devedores são mais arriscados. Um único caso de inadimplência pode provocar um impacto desproporcional no desempenho do FIDC, visto que a falta de pagamento de somente um tomador já compromete uma fatia relevante da carteira.
Além da nota de crédito e da diversificação, o pequeno investidor deve procurar saber sobre o trabalho do gestor e do gestor do fundo, buscando sempre instituições e profissionais com longa experiência e histórico sólido no mercado de FIDCs.
Seguir os informes periódicos desses fundos também pode ser um caminho para entender a dinâmica de inadimplência da carteira, muito porquê de provisionamento e de rentabilidade.
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