'Apagão' nos EUA e risco de bolha da IA elevam cautela com ações no exterior em novembro

Cada vez mais vozes do mercado financeiro fazem coro aos alertas para os riscos de se continuar investindo em grandes empresas de tecnologia nos EUA.

• O tom de cautela é mais grave para aquelas ligadas às teses de IA, cujos preços das ações vêm subindo em trajetória meteórica, acompanhando as projeções de prolongamento desses negócios. Só que, com a desaceleração das economias ao volta do mundo, o mercado pode ter exagerado nas expectativas para o setor – o que não seria zero inédito.

Neste sentido, o BTG alerta neste mês para o traje de o índice S&P 500, que reúne as maiores empresas das bolsas americanas, estar sendo negociado a preços 30% a 35% supra de sua média histórica de lucros.

Levante cenário até pode estar em xeque, mas gigantes não caem da noite para o dia.

As carteiras de alocações no exterior consultadas pelo Valor Investe (Ágora, BTG, Empiricus, Santander e XP) seguem dominadas pelas grandes empresas de tecnologia: Amazon, Nvidia, Microsoft e Meta lideram, nesta ordem, as indicações de alocações em ações estrangeiras para o mês de novembro.

Embora com o mesmo número de recomendações na verificação com outubro, os pesos Nvidia e Meta (justamente as mais expostas à tese de IA) aumentaram. Já as alocações em Microsoft e Amazon se mantiveram praticamente estáveis do último mês para leste.

Desta perspectiva, pode parecer que o mercado lugar ignora a supervalorização das gigantes ou a verosímil mudança de narrativa nas bolsas. Mas os relatórios mostram que suas apostas ganharam um perímetro mais cordato (e por vezes até mais pessimista) na evolução do cenário de outubro para novembro.

Só que, em vez de se debaterem com as hipóteses que tomam Wall Street, os analistas brasileiros focaram em eventos mais concretos: os sinais nos balanços durante a temporada de resultados do terceiro trimestre.

E aí essa veras se contrapõe à narrativa de que a “bolha da IA pode estourar” – e até mesmo que exista uma bolha ligada a esse setor.

Insistência estratégica, mudanças táticas

Por mais um período, as companhias ligadas às teses de IA foram as salvadoras das bolsas de Novidade York. Os analistas Bruno Henriques e Arthur Mota, do BTG, destacam que a tecnologia é o catalisador do ciclo, porém agora levam as big techs a um protótipo mais focado em ativos físicos.

A potente demanda por serviços em nuvem indica aumento dos investimentos em data centers, o que motivou apostas táticas na enxovia de suprimentos.

Mesmo fazendo a resguardo de sua estratégia, em universal, as carteiras adotaram mudanças táticas, em reconhecimento ao novo cenário.

• A XP incluiu em sua carteira a TSMC, obreiro de semicondutores de Taiwan, chamando-a de “uma das principais companhias da enxovia de lucidez sintético, com riscos menores”.
• Já a Empiricus trocou a ação do Alibaba pela Baidu por confiar que a empresa tem “maior potencial de retorno no limitado e médio prazo dentro do atual ciclo de inovação em lucidez sintético” na China.
• Outra inclusão da Empiricus no portfólio focado em tecnologia neste mês foi a Oracle. A mudança tática tem o objetivo de tomar a “potente demanda por soluções de nuvem e infraestrutura voltadas à IA”, segundo a lar.

O relatório do BTG reconhece uma procura por redução de risco na carteira para privilegiar teses com – o que os analistas do banco consideram – um melhor estabilidade entre risco e retorno.

Neste sentido, mencionam a inclusão da Berkshire na carteira de novembro, o que “reduz parcialmente a concentração em IA em seguida a potente subida de big techs e small caps [empresas de baixa capitalização na bolsa] em 2025, adicionando um nome defensivo, com caixa firme e alocação disciplinada de capital”. Na avaliação dos analistas, a ação tem performado aquém do S&P 500 em 11%, abrindo um bom ponto de ingresso.

Outro nome adicionado à carteira do banco foi a Netflix com o barateamento da ação engatilhado por um evento tributário (que os analistas destacam ser pontual). Com uma tese de investimento menos correlacionada com o universo de IA, a queda de aproximadamente 10% do papel teria tornado o ativo mais simpático, já que a empresa “apresenta fundamentos sólidos e graduação global em streaming.”

Deram lugar aos novos nomes da carteira do BTG a ServiceNow e a United Rentals. A primeira cede espaço para suas concorrentes que lideram a corrida da IA, nas quais a equipe do banco prefere se concentrar; já a segunda sai do portfólio de novembro pelos resultados frustrantes do terceiro trimestre.

A identificação de oportunidade de compra diante de preços mais atrativos foi o que também levou o Santander a aumentar sua posição na Meta, dona do Instagram e Facebook, neste mês.

O banco avalia que a queda recente, causada por uma provisão de impostos diferidos – assim porquê no caso da Netflix-, foi “exagerada” e abre espaço para recuperação. A Meta também foi uma das ações que mais ganhou peso nas recomendações agregadas.