Pensando em investir o décimo terceiro salário? Veja dicas de especialistas
Se você não precisar de todo o valor para remunerar dívidas ou despesas imediatas, o 13º pode ser uma boa oportunidade para organizar a vida financeira e dar um passo além nos investimentos. Os juros seguem em dois dígitos e o Boletim Focus projeta a Selic em 12,5% em 2026, em um cenário de aperto monetário que ainda favorece a renda fixa.
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Pensando nisso, a gente preparou uma material que mostra, em etapas, porquê usar o décimo terceiro: primeiro para montar a suplente de emergência, depois para blindar as contas de início de 2026 e, só portanto, para investir em produtos de prazo maior, da renda fixa à renda variável. Para montar esse roteiro, a reportagem ouviu a planejadora financeira pessoal Nayra Sombra, CFP pela Planejar e assessora de investimentos na GWM Investments, e Holger Breh, sócio-fundador da Logus Capital e consultor financeiro.
Suplente de emergência vem antes do investimento
A primeira lanço, segundo Nayra, não é escolher resultado, mas erigir proteção. “O primeiro passo, se a pessoa ainda não tem, é montar uma suplente de emergência”, diz. A teoria é que esse numerário cubra imprevistos do dia a dia e períodos de aperto, sem urgência de recorrer a crédito dispendioso. Para um trabalhador CLT, ela recomenda zelar pelo menos seis meses de despesas fixas; para autônomos, que têm renda mais instável, a meta sobe para doze meses.
Esse colchão, reforça a planejadora, não deveria permanecer na poupança. A suplente precisa estar em aplicações com resgate rápido, em que o numerário caia na conta em um ou dois dias, e ao mesmo tempo ofereça rendimento capaz de proteger o poder de compra. “Hoje a poupança não consegue desancar a inflação”, lembra. Entre as alternativas para quem deseja gerar uma suplente, ela cita CDBs com liquidez diária que paguem em torno de 100% do CDI, Tesouro Selic e fundos DI simples, que investem basicamente em títulos públicos e evitam o crédito privado mais perigoso.
Holger faz a mesma salvaguarda para quem está no limite do orçamento ou sabe que vai usar o numerário logo. Se o décimo terceiro será necessário, seja para despesas de início de ano, seja para emergências de limitado prazo, a recomendação é a mesma: não decorrer risco desnecessário.
Blindar o primórdio de 2026
Superada a lanço da suplente, o foco passa para as despesas sazonais. Nayra destaca que o décimo terceiro também precisa “blindar” o início de 2026. IPVA, IPTU, matrícula, material escolar e outras contas concentradas em janeiro e fevereiro costumam pegar de surpresa quem gastou todo o numerário entre Natal e Ano Novo. “O ideal é separar um percentual para essas despesas grandes de primórdio de ano”, afirma.
Sempre que houver desconto para pagamento à vista, direcionar o décimo terceiro para antecipar essas contas tende a ser vantajoso. Quando não há desconto, a orientação da planejadora é parcelar no sumo de vezes em que o montante caiba dentro do orçamento, em vez de concentrar todos os boletos em um único mês.
Na prática, ela organiza o uso do décimo terceiro em “caixinhas”: suplente de emergência, despesas de primórdio de ano, bem-estar e lazer da família (ceia de Natal, presentes, viagem de Ano Novo) e desenvolvimento pessoal. Só o que sobra depois dessas etapas vai para investimentos de prazo maior e ativos de risco, porquê ações negociadas em bolsa.
Depois do pico da Selic, só CDB já não basta
Uma vez cobertas as urgências e os compromissos imediatos, entra a discussão sobre porquê aproveitar o momento dos juros altos. Nos últimos anos de subida da Selic, o investidor que ficou exclusivamente em CDBs atrelados ao CDI não se saiu mal. Holger lembra que, com a taxa básica em dois dígitos e em movimento de subida até o patamar atual de 15%, gestores profissionais de multimercados e renda variável tiveram dificuldade de desancar o retorno de uma carteira simples em pós-fixados. “CDB a 100% do CDI foi o vencedor nos últimos três anos, mas agora isso está mudando”, afirma.
Na avaliação do consultor, a partir do momento em que a política monetária chega ao pico e entra em ciclo de queda de juros, porquê projetado para o ano que vem, o quadro muda. Nesse envolvente, ganham valimento títulos públicos atrelados à inflação, porquê o Tesouro IPCA+, e papéis prefixados de prazo mais longo, porquê o Tesouro Prefixado.
Holger considera “muito boas” as taxas reais (descontando a inflação) em torno de 7,6% a 8% ao ano em títulos indexados à inflação, remuneração que se soma ao IPCA do período. “Você ganha isso porquê renda real, mais a inflação. E, na verdade, pode lucrar ainda muito mais porque, porquê os juros estão caindo e a inflação está caindo, um título desses cá, eu chuto, vai render no ano que vem 25%”, diz.
Ele também vê oportunidade em prefixados na moradia de 13% ao ano para prazos maiores. Na visão de Breh, quem conseguir travar esses níveis por vários anos pode colher valorização suplementar se os juros continuarem recuando. “Se você consegue travar para os próximos anos, não precisa ser dez anos, mas oito anos, por exemplo, está garantindo uma taxa muito boa de 13,5%”, afirma.
Mas Holger reforça que outro tipo de avaliação precisa entrar em qualquer discussão sobre o direcção do décimo terceiro: a forma de investir o numerário depende do cenário, das limitações e do perfil de quem investe, não exclusivamente do indumentária de ser uma renda extra de termo de ano.
Por isso, ele faz uma saliência clara: quem vai precisar do recurso em breve, ou precisa de liquidez para situações imediatas, emergências ou dívidas de limitado prazo, deveria priorizar CDBs e outros títulos pós-fixados de liquidez diária antes de pensar em aplicações mais arriscadas, porque ainda pagam, nas palavras dele, “muito juros”.
Para os demais clientes conservadores e sem uma carteira grande o suficiente para “surfar” volatilidade, a renda fixa pós-fixada continua porquê base. “Continuar ‘sofrendo’ com 15% ao ano não mata ninguém, é uma coisa boa também”, diz, em tom de folgança, em referência à taxa básica de juros elevada. Ele ressalta que, mesmo com o início do ciclo de cortes em 2026, a renda fixa ainda tende a entregar bons resultados.
Nayra vai na mesma traço e labareda atenção para o timing. Na visão dela, a tendência da Selic no próximo ano é de queda. Por isso, impor ainda em dezembro em títulos prefixados permite manter por mais tempo as taxas atuais, em torno de 15% ao ano em alguns papéis. Uma secção pode ir para renda fixa indexada à inflação, que garante o IPCA do período mais uma taxa real, em torno de 5% a 7% da carteira do investidor.
Com juros altos, renda fixa segue protagonista
Mesmo olhando para essa viradela de ciclo, os dois especialistas veem a renda fixa porquê protagonista da carteira, principalmente para quem usa o décimo terceiro porquê ponto de partida para investir.
Para quem já tem qualquer conhecimento ou conta com a ajuda de um assessor, Nayra sugere olhar também para títulos isentos de Imposto de Renda. Na renda fixa, entram LCI e LCA. “Sempre que eu escolho um investimento isento, a minha rentabilidade tende a ser maior, porque é porquê se fosse 12,5% ao ano sem imposto de renda”, diz. Na parcela da carteira indexada à inflação, as opções são CRA, CRI e debêntures incentivadas. Ela ressalta, porém, que esses produtos têm mais risco de crédito e, por isso, não são a porta de ingressão ideal para quem está começando.
Holger concorda com a estratégia de variar dentro da própria renda fixa. Uma secção fica em pós-fixados, para liquidez, e outra em prefixados e papéis indexados à inflação com prazos mais longos. Ele lembra que, em 2025, a renda fixa prefixada já entregou um pouco porquê 16% a 18% em alguns produtos, supra de um CDB de 100% do CDI, que rendeu um pouco menos, em torno de 13,3% a 13,8% no aglomerado de 12 meses. “Se você tivesse estado nascente ano alocado na renda fixa prefixada, teria levado um lucro de 50% supra do que ganhou supondo 100% do CDI”, afirma.
Por isso, na visão dele, a renda fixa ainda vale muito a pena: com juros em queda, esses ativos prefixados comprados agora tendem a performar melhor do que um CDB de 100% do CDI no ano que vem.
Espaço para risco depende mais do perfil do que da Selic
A partir desse “piso” de proteção e renda fixa, entra a discussão sobre risco. A queda gradual dos juros abre espaço para ativos mais voláteis, mas, para Nayra, isso não significa largar a renda fixa. “Com a Selic em dois dígitos, supra de 10%, a renda fixa costuma ser um bom investimento. Mesmo para um perfil arrojado, ter uma secção em renda fixa é a base de segurança”, afirma. Investidores conservadores tendem a ter uma fatia maior da carteira nesses produtos. Perfis moderados e arrojados podem reduzir esse peso para incluir mais volatilidade.
Na lista de classes de ativos com potencial para os próximos meses, ela coloca ações, fundos imobiliários, um pouco de ouro para proteção da carteira e, em menor graduação, criptoativos. “A gente recomenda que essa secção de criptoativos seja de 1% a 5% do capital, no sumo, porque tem muita volatilidade e a gente não consegue ter previsibilidade para onde esse recurso está indo”, diz.
Sobre os multimercados, que misturam estratégias em juros, câmbio, bolsa e outros mercados, Nayra lembra que muitos fundos entregaram rentabilidade aquém da Selic nos últimos anos, o que deixou investidores mais desconfiados. “A tendência é que aumente a alocação em 2026, mas não tanto, porque muita gente perdeu numerário e saiu traumatizada”, avalia.
Holger endossa a cautela e faz um recorte específico para o décimo terceiro. Na opinião dele, esse numerário só deveria ir para bolsa, fundos imobiliários ou ativos mais voláteis se for de indumentária um valor muito grave, que não fará falta no limitado prazo. “Se eu enxergo meu décimo terceiro porquê uma coisa que eu não contava e não preciso, aí faz sentido ir para bolsa, renda fixa com mais vencimento e fundos imobiliários. O cenário atual é muito propício para lucrar numerário”, diz. Caso contrário, ele recomenda permanecer em produtos mais simples, mesmo que o retorno potencial seja menor, para evitar que uma queda pontual force o resgate com prejuízo.
Primeiros passos em ações e fundos imobiliários
Para quem determinar usar secção do décimo terceiro porquê porta de ingressão na bolsa, a recomendação de Nayra para os próximos meses é estrear simples. “As ações já estão com uma valorização boa, a bolsa também está positiva”, afirma. Em ações, ela orienta buscar empresas com histórico consistente de pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, informação disponível no site da B3. Em vez de concentrar tudo em uma única companhia, o ideal é montar uma pequena cesta com pelo menos cinco ações de setores diferentes, porquê bancos, elétricas e empresas de consumo.
Nos fundos imobiliários, a lógica é parecida com a das ações. A teoria é variar entre fundos de papel, que investem em títulos de crédito imobiliário, e fundos de tijolo, donos de galpões logísticos, prédios corporativos, shoppings e outros imóveis.
Um indicador importante, lembra Nayra, é o índice de vacância: quanto menor o percentual de imóveis desocupados, maior a chance de fluxo fixo de aluguéis e repasses mensais ao cotista. “Quando eu não estou alugando, eu não gero lucro, porque eu não estou recebendo aluguel, portanto eu não vou remunerar para o investidor final”, explica. Ela sugere buscar fundos com um pouco em torno de 80% a 90% das áreas alugadas, informação disponível em sites especializados.
No termo, o recado dos dois especialistas não é assestar o melhor ativo de 2026, e sim organizar prioridades. O décimo terceiro entra primeiro na suplente de emergência; depois, na blindagem das contas do início de 2026. Só o que realmente sobra segue para a renda fixa de prazo maior e, se fizer sentido para o perfil, para bolsa, fundos imobiliários e outros ativos de risco.
Para Holger, uma estratégia montada agora com essa lógica tende a continuar válida pelos próximos meses, já que a discussão no mercado deixou de ser se o Banco Médio vai voltar a trinchar os juros e passou a ser quando e em que ritmo isso vai intercorrer.
* Laren Aniceto é participante do Curso Valor de Jornalismo Econômico, sob supervisão da editora Daniele Camba
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