Banco Central explica por que a inflação de 2024 furou o teto da meta
A justificativa foi encaminhada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad Material em atualização
A inflação acumulada em 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), foi de 4,83%. Ou seja, não apenas ficou acima da meta de 3%. Superou até mesmo o teto de tolerância, de 4,5%. E como pede o protocolo nessas ocasiões, o Banco Central (BC) teve que explicar tim-tim por tim-tim por que falhou em seu objetivo – a despeito de a Selic ter fechado o ano nos 12,25% ao ano.
Entre os fatores principais de preocupação do BC, não é de hoje, estão a percepção de risco fiscal elevado e as dúvidas sobre a profundidade do ciclo de cortes de juros em curso nos Estados Unidos. Ambos os pontos têm sido recorrentes na retórica usada em comunicados oficiais.
Nas justificativas apresentadas hoje, a autoridade monetária pontuou que esses dois fatores foram as principais causas da valorização do dólar ante o real que, junto com o forte crescimento da economia e fatores climáticos, tiraram a inflação do rumo da meta.
O BC pontua que essa alta do dólar deve ser sentida ainda em 2025, com “efeitos diretos e indiretos”.
A carta de explicações foi a primeira missão (ingrata, cá entre nós) do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Embora há poucos dias no cargo, acaba de ter saído da diretoria de política monetária. Logo, o teto de inflação furado lhe diz respeito.
A justificativa foi encaminhada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conforme determinam as regras do regime de metas quando a inflação estoura o intervalo permitido.
A última vez que a inflação ficou fora do intervalo estabelecido foi em 2022, quando foi de 4,62%, ficando a cargo de Roberto Campos Neto, então presidente da autoridade monetária, apresentar as justificativos para Haddad.
No início da tarde, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, minimizou o estouro da meta de inflação e afirmou que é algo que deve se acomodar. Ele atribuiu os resultados a secas e enchentes que afetaram a produtividade do país.
Costa afirmou que as medidas fiscais anunciadas no fim do ano passado terão efeito em breve. “O conjunto de medidas fiscais votadas em dezembro vai dialogar e já está promovendo seus efeitos de reafirmar o absoluto compromisso fiscal do governo, trazendo de novo a inflação para dentro da meta e dentro dos limites previstos no conjunto da política econômica”, disse.
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