Ibovespa volta aos 118 mil com mau humor global e inflação acima da meta
Saldo do Dia: Bolsa brasileira acompanhou seus pares na Europa e nos Estados Unidos, que também reagiram à perspectiva de juros em níveis mais altos. Apesar da queda, índice subiu no acumulado da semana Não teve chance para a bolsa brasileira avançar diante de uma inflação oficial acima do teto da meta em 2024 e indícios de que os juros devem ficar mais altos nos Estados Unidos.
Nem mesmo a alta das ações da Vale e da Petrobras, que juntas correspondem a cerca de 25% da carteira teórica, bastou para salvar o índice do mau humor global que também engoliu as bolsas na Europa e em Nova York.
O Ibovespa encerrou o dia com queda 0,77%, aos 118.856 pontos. No mês e no ano, acumula queda de 1,19%. Na semana, a variação se manteve positiva em 0,27%.
O giro financeiro ficou em R$ 15,3 bilhões, pouco abaixo da média diária de R$ 16,4 bilhões nos últimos 12 meses.
Veja mais detalhes do pregão aqui.
Considerando que os juros altos são um mau sinal para a economia, os investidores preferiram a cautela diante de dados que indicam que as taxas devem se manter altas.
Tanto aqui como nos Estados Unidos os números apontam na direção. Um dos indicadores mais importante para o Banco Central dos EUA (Federal Reserve, ou Fed), o relatório de emprego payroll, aponta a criação de 256 mil novas vagas, quando o mercado estimava que seriam apenas 160 mil.
Mais vagas significam uma economia aquecida, um fator inflacionário que preocupa a autoridade monetária que tenta levar o índice de preços para a meta.
A pressão inflacionária já serve de alerta para que o Fed faça cortes mais tímidos nas taxas ou mesmo interrompa o ciclo antes do esperado.
“As apostas de queda nos juros americanos ainda são altas, mas caíram em relação há meses atrás. As apostas de queda estão numa curva descendente. Mas acredito que possivelmente os juros devem cair sim, só que o ritmo pode ser menor”, afirma
De acordo com o especialista, as dúvidas sobre o rumo da política monetária e a chegada do presidente eleito Donald Trump ao poder justificam a alta do dólar hoje.
“Com os juros talvez não caindo tanto lá fora, as taxas dos títulos públicos americanos ficam atrativas e os investidores tendem a colocar dinheiro nos EUA comprando dólar”, completa.
Depois de uma breve queda ontem, o dólar comercial voltou a subir, encerrando com alta de 1%, negociado a R$ 6,10. Na semana, acumula queda de 1,28%. Em janeiro, o recuo é de 1,26%.
Não bastasse os dados nos Estados Unidos, a inflação oficial no Brasil também veio forte. Em 2024, o IPCA ficou acima do teto da meta, que seria 4,5% no ano. Mas no acumulado dos últimos 12 meses, o índice marcou elevação de 4,83%.
Os juros futuros no Brasil estão em alta, influenciados pelo IPCA acima da meta e pelas preocupações fiscais. A valorização do dólar também contribui para essa elevação, já que a alta do câmbio pressiona a inflação, criando um efeito cascata onde um fator alimenta o outro.
A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,94% para 15,07% ao ano. Prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 15,13% para 15,35% ao ano.
Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,51% para 14,77%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.
Empresas
Com a disparada do petróleo, a Petrobras e as demais empresas do setor tiveram um dia de alta. A estatal, que acumula valorização de 25% (PETR3 ON) em 12 meses, teve um avanço mais tímido.
Mas tanto Prio como Brava subiram mais de 1,5% no dia. O minério de ferro também teve um reajuste para cima. O encarecimento da commodity sustentou avanço de empresas de mineração como a Vale e a CSN Mineração. Nem todas as ações metálicas, entretanto, conseguiram aproveitar o embalo positivo.
Initial plugin text
Mais Lidas
Mau humor
Getty Images



Publicar comentário