Disputa entre Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) abre placar para o Ibovespa nos 119 mil pontos

Saldo do Dia: A mineradora dominou o jogo de forças com a petroleira, mas o verdadeiro vitorioso foi o Ibovespa. Perspectivas de uma agenda tarifária mais branda nos Estados Unidos ajudaram a sustentar o apetite por risco aqui Dois titãs se enfrentaram no pregão desta terça (14) na bolsa brasileira. Petrobras e Vale adotaram direções distintas e provocaram volatilidade no Ibovespa.
As ações da petroleira e da mineradora correspondem a fatias de 13,25% e 11,35%, nesta ordem, na composição atual do índice.
Mas o verdadeiro vitorioso dessa disputa de hoje foi mesmo o Ibovespa. Com a Vale levando a melhor, o índice conseguiu sustentar o patamar atual da carteira.
O Ibovespa avançou 0,25% nesta sessão, abrindo o placar nos 119 mil pontos – precisamente, a 119.299 pontos. Mas, no mês, o índice acumula perda de 0,82%.
Na queda de braço das gigantes, Vale defendeu 0,66% de alta; enquanto as ações preferenciais (com preferência por dividendos e sem direito a voto em assembleias) da Petrobras recuaram 0,67%.
Os grandes bancos somaram forças com a Vale durante a tarde e, por algum momento, ajudaram o Ibovespa a abrir margem no placar positivo.
O alívio que a bolsa experimentou na parte da tarde é em grande parte atribuído às negociações dos futuros de juros. As taxas sentiram a descompressão do horizonte para os juros nos Estados Unidos (EUA) e embicaram, acompanhando o movimento dos títulos públicos americanos (Treasuries).
Mas sem direcionadores econômicos domésticos ou novidades sobre o quadro fiscal, a bolsa brasileira passou mais um dia à mercê do noticiário externo.
Por isso, esses pregões são como (pequenos) espasmos da bolsa: de efeitos breves e descontinuados, seguem descorrelacionados da narrativa mais abrangente.
Com isso, fora as movimentações nas gigantes, investidores pareceram pouco dispostos a mexer nas carteiras de ações hoje.
Negócio da China
Pelo terceiro pregão seguido, notícias da China impulsionaram o valor do minério de ferro.
Foi a (re)despertada esperança de a China anunciar estímulos à sua economia que tirou a Vale do marasmo.
A expectativa é que o aquecimento da economia da maior compradora de metais do mundo alavanque a demanda por aço (matéria-prima para a construção, feito a partir do minério de ferro).
O sentimento é apoiado, desta vez, por comentários recentes do Ministério do Comércio da China. A leitura que agentes do mercado financeiro fazem desses sinais é a de que o governo chinês deve promover mais um pacote de incentivos à sua economia.
Agora, que medidas serão adotadas? Com qual intuito? Não há respostas ainda.
Então o movimento deve ser visto com cautela.
Só no último ano, os estímulos anunciados pelo governo chinês frustraram não uma, nem duas, tampouco três vezes os investidores de commodities e empresas ligadas a elas.
Então o preço do minério de ferro segue trepidante. Assim como a Vale.
Nos últimos 12 meses, a ação da mineradora brasileira recuou 21,4%.
Para 2025, o cenário não é muito melhor. Embora também não seja pior.
A Vale deve seguir de lado na bolsa até que investidores tenham mais respostas sobre o que esperar da economia da China ou até que o ambiente para apostas nos ativos domésticos melhore.
O que vier antes. Seja lá quando for.
Sinais mistos
Depois de atingir o maior patamar em cinco meses, o petróleo deu um passo para trás. Ou melhor: os investidores recuaram.
Uma oportunidade de embolsar lucros não passará batido neste momento. Não enquanto sobram dúvidas sobre o governo do presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, que tomará posse na próxima segunda-feira.
Sob a queda de 1,35% no preço do barril de Brent (referência mundial) para março, a Petrobras recuou.
Pesam também contra a estatal questionamentos sobre se o governo vai bancar o reajuste de preços em meio à queda da sua popularidade.
Com a escalada do dólar e do petróleo, a defasagem da gasolina e do diesel chegou a 13% e 22%, respectivamente. É o maior patamar desde julho do ano passado.
Além disso, em fevereiro, a alíquota do ICMS subirá em todo o país, o que já deve encarecer o preço dos combustíveis.
Uma reportagem do jornal americano Washington Post iniciou uma série de apurações que confirmam um sinal: a equipe de Donald Trump está em um dilema sobre a agenda tarifária.
Alguns assessores políticos sugerem que as medidas priorizem a implementação gradual das novas tarifas sobre importações, outros, que se trabalhe com limites para essas alíquotas. Mas há aqueles que clamam pela declaração de uma emergência econômica nacional.
O embate entre as alas do governo republicano sobre como fazer valer as promessas de campanha do presidente eleito é suficiente para enfraquecer o dólar no exterior.
Por aqui, o dólar comercial recuou 0,85% e fechou o dia cotado a R$ 6,05. No acumulado do mês, cedeu 2,17% ante o real. Já o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas globais, recuou 0,3% nesta sessão.
Com a agenda protecionista possivelmente mais branda nos EUA, a escalada da inflação seria menor. Ou seja, menor também seria o obstáculo para o banco central americano (Fed, o Federal Reserve) seguir afrouxando os juros.
Restará ao Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) – o indicador mais esperado da semana e que sai amanhã – dizer se o Fed terá dias mais tranquilos à frente ou não.
O Índice de Preços ao Produtor americano (PPI, na sigla em inglês), divulgado hoje, pode ter sido uma prévia do principal indicador de inflação nos EUA.
Se foi mesmo um prelúdio do cenário inflacionário, a notícia é boa: o ritmo de aceleração dos preços pode estar abaixo do que se esperava.
Mas e se todos esses novos cenários não passarem de ilusão? Aí o tombo será feio.
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As ações da petroleira e da mineradora correspondem a fatias de 13,25% e 11,35%, nesta ordem, na composição atual do índice.
Mas o verdadeiro vitorioso dessa disputa de hoje foi mesmo o Ibovespa. Com a Vale levando a melhor, o índice conseguiu sustentar o patamar atual da carteira.
O Ibovespa avançou 0,25% nesta sessão, abrindo o placar nos 119 mil pontos – precisamente, a 119.299 pontos. Mas, no mês, o índice acumula perda de 0,82%.
Na queda de braço das gigantes, Vale defendeu 0,66% de alta; enquanto as ações preferenciais (com preferência por dividendos e sem direito a voto em assembleias) da Petrobras recuaram 0,67%.
Os grandes bancos somaram forças com a Vale durante a tarde e, por algum momento, ajudaram o Ibovespa a abrir margem no placar positivo.
O alívio que a bolsa experimentou na parte da tarde é em grande parte atribuído às negociações dos futuros de juros. As taxas sentiram a descompressão do horizonte para os juros nos Estados Unidos (EUA) e embicaram, acompanhando o movimento dos títulos públicos americanos (Treasuries).
Mas sem direcionadores econômicos domésticos ou novidades sobre o quadro fiscal, a bolsa brasileira passou mais um dia à mercê do noticiário externo.
Por isso, esses pregões são como (pequenos) espasmos da bolsa: de efeitos breves e descontinuados, seguem descorrelacionados da narrativa mais abrangente.
Com isso, fora as movimentações nas gigantes, investidores pareceram pouco dispostos a mexer nas carteiras de ações hoje.
Negócio da China
Pelo terceiro pregão seguido, notícias da China impulsionaram o valor do minério de ferro.
Foi a (re)despertada esperança de a China anunciar estímulos à sua economia que tirou a Vale do marasmo.
A expectativa é que o aquecimento da economia da maior compradora de metais do mundo alavanque a demanda por aço (matéria-prima para a construção, feito a partir do minério de ferro).
O sentimento é apoiado, desta vez, por comentários recentes do Ministério do Comércio da China. A leitura que agentes do mercado financeiro fazem desses sinais é a de que o governo chinês deve promover mais um pacote de incentivos à sua economia.
Agora, que medidas serão adotadas? Com qual intuito? Não há respostas ainda.
Então o movimento deve ser visto com cautela.
Só no último ano, os estímulos anunciados pelo governo chinês frustraram não uma, nem duas, tampouco três vezes os investidores de commodities e empresas ligadas a elas.
Então o preço do minério de ferro segue trepidante. Assim como a Vale.
Nos últimos 12 meses, a ação da mineradora brasileira recuou 21,4%.
Para 2025, o cenário não é muito melhor. Embora também não seja pior.
A Vale deve seguir de lado na bolsa até que investidores tenham mais respostas sobre o que esperar da economia da China ou até que o ambiente para apostas nos ativos domésticos melhore.
O que vier antes. Seja lá quando for.
Sinais mistos
Depois de atingir o maior patamar em cinco meses, o petróleo deu um passo para trás. Ou melhor: os investidores recuaram.
Uma oportunidade de embolsar lucros não passará batido neste momento. Não enquanto sobram dúvidas sobre o governo do presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, que tomará posse na próxima segunda-feira.
Sob a queda de 1,35% no preço do barril de Brent (referência mundial) para março, a Petrobras recuou.
Pesam também contra a estatal questionamentos sobre se o governo vai bancar o reajuste de preços em meio à queda da sua popularidade.
Com a escalada do dólar e do petróleo, a defasagem da gasolina e do diesel chegou a 13% e 22%, respectivamente. É o maior patamar desde julho do ano passado.
Além disso, em fevereiro, a alíquota do ICMS subirá em todo o país, o que já deve encarecer o preço dos combustíveis.
Uma reportagem do jornal americano Washington Post iniciou uma série de apurações que confirmam um sinal: a equipe de Donald Trump está em um dilema sobre a agenda tarifária.
Alguns assessores políticos sugerem que as medidas priorizem a implementação gradual das novas tarifas sobre importações, outros, que se trabalhe com limites para essas alíquotas. Mas há aqueles que clamam pela declaração de uma emergência econômica nacional.
O embate entre as alas do governo republicano sobre como fazer valer as promessas de campanha do presidente eleito é suficiente para enfraquecer o dólar no exterior.
Por aqui, o dólar comercial recuou 0,85% e fechou o dia cotado a R$ 6,05. No acumulado do mês, cedeu 2,17% ante o real. Já o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas globais, recuou 0,3% nesta sessão.
Com a agenda protecionista possivelmente mais branda nos EUA, a escalada da inflação seria menor. Ou seja, menor também seria o obstáculo para o banco central americano (Fed, o Federal Reserve) seguir afrouxando os juros.
Restará ao Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) – o indicador mais esperado da semana e que sai amanhã – dizer se o Fed terá dias mais tranquilos à frente ou não.
O Índice de Preços ao Produtor americano (PPI, na sigla em inglês), divulgado hoje, pode ter sido uma prévia do principal indicador de inflação nos EUA.
Se foi mesmo um prelúdio do cenário inflacionário, a notícia é boa: o ritmo de aceleração dos preços pode estar abaixo do que se esperava.
Mas e se todos esses novos cenários não passarem de ilusão? Aí o tombo será feio.
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