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Governo perde credibilidade e 67% acreditam que Pix terá imposto, aponta pesquisa

Governo perde credibilidade e 67% acreditam que Pix terá imposto, aponta pesquisa

Governo perde credibilidade e 67% acreditam que Pix terá imposto, aponta pesquisa

Governo perde credibilidade e 67% acreditam que Pix terá imposto, aponta pesquisa

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu credibilidade e errou no ‘timing’ político, no diagnóstico e na tática usada para anunciar — e depois, recuar — a norma da Receita Federal sobre monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta sexta-feira (17).

A proposta foi vista pela população como uma “taxação do Pix” e, mesmo depois de revogada, 67% acreditam que haverá cobrança de imposto nas transações, segundo o levantamento.

A ideia de “taxação” do Pix foi ruim para o governo, segundo registrou a pesquisa Quaest. O levantamento combinou dados de monitoramento de redes sociais e de pesquisas para mapear o debate sobre o Pix para responder qual é o saldo para o governo.

Segundo o governo, a ideia era a Receita Federal receber dados de transações das operadoras de cartão de crédito (carteiras digitais) e das fintechs para movimentações acumuladas acima de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas a partir de 1º de janeiro.

Diante de forte reação negativa, o governo revogou a norma e publicou uma medida provisória, com força de lei, que garante o as operações com pix não serão taxadas. A MP deixou de fora a atualização do monitoramento da Receita, que já recebe o mesmo tipo de informação dos bancos, sobre outras transações, como transferências bancárias.

O pesquisador Felipe Nunes, diretor da Quaest, diz que o governo demorou a compreender o que estava acontecendo e “entrou atrasado” no assunto, depois de uma série de “fake news” que circularam sobre a proposta.

A medida foi anunciada pelo Ministério da Fazenda, em setembro, e a gestão “teve tempo” para esclarecer a medida, mas o assunto ganhou uma narrativa negativa.

“Quando o assunto esquentou nas redes com o vídeo do senador Cleitinho (Republicanos-MG), no dia 6 de janeiro, já era tarde”, avaliou o pesquisador.

O vídeo teve 3,4 milhões de visualizações e foi o “gatilho” para a narrativa da oposição. A partir dali o assunto “ferveu”, segundo o pesquisador, e chegou, no dia dez, a produzir mais de 5 milhões de menções sobre o assunto. “Foi quando o governo foi lidar de forma protocolar com o assunto”, afirmou Nunes, em publicação na internet.

Pesquisa da Quaest sobre o embate mostrou que 88% das pessoas ficaram sabendo do assunto sobre mudanças no Pix e 87% ouviram falar que o governo planejava cobrar impostos. O governo, no entanto, tratou como se o problema fosse apenas a circulação de vídeos falsos. As “fake news” serviram de “gatilho” contrário à gestão federal, para reforçar uma crença de que haveria cobrança de imposto e que o governo não sabe o que está fazendo.

Duas medidas recentes anunciadas pelo governo Lula representam isso, segundo Nunes: a chamada “taxação das blusinhas” e o anúncio do pacote no corte de gastos. “Ambos sinalizam, de formas diferentes, que o governo não sabe o que está fazendo. É como se revelasse desconfiança. E o resultado acaba sendo mais desconfiança. Ou seja, a crise do governo hoje é de credibilidade”, disse Nunes.

O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), conseguiu difundir o assunto nas rede sociais. Mais de 22 milhões de perfis comentaram sobre a taxação do Pix em suas redes no dia 15 de janeiro, segundo levantamento da Quaest.

No total, mais de 5,5 milhões de perfis únicos comentaram sobre o assunto, fazendo com que o impacto chegasse a cerca de 152 milhões de perfis, afirmou o pesquisador.

Para dar uma dimensão do alcance, Nunes disse que o vídeo de Nikolas, com 291 milhões de ‘views’ no Instagram, foi mais visto do que o vídeo do jogador de futebol Messi na Copa de 2022 (206 milhões de visualizações), do que a gravação da atriz Fernanda Torres comemorando o recebimento de um Globo de Ouro (77 milhões de ‘views’ no Instagram) e do presidente americano Donald Trump celebrando a vitória na disputa presidencial em 2024 (57 milhões de visualizações).

Outro erro, avaliou Nunes, foi a revogação da medida, mostrando a “incapacidade” de o governo pautar politicamente um assunto e enfrentar uma forte reação social. “A revogação mostrou a fragilidade do governo”, disse o pesquisador. “Passou a impressão de que o governo estava errado e a oposição estava certa”. Com isso, gerou ainda mais reação negativa no debate nas redes sociais.

Segundo monitoramento da Quaest, até o dia 15, o governo tinha sido “derrotado” no debate sobre o tema numa proporção de 54% menções contra a gestão e 46% a favor. Depois do vídeo de Nikolas e da revogação da medida, a desvantagem do governo subiu e passou para 86% a 14%. A população entrou e saiu de debate desconfiada em relação à gestão Lula.

Mais da metade da população, segundo a pesquisa, acredita que o governo vai cobrar imposto sobre o Pix (67%), mesmo depois da revogação da proposta.

Ao avaliar o cenário futuro, o pesquisador disse que o grande desafio é o governo recuperar sua credibilidade e criar expectativas que serão cumpridas, além de falar para fora de sua base de apoio.

A pesquisa da Quaest coletou dados entre os dias 1 e 16, e ouviu 1.200 pessoas entre os dias 15 e 17 de janeiro.

gettyimages-82770170 Governo perde credibilidade e 67% acreditam que Pix terá imposto, aponta pesquisa
— Foto: Getty Images

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