Não invista seu numerário comigo
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2024/J/l/tg3rKHS4AkRcUOxSH8Cw/hugo.jpg?ssl=1)
Você pode e deve estar se perguntando: “Mas porquê pode um consultor de investimentos em sã consciência expor a seus potenciais clientes investidores para não investirem com ele?”. É isso mesmo que você leu. E o racional para isso é muito simples, fundamentado em uma termo de unicamente cinco letras: dogma.
Durante 28 anos de inserção do mercado financeiro, vi, trabalhei, convivi e aprendi muita coisa com excelentes profissionais. Mas também vi, trabalhei, convivi e aprendi muita coisa com péssimos profissionais. Sim! Aprendi, sim! Aprendi muito sobre o que não deveria fazer, porquê não agir e, principalmente, o que não falar.
Uma das principais coisas que aprendi foi não falar sobre um tanto que não conheço a fundo!
- Será que você, leitor deste cláusula, possivelmente uma pessoa letrada ou iniciada no campo das finanças, nunca se deparou com alguém tentando lhe oferecer, vender ou sugerir um resultado de investimento sobre o qual essa pessoa não tinha totalidade domínio?
- Quem cá nunca ficou na incerteza de uma explicação sobre uma oferta pública, sobre as características de um fundo ou mesmo de um ativo de renda fixa, e ainda assim investiu?
- Quem nunca fez uma pergunta ao seu gerente ou assessor de investimentos – de todos os níveis, do varejo ao ultra high nas principais instituições de private banking e wealth management – e percebeu que o mesmo profissional que tentava oferecer o resultado também tinha a sua incerteza? Ou, o que é pior, nem tinha parado para se questionar sobre o ponto que você levantava?
Bom, se você se identificou com alguma situação dessas, imagine quantas pessoas – principalmente o investidor médio, sem nenhuma obrigação de saber produtos financeiros – não passam por uma ou mais dessas situações hoje em dia, em um mundo marcado, entre outras coisas, pela proliferação dos influenciadores digitais de investimentos.
Atualmente, qualquer um fala sobre investimentos para obter ganhos comerciais. São pessoas que nunca trabalharam com isso, que nunca estudaram os assuntos com afinco ou que não entendem minimamente os cálculos, a lógica e as peculiaridades dos mais diferentes produtos.
Essas pessoas falam “para quem quiser aprender” a organizar suas finanças pessoais, fazer seus investimentos e, em alguns casos, dão até cursos, lançam livros e produzem vídeos sobre “porquê ser rico e milionário” a partir de técnicas milagrosas. No tocante a esse ponto, reafirmo um tanto que disse em uma entrevista há muitos anos: “Se existisse uma fórmula mágica para se permanecer rico que não fosse o trabalho difícil e resiliente, associado a decisões de investimentos robustas e fundamentadas, o responsável não estaria escrevendo livros para lucrar numerário”.
Esse tipo de problema também existe com os profissionais de mercado. Nesse caso, torna-se talvez até um problema maior, porque somos obrigados a mourejar no dia a dia com esses ditos profissionais. Ou seja, pessoas que supostamente têm o obrigação de saber tudo sobre o resultado que estão ofertando ou mesmo sobre o resultado que estão sendo questionadas a saudação.
Adicione-se a isso os materiais de venda mal formulados, mal escritos (até com erros de português), com letras miúdas e, às vezes, digamos, incompletos.
É inconcebível que alguém que se proponha a trabalhar com investimentos não saiba do que está falando com profundidade. Essa pessoa está lidando, muitas das vezes, se não com todo o numerário que o investidor foi capaz de forrar ao longo de toda uma vida, ao menos com uma de suas metas. E, quiçá, seus sonhos. Finalmente, para que serve o numerário se não for para realizar desejos? Nem que seja o libido mais instintivo de todos, que é o de segurança, no sentido estrito da termo.
Não obstante as evidências diárias de inadvertência na oferta de produtos de investimentos, tenho o entendimento evidente de que de cabe também um “mea culpa” por segmento do próprio investidor. Esse, muitas vezes, está mais interessado nas promessas de numerário fácil e rápido, e não reflete sobre os riscos e as características dos produtos em que está prestes a investir.
Falta de conhecimento, tempo e paciência vão sempre ser motivos e desculpas para que não invistamos de forma eficiente e eficiente. Mesmo assim, as consequências – muitas vezes negativas e até trágicas – desse tipo de comportamento afetarão bolsos, mentes e vidas daqueles e daquelas que não assumem a responsabilidades sobre suas vidas financeiras e que tendem a buscar atalhos. Para essas pessoas, deixo a velha e conhecida máxima: “Não existe almoço gratuito”.
Por término, gostaria de voltar ao que chamei de dogma lá no início e dar um juízo ao investidor: se, em qualquer condição, qualquer pessoa não souber explicar o resultado, não esclarecer todas as dúvidas e não apresentar todos os riscos, simplesmente NÃO INVISTA. Minha maior tranquilidade é dormir sabendo que me preparei o melhor verosímil para fazer sempre o melhor verosímil.
E, caso você tenha resolvido investir comigo, que você também possa dormir o sono dos justos, pelo simples vestimenta de saber onde está pisando.
Hugo Daniel Azevedo é consultor de investimentos e sócio da MFS Capital
e-mail: hd@mfscapital.com.br
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2024/J/l/tg3rKHS4AkRcUOxSH8Cw/hugo.jpg)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2023/V/F/TrfAY1SgeYuNHEtgqjzw/nicholas.jpg?ssl=1)
Publicar comentário