Bolsa é eficiente só quando traz pessoa física, diz presidente da Federação Mundial das Bolsas
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Uma bolsa é eficiente de verdade só quando os pequenos investidores participam dela, porque a inclusão financeira é uma das suas funções mais importantes, na estudo de Nandini Sukumar, presidente da Federação Mundial das Bolsas (WFE, na {sigla} em inglês). Em um momento difícil para as ações brasileiras, com os investidores migrando para a renda fixa, a executiva avalia que a bolsa brasileira, a B3, é inovadora e está trabalhando muito para atrair as pessoas físicas.
“Temos que parabenizar a bolsa brasileira. A B3 é uma das grandes [bolsas] dos mercados emergentes. É uma bolsa sofisticada, que está realizando inovações muito profundas”, afirma em entrevista ao Valor Investe, de passagem pelo Brasil para um encontro da Federação, realizado recentemente na B3.
“Claramente, existe um grande interesse dos investidores pequenos pela bolsa brasileira. Podemos ver que nos mercados em que há esse interesse, as bolsas lançam muitos novos produtos para as pessoas físicas, uma vez que os ETFs [fundos comprados em bolsa que acompanham um indicador de mercado]”, diz. Ela acrescenta que, para atrair os investidores pequenos, as bolsas devem oferecer estruturas para que eles notem que pode ser fácil acessá-las e produzir programas de instrução financeira.
Sediada em Londres, na Inglaterra, a Federação Mundial das Bolsas nasceu em 1961 e representa 250 bolsas e câmaras de indemnização, as instituições que intermediam as transações financeiras, espalhadas pelo mundo. A entidade tem a função de promover mercados mais eficientes, estáveis, justos e transparentes para os investidores e para as empresas.
Suas bolsas contam com 50 milénio empresas listadas, que somam US$ 101 trilhões em valor de mercado. A bolsa brasileira é a 19ª maior do mundo, com valor de mercado de muro de US$ 1 trilhão. Nas Américas, a B3 é o quarto maior mercado, ficando detrás das bolsas americanas Nyse (com muro de US$ 26 trilhões, a maior do mundo) e Nasdaq (com perto de US$ 23 trilhões, a segunda maior do orbe) e da canadense TMX Group (com ao volta de US$ 3 trilhões).
Atualmente, a bolsa brasileira conta com 6 milhões de investidores pessoas físicas. Esse número parece pequeno em relação aos 213 milhões de habitantes do Brasil e ao cenário dos Estados Unidos, onde mais da metade das famílias conta com ações na carteira. Porém, está crescendo vagarosamente, com os influenciadores e as plataformas de investimentos disseminando instrução financeira na internet e a B3 lançando novos produtos para esse público.
Além de elogiar a evolução desse mercado no país, Sukumar ainda comenta sobre o efeito da maior competição para a bolsa brasileira, que deve lucrar novas concorrentes em breve, e sobre a falta de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na {sigla} em inglês) no Brasil. Ou por outra, a executiva relata o que pensa sobre as bolsas funcionarem 24 horas, uma tendência ao volta do mundo, e sobre o mercado de criptomoedas. A seguir, você vê os trechos principais da entrevista.
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Até agora, a B3 é a única bolsa brasileira em operação no país, mas diferentes grupos estão se movimentando para montar bolsas e concorrer com a companhia. Entre eles, estão a A5X, a Base Exchange e a CSD BR.
A B3, todavia, não tem o que temer, na estudo da executiva, porque já enfrenta a concorrência com as bolsas globais. “As bolsas já vivem uma competição, em um cenário no qual o investidor pode movimentar os seus recursos para o país que quiser. A competição não é novidade”, afirma. “As bolsas existem para servir aos investidores. Assim, a competição funciona sempre muito muito”, diz.
A B3 anda buscando variar a receita para que ela flutue menos ao sabor do mercado, uma vez que Gilson Finkelsztain, seu presidente, já comentou em entrevistas. A bolsa está se aproximando do investidor pessoa física e criando novos produtos, avançando mormente no mercado de renda fixa corporativa. Ainda, está se desenvolvendo em tecnologia. Criou, por exemplo, uma infraestrutura para negociação de criptomoedas e entrou no segmento de dados.
Ao mesmo tempo em que o seu padrão de negócio evolui, a bolsa brasileira caminha para enfrentar seu quarto ano ininterrupto sem empresas estreando suas ações. Essa previsão está ganhando força diante de um ciclo de subida de juros e da elevação da aversão a risco, principalmente por justificação da situação fiscal do Brasil, que anda afastando os investidores do mercado de renda variável.
A seca de IPOs está acontecendo no mundo todo, não só no Brasil, e é mesmo muito ruim para qualquer mercado, afirma a patrão da Federação Mundial das Bolsas. “Sem IPOs, as companhias ficam na pior situação. A listagem na bolsa é a melhor manancial de financiamento para as empresas levantarem recursos por uma taxa competitiva”, diz.
Ela acrescenta que os países precisam de IPOs para se desenvolverem economicamente e que o incitação a essas estreias nas bolsas deve ser um trabalho feito em conjunto. “A bolsa não consegue estimular os IPOs sozinha. É preciso que um ecossistema se una. Que o governo, por exemplo, se apresente encorajando os negócios a se listarem na bolsa e que o regulador tenha políticas para mostrar às empresas que é vantagoso transfixar capital”, afirma.
“A pergunta que precisamos fazer é: existe incentivo suficiente para que os IPOs aconteçam? Os incentivos podem vir de várias maneiras, por meio, por exemplo, de uma subtracção de impostos para os negócios que realizarem as ofertas”, diz.
Em um envolvente com mais aversão aos investimentos de risco, o papel das bolsas é buscar dar segurança ao mercado, ressalta Sukumar. “Os investidores precisam olhar para a bolsa e pensar que, independentemente do que está acontecendo em termos de volatilidade, macroeconomia e geopolítica, a bolsa é resiliente e a regulação protege os investidores”, afirma.
Ao volta do mundo, está crescendo o interesse dos investidores pelas negociações noturnas de ações, com os aplicativos das corretoras disponíveis nos smartphones e os pequenos investidores mais informados, comprando ações dos seus sofás. As sessões em Novidade York sem interrupções podem ser melhor aproveitadas, por exemplo, pelos investidores pessoas físicas da Ásia, que comprariam mais papéis das empresas americanas durante o dia em seu fuso horário.
Enquanto as criptomoedas são negociadas 24 horas por dia, sete dias por semana, as últimas mudanças importantes nas bolsas americanas aconteceram há muro de duas décadas, quando as bolsas começaram a oferecer sessões pré e pós-mercado, das 4h às 20h.
Porém, agora duas bolsas nos Estados Unidos estão procurando oferecer negociações mais amplas. Em novembro, a Percentagem de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na {sigla} em inglês) aprovou a 24 Exchange provisoriamente a operar 23 horas por dia. Com a aprovação, esta é a primeira bolsa americana com uma meta de negociar à noite também.
A Bolsa de Novidade York (Nyse, na {sigla} em inglês), a maior do mundo, pode entrar em breve na disputa pelos notívagos. A bolsa apresentou um projecto que prevê a extensão da sua jornada de negociação para da 1h30 às 23h30. A SEC não se pronunciou ainda.
Na estudo da executiva, esse tema é multíplice porque a extensão dos horários depende da demanda dos investidores. “Acho que, se os investidores quiserem, com certeza as bolsas devem oferecer o horário ampliado. A questão é identificar se existe essa demanda”, afirma. “É preciso ter liquidez nos horários em que as bolsas estarão abertas para esse esquema funcionar. Os investidores podem querer mercados 24 horas por dia, mas só vão negociar se houver liquidez”, diz.
O funcionamento 24 horas dos mercados parece simples, mas os profissionais de investimentos estão se envolvendo em debates complexos sobre esse ponto. Quando, por exemplo, um dia começa e acaba se a bolsa negociar sem interrupções? E, qual seria o preço de fechamento de uma ação? As preocupações incluem ainda uma vez que os investidores lidariam com os riscos de movimentações enquanto eles dormem e quais seriam os custos e a dificuldade de manter sistemas sem interrupções.
Preocupação com as criptomoedas
As criptomoedas estão no foco da Federação Mundial das Bolsas, que defende que essas moedas sejam negociadas em bolsa. A única maneira de investir em criptomoedas em bolsa atualmente é comprando ETFs, mas as bolsas andam desenvolvendo infraestruturas para as plataformas de compra de criptomoedas diretamente.
Em 2024, a Federação lançou princípios para promover a solidez no mercado “cripto” e fez recomendações para reguladores e governos exigirem o cumprimento de elevados padrões nesse setor. A teoria é ajudar as criptomoedas a evoluírem e, ao mesmo tempo, proteger os investidores.
“As criptomoedas trouxeram uma novidade geração de investidores para o mercado, o que é muito bom. Mas essa indústria precisa aprender uma vez que reger adequadamente o seu mercado”, afirma a executiva.
“Será melhor para os investidores se as criptomoedas forem negociadas em bolsa. A formação em um mercado público e regulamentado significa que todos podem entrar nesse mercado e trespassar com regras definidas com transparência e com o investidor protegido”, diz.
Prioridades da Federação
Uma das prioridades da Federação Mundial das Bolsas neste ano é tutorar a regulamentação de todos os tipos de negociações financeiras, garantindo que os mercados permaneçam confiáveis, inclusivos e transparentes. Ainda, a Federação planeja trabalhar em guias para as empresas das bolsas acompanharem a agenda ambiental, social e de governança (ESG, na {sigla} em inglês) e determinar a melhor maneira de usar a perceptibilidade sintético nas bolsas e câmaras de indemnização.
Ou por outra, a associação deve estudar uma vez que os mercados públicos e privados podem interagir, uma vez que manter os padrões das câmaras de indemnização e uma vez que educar futuros líderes.
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