Lula para grave, bolsa para cima? Calma, militante, calma…
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Ouvi no escritório de um grande banco que não importa muito à média dos investidores quem vai derrotar o presidente Lula em 2026. Mas que seja derrotado.
– Mesmo se for o Gusttavo Lima?
– É, mesmo se for o Gusttavo Lima…
Ouvi também que, ao menor sinal de materialização de novo governo chegando, a bolsa entraria em disparada. Alguma coisa projetado lá para o termo do ano.
Dito e feito. Mas com vários meses de antecedência.
Na semana passada mesmo, notícias sobre a popularidade palaciana em declínio causaram furor nas mesas de operação. Por falar em “operação”, foi um movimento semelhante àquele de dezembro, enquanto Lula estava passando por uma cirurgia craniana.
Enfim, esses movimentos não surpreendem.
Exclusivamente revelam certa miopia.
Não é novidade que o atual governo não desfruta da simpatia da turma. Mas as razões transcendem a economia. E, por óbvio, não deveriam justificar a queda possante da sensação de risco-Brasil.
São justificáveis, sim, desconfianças sobre política fiscal. A apresentação do projecto de contenção de gastos em novembro fala por si só. Mostra certa dificuldade do governo aprender não só com erros, até com os próprios acertos. Mais do que isso, o incidente escancarou a inaptidão governista em conduzir as expectativas de mercado, responsáveis pela Selic rumo aos 14,25% ao ano.
A aprovação do tórax fiscal, em 2023, poderia ter servido de prelecção. Longe de merecer palmas, trouxe alguma previsibilidade, antes inexistente, à trajetória da dívida pública. Traçou um caminho, embora lento, para se equiparar o nível das despesas ao da arrecadação de impostos. E ajudou, logo, a acalmar aflições, a ponto de o Ibovespa ter fechado o primeiro ano deste governo Lula 3 renovando recordes.
Alguma coisa semelhante poderia ter sido feito com o pacote fiscal. Depois de ser prometido por semanas a fio, foi apresentado um projecto um tanto frágil. Sim. Mas era um projecto, ainda que superestimado, de reduzir despesas. Serviria para acalmar coração, não tivesse sido ofuscado por uma atabalhoada promessa de repúdio de segmento das receitas com imposto de renda.
Ficou no mercado a sentimento de que a prioridade no Planalto era a reeleição em 2026, e não prezar pela responsabilidade fiscal. Sob essa justificativa, dólar em disparada e bolsa catando conversa. A questão é que, agora, aqueles mesmos investidores antes contrariados parecem, justamente, estar mais preocupados com o resultado eleitoral do que propriamente com as contas públicas.
Ora, se o problema do governo Lula é meramente fiscal, a baixa popularidade deveria ser má notícia.
Nessa lógica, traria aversão a risco, e não gosto. Sim, porque um governo desde já impopular tem ainda mais incentivo a expandir o gasto. E não só lá em 2026, uma vez que já era de se esperar, mas desde já. E ainda que haja um novo presidente em 2027, o estrago herdado pode não ser tão simples assim de se resolver.
No fritar dos ovos, a questão do mercado com Lula não é, ou não é exclusivamente, a responsabilidade fiscal. E veja só uma vez que as coisas são. Essa reação animada de investidores pode, justamente, ajudar na reeleição do presidente.
Há manifesto consenso de que a impopularidade dele está atrelada à inflação. Em privativo, à escalada dos preços dos vitualhas. Que, em boa segmento, ficaram mais caros no embalo do rali do dólar no ano pretérito.
O dólar já tem tombado globalmente neste início de ano, com o pessoal entendendo que talvez o governo Trump não seja tão inflacionário assim. Localmente, tem ajudado o real a se fortalecer ainda mais a teoria de que Lula não será reeleito.
Muito, o dólar perdendo fôlego ajuda a esfriar a subida dos vitualhas. E por que não, ajuda também a vedar a queda de popularidade? A picanha ficando mais barata, seja lá por qual motivo, será capitalizada por Lula quando estiver em campanha. E, aí, haja lorota sobre taxação de pix para impedir sua reeleição em 2026.
Mas vamos lá, voltando ao início desta conversa.
Quem garante que, derrotado Lula em 2026, o que vier será melhor para a economia?
Muita calma nesta hora, militante.
Quem levanta bandeira demais na hora de investir periga ultimar tapando os próprios olhos.
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