Digitais x Tradicionais: em quais bancos investir pós-balanços?
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Os grandes bancos digitais, que ano posteriormente ano tornam a disputa contra os bancos tradicionais ainda mais acirrada, reportaram em seus resultados do quarto trimestre lucro e receita robustos e, em alguns casos, recordes. Embora não com a mesma representatividade dos bancões, as instituições digitais já conquistaram seu espaço no mercado.
Mas será que vale a pena investir no “novo” ou adotar uma postura mais conservadora?
Em termos de estratégia, apesar de todos fazerem segmento do setor bancário, existe uma diferença clara entre os bancos tradicionais, que não nasceram no universo on-line, e os bancos digitais.
Os bancões são conhecidos pela sua geração de lucro consistente ao longo do tempo, não por eventualidade são, também, vistos porquê uma opção mais defensiva na bolsa. As ações, inclusive, têm o histórico de pagarem bons dividendos aos acionistas.
Os bancos digitais, por sua vez, oferecem oportunidades de incremento. E, neste sentido, julgar a capacidade dessas instituições conseguirem crescer a sua base de clientes e gerar resultados sólidos mesmo em momentos ruins da economia ou do mercado pode não ser uma tarefa tão fácil – o que, em alguns casos, pode provocar distorção nos preços dos papéis negociados em bolsa.
Rafael Furlan, sócio da Setentrião Asset Management, comenta que a lar hoje tem preferência pelas ações dos bancos tradicionais por dois motivos: assimetria de preço e momento do cenário macroeconômico do Brasil.
“O preço atual dos neobanks reflete premissas de incremento, rentabilidades e eficiência que nos deixam com muito pouco espaço para gerar valor no investimento. Nubank e Inter se enquadram nesse caso”, diz.
Nubank, Inter, BTG ou XP?
No caso do Nubank, Furlan destaca que o banco tem construído um negócio “espetacular” de incremento, inovação e consistência que atrai qualquer investidor global. Por outro lado, o valor da ação, com preço sobre lucro (P/L) supra de 30, deixa pouca margem de segurança.
O múltiplo P/L, um dos modelos usados para julgar se um ativo está custoso ou barato, compara o preço do papel com o lucro líquido da companhia e indica quanto tempo o comprador poderia reaver o moeda investido.
Um P/L de cinco, por exemplo, indica que o acionista pode receber de volta o valor que investiu na ação em um prazo de cinco anos. Em universal, um P/L de 10 indica uma ação mais rosto do que uma de cinco.
“Cada vez mais o Nubank tem o repto de entregar crescimentos exponenciais sobre uma base de clientes maior, além de possivelmente enfrentar um cenário macro pior no Brasil em 2025, onde grande segmento da sua carteira ainda é concentrada em pessoas físicas e de classes mais baixas”, explica.
Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimento, destaca que os resultados reportados pelo Nubank no quarto trimestre vieram mais fracos do que o esperado, com receita e lucro líquido mais plebeu do que as projeções apontavam.
“Cabe lembrar que o Nu hoje tem o maior valor de mercado entre todos os bancos da América Latina, sendo mais valioso que o Itaú. Isso significa que o mercado espera um elevado incremento da empresa, mas existem alguns desafios avante e, por isso, as ações reagiram em queda potente no pós-mercado ontem”, diz.
Em relação ao Inter, Furlan afirma que o ano de 2024 foi um ponto de viradela para o banco, com o lucro sendo revisado quase duas vezes para cima. Mas, assim porquê no caso do seu concorrente Nu, Furlan vê pouco espaço para valorização dos papéis.
Entre Inter e Nubank, Matheus Promanação, comentador da Levante Inside Corp, prefere a primeira opção pela dinâmica dos resultados trimestrais. “O Inter tem conseguido evoluir o retorno sobre patrimônio [ROE], crescer a base de clientes, além de manter um nível de dispêndio muito atrativo”, pondera.
Segundo Promanação, porquê as ações do Nubank já negociam a múltiplos mais altos, o banco teria que seguir em um ritmo rápido de incremento para justificar o investimento.
Rafael Ragazi, sócio e comentador de ações da Nord Investimentos, destaca que o Inter vê seu lucro crescer supra do Nubank não só atualmente, porquê passa uma maior previsibilidade em relação ao horizonte.
O banco fechou o ano de 2024 com quase R$ 1 bilhão de lucro e a perspectiva que a empresa passou para o mercado é de que em 2027 vai chegar a R$ 5 bilhões de lucro, o que representa um ROE de 30%.
“O Inter tem uma segurança muito grande no que vai ser capaz de entregar nos próximos anos, logo é uma empresa que nos dá muito mais visibilidade sobre incremento, porque eles precisam basicamente fazer o que já vêm fazendo nos últimos anos”, diz.
O Nubank, no entanto, atravessa um outro momento. Enquanto o Inter tem atualmente muro de 36 milhões de clientes, com o objetivo de chegar em 60 milhões, o Nu já tem mais de 100 milhões de clientes somente no Brasil.
“O incremento da base de clientes do Nubank é mais difícil, pois o banco depende de replicar o sucesso do padrão cá no Brasil em outros mercados”, pontua Ragazi. “O Nu ainda pode crescer em rentabilidade, em oferta de produtos e até diluir mais gastos, mas ele tem menos perspectiva de aumento da base de clientes, que é um vetor importante de incremento”, ressalta.
O técnico lembra ainda que o Nubank opera no Brasil sem ter uma licença de banco, o que lhe dá mais vantagem do ponto de vista de capital, uma vez que não precisa ter o mesmo nível de capital de um banco e nem seguir todas as regulamentações do Banco Mediano.
“Ele acaba tendo benefícios cá no Brasil que, ao replicar a estratégia em outros país, pode não ser eficiente, inclusive por conta de incertezas relacionadas a essa questão legítimo, logo é mais multíplice replicar o padrão de sucesso em outro país”, avalia Ragazi.
Ainda na seara dos bancos digitais, Furlan também gosta do BTG Pactual e pondera que as ações negociam a um preço atrativo, com P/L de 8,5. “Hoje o banco é bastante diversificado e, ao contrário da XP, se tornou menos dependente do universo do mercado de capitais e construiu diversas outras linhas de negócio”, diz.
Além da diversificação das áreas de atuação, Promanação destaca as aquisições que o BTG têm feito e que têm permitido que o banco apresente um nível interessante de preço. “O BTG deve seguir com um desempenho positivo ao longo de 2025”, defende.
A XP, apesar do bom nível de preço dos papéis, é mais suscetível ao mercado e ao cenário macro, o que dá menos margem de segurança para ter uma posição maior nas ações neste momento.
Itaú, BB, Santander ou Bradesco?
Entre os bancos tradicionais, a preferência pelo Itaú é unânime. O projecto de realização, a gestão, a estratégia clara e assertiva são alguns dos pontos que fazem do banco a melhor opção de investimento no setor, segundo os especialistas.
“O Itaú é mais resiliente em períodos macroeconômicos ruins do que os bancos digitais e os seus pares que passam por qualquer tipo de problema de realização. Num cenário de juros altos e de instabilidade, porquê o atual, é o nosso cavalo preposto”, afirma Furlan.
O sócio da Setentrião Asset vê o investimento no Bradesco e no Santander com maior ceticismo, uma vez que esses bancos não só lidam com desafios internos, de estratégias e realização, porquê ainda estão trabalhando para retomar níveis mais saudáveis de inadimplência da carteira de clientes.
O Banco do Brasil, por sua vez, apresenta fundamentos sólidos e consistentes. Uma vez que um banco estatal, tem tido muito menos interferência do governo do que o mercado esperava. Por outro lado, as ações do banco hoje têm menos potencial de valorização frente aos pares.
“Hoje não investimos no Banco do Brasil, mas estamos de olho porque gostamos muito do ativo, apesar de ser um banco que acaba sendo suscetível ao rumor político, para o muito ou para o mal”, destaca.
Bancos digitais x tradicionais: em qual investir?
Se tiver que escolher unicamente um banco do dedo para investir, Ragazi prefere o Inter. E, se for um banco tradicional, o técnico tem nepotismo pelo Itaú. Mas uma opção não exclui a outra.
“O Itaú já é uma empresa muito mais madura e com uma segurança maior, enquanto o Inter e o Nubank são empresas que ainda estão em momento de incremento. Logo, a decisão de investir em bancos digitais ou bancos tradicionais vai depender muito do perfil de risco do investidor”, diz.
No caso de um investidor com mais gosto ao risco, que consegue transpor momentos de maior volatilidade do mercado, faz sentido ter ações do Inter na carteira. “É uma das melhores oportunidades na bolsa do Brasil dos últimos anos”, afirma Ragazi.
Já em relação ao investidor mais conservador, que prioriza a remuneração via pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, o mais indicado é optar pelo banco tradicional, em privativo o Itaú.
O sócio da Nord lembra que o Nubank hoje vale mais do que o Itaú em valor de mercado – R$ 360 bilhões contra alguma coisa próximo de R$ 300 bilhões. Mas, ao comprar esse valor com os lucros de cada banco, as ações do Nu são negociadas a um preço muito mais elevado do que as do Itaú.
“Enquanto o Itaú está negociando a um P/L de 8, o Nubank está negociando a um P/L de 63, sendo que o Itaú entrega de lucro, por trimestre, o que o Nu entrega em um ano, basicamente”, diz Ragazi.
“Fica muito evidente que, dentre as opções, as que fazem sentido para o investidor hoje são Inter e Itaú”, defende o técnico.
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