IFIX, índice dos fundos imobiliários, tem maior subida mensal desde 2023
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Depois de registrar a maior sequência de perdas da história, o Ifix, índice de referência dos fundos imobiliários, embalou em fevereiro a maior subida mensal desde dezembro de 2023. No saldo do mês, avançou pouco mais de 3%, supra do patamar de 3 milénio pontos.
- Nesta sexta-feira (28), o índice subiu 0,19%, aos 3.121 pontos. Na semana, teve valorização tímida de 0,46%. No mês, ganhou 3,34% e conseguiu extinguir as perdas em 2025.
A classe já vinha sofrendo na bolsa desde o ano pretérito, em razão da dinâmica de subida dos juros e da inflação, que tende a provocar um movimento de saída dos ativos de risco em direção à renda fixa, conhecida por remunerar bons retornos em cenários de Selic elevada.
Além do envolvente macro ruim, no início deste ano, a discussão em torno do veto do governo à isenção de tributos em cima da receita dos fundos imobiliários causou um estresse suplementar no mercado de fundos imobiliários.
“O resultado de fevereiro reflete o início de uma recuperação de tudo o que aconteceu com os fundos imobiliários nos últimos meses, período em que a indústria sofreu muito, principalmente na janela entre agosto e a metade de dezembro, quando o Ifix chegou a tombar 15%”, avalia Marco Noernberg, dirigente de renda variável da Manchester Investimentos.
No segundo semestre do ano pretérito, a aversão ao risco na cena sítio dominou as negociações dos mercados de bolsa, câmbio e juros. Neste último, a escalada dos juros futuros levou as taxas oferecidas pelos títulos públicos a patamares recordes. Esse movimento, por si só, foi suficiente para tirar a atratividade dos fundos imobiliários.
O sobe-e-desce das cotas desses fundos, em uma classe majoritariamente composta por pessoas físicas, assustou muitos investidores. E o resultado, na visão de especialistas, foi uma reação exagerada que levou o Ifix ao seu terceiro pior desempenho da história em 2024.
“Houve um desespero exacerbado por segmento dos investidores, e é uma indústria muito pautada por pessoas físicas, que estavam saindo a qualquer dispêndio, seja para fazer uma realocação na renda fixa, seja porque não estavam acostumadas com a volatilidade dos fundos imobiliários”, comenta Noernberg.
Apesar das incertezas persistirem no cenário macro, fevereiro foi uma viradela de chave para a classe, que durante cinco meses não conseguiu fechar um mês positivo. Pretérito o susto, o profissional defende que agora é verosímil ver uma recuperação gradativa dos fundos imobiliários.
“O mercado está olhando com um pouco mais de nitidez e percebendo que existe muito fundo bom e barato, sendo negociado a preço de pechincha”, diz. Noernberg destaca ainda que, embora tenham sido penalizados nos últimos meses, os fundos imobiliários continuam pagando bons dividendos e isentos de imposto de renda.
“A maioria dos fundos negocia com preço aquém do valor patrimonial, mais de 90% estão com desconto, e o Ifix não está nem próximo da máxima histórica alcançada no ano pretérito”, afirma o profissional.
Entre os setores mais tradicionais da classe, os fundos imobiliários de shopping apresentam atualmente o maior retorno de dividendos (dividend yield), de 15,72%, em média.
Os fundos de recebíveis imobiliários aparecem logo detrás, com 14,83%, seguidos pelos fundos multiestratégia, também conhecidos porquê “hedge funds”, com 13,96%.
Fundos de shoppings são os maiores pagadores de dividendos
| Segmentos | Retorno de dividendos (dividend yield) anualizado |
| Shoppings | 15,72% |
| Recebíveis Imobiliários | 14,83% |
| Multiestratégia (hedge fund) | 13,96% |
| Lajes Corporativas | 13,17% |
| Fundos de Fundos (FoFs) | 12,85% |
| Híbridos | 11,95% |
| Galpões Logísticos | 11,61% |
Diante do cenário de juros elevados, os fundos de recebíveis imobiliários, ou fundos de “papel”, são os preferidos do momento. Conforme explica Noernberg, com a subida da taxa Selic, esses fundos tendem a remunerar mais dividendos, já que boa segmento tem em seus portfólios títulos de renda fixa atrelados ao CDI.
“Os investidores estão começando a olhar com mais carinho para esses fundos pois, além de pagarem bons dividendos, ainda estão negociando aquém do valor patrimonial”, diz. O setor apresenta um desconto de 16% atualmente.
Além dos fundos de papel, Caio Araújo, exegeta de fundos imobiliários da Empiricus, labareda atenção para o desempenho dos fundos multiestratégia e os FoFs em fevereiro. “Ambos sofreram perdas significativas em janeiro e agora vemos uma recuperação desses dois setores, que costumam ser mais sensíveis às oscilações do mercado”.
Com a perspectiva de que a Selic chegue a 15% ainda neste ano, Araújo pondera que o fluxo da renda variável para a renda fixa ainda pode impactar o desempenho dos fundos imobiliários nos próximos meses. A questão do veto presidencial à tributação sobre a receita dos fundos também é um outro tema sensível para o mercado.
“Mas, quando pensamos no investimento em fundos imobiliários para o médio e longo prazos, enxergamos uma janela de ingressão bastante positiva no cenário atual”, afirma.
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