Petrobras (PETR4) balança o navio, mas Ibovespa não cai

Dona da maior fatia da carteira teórica do Ibovespa (12,4%, somadas as duas ações), a maior companhia do Brasil em valor de mercado sacudiu muito o navio nesta quinta-feira (27).

A Petrobras pegou investidores de surpresa com um prejuízo bilionário no quarto trimestre de 2024, cujos resultados foram reportados na noite de ontem.

Estava pronta a receita para o sinistro no pregão de hoje. Acontece que, diferentemente dos papéis da estatal, o Ibovespa não caiu.

• O principal índice de ações da B3 encerrou a sessão fixo, nos 124.799 pontos. Para n]ao expressar que não se mexeu zero, “subiu” 0,02% hoje. Nesta semana, o índice já recuou 1,8% e, no mês de fevereiro, acumula perda de 1%. No ano, no entanto, ainda salva um saldo de 3,75% de valorização.

Para fazer frente ao trambolhão da gigante, boa segmento da carteira precisou sustentar o índice. O destaque ficou com a Embraer, cujos investidores também reagiram hoje aos resultados do último período.

A diferença é que, para a Petrobras, os números no balanço ressuscitaram seus medos, enquanto, para a Embraer, os números do último período permitiram aos investidores sonhar com um porvir mais próspero para a companhia.

• Das 87 ações que compõem o Ibovespa atualmente, 46 avançaram nesta sessão.

Com pressões cá e lá, o prejuízo bilionário da Petrobras era o gatilho que faltava para gestores e pacatos investidores mexerem nas carteiras de ações. A perda de R$ 24,5 bilhões da companhia neste pregão é prova disso.

• Assim, o Ibovespa girou R$ 24 bilhões hoje, 47% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões.

O cenário macroeconômico também jogou contra a tomada de risco hoje.

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro veio ligeiramente aquém do previsto (6,6%). Acontece que qualquer correção marginal é significativa para um universo de centena de milhões de pessoas.

Ainda mais porque o oferecido reforça o quadro de um mercado de trabalho bastante aquecido no Brasil que pode vir a ser mais um travanca no caminho para a política monetária. Ontem, o relatório de geração de vagas em janeiro fez economistas saltarem das cadeiras.

Com mais renda nas mãos da população, a ponta do consumo tende a lucrar ímpeto, o que pode estugar a inflação. Ou seja, o Banco Meão (BC) pode precisar estreitar mais a Selic.

• Assim, a taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,74% para 14,80% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,69% para 14,73% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,61% para 14,68%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

A viradela dos ventos lá fora também jogou contra a bolsa brasileira. E o mau humor dos estrangeiros não costuma ser muito favorável ao Brasil, mormente se a escolha deles é passar para a renda fixa num cenário de aversão ao risco.

Justamente o clima que joga contra as bolsas globalmente. Nas bolsas americanas, as ameaças de Donald Trump de um tarifaço contra países europeus não tem pegado zero muito. Principalmente em seguida a Morada Branca confirmar que as tarifas sobre bens importados do Canadá, México e China passam a valer na próxima semana.

• Nesse clima, o dólar mercantil escalou 0,45%, a R$ 5,83. Nesta semana, já acumula subida de 1,7%. No mês de fevereiro, ainda está em queda, de 0,15% e, no ano, de 5,7% contra o real.