Pacificação e reformas para superar a subdivisão que ameaço o horizonte
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Recentemente, fui entrevistado pela jornalista Paula Moraes, para o programa Mercado & Beyond (BM&C News). Lá pelas tantas, ela questionou sobre uma vez que poderíamos mudar a situação atual que tomou conta do país, que nos jogou nesse verdadeiro escuridão político, que transbordou para relacionamentos interpessoais e familiares.
Minha resposta foi a mesma que tenho externado cá na pilar há bastante tempo: unir o que foi desunido. Todavia, emendei que não enxergo ninguém, nesse momento, com espírito pacificador, capaz de aplacar os ânimos e nos tirar da “arquibancada”. Ou seja, não existe a figura do “peace maker” para executar a indispensável tarefa de resgatar o mínimo de simetria.
Repiso esse repugnante tema, pois o cenário pode piorar em graduação global e precisaremos de atenção redobrada. Existe uma grande chance, depois de amanhã, de o governo Donald Trump emplacar tarifas recíprocas de forma indiscriminada, o que pode ser a pá de cal na já fragilizada globalização, com impactos deletérios sobre o PIB mundial para os próximos anos, o que nos afeta diretamente. Vamos aos dados.
Segundo o Banco Médio Europeu, as tarifas americanas contra a União Europeia (UE) e a China devem reduzir o PIB global em 0,5% em 2025 e 2026. Já a OCDE reduziu a previsão de PIB global de 3,3% para 3,1% em 2025, devido às barreiras tarifárias e à incerteza geopolítica. O banco ING calcula que, no longo prazo, a decisão americana reduzirá o PIB da UE em 0,87%, agravando a estagnação econômica que já afeta várias economias da região. O Morgan Stanley prevê que o propagação do PIB americano será reduzido entre 0,7 e 1,1 pontos porcentuais. E, o que é grave, o JPMorgan avalia que as tarifas impostas por Donald Trump devem ter impacto na inflação dos Estados Unidos, uma vez que, aliás, venho comentando.
Em relação ao Brasil, o Ipea fez estudo de que as tarifas de 25% sobre aço e alumínio aplicada pelos EUA é capaz de afetar para pior o PIB do Brasil em 2025. Os economistas da instituição preveem uma redução do nível de exportações da ordem de US$ 1,5 bilhão, além de uma queda de produção próxima de 700 milénio toneladas.
Na Way Investimentos, refizemos a projeção do PIB Brasil, de 2,2% para 1,8% em 2025, e para 2,9% o global, dos 3,1% de outrora. Lembrando que Trump ainda não bateu o martelo se o Brasil será incluído no rol dos países que serão incluídos na tarifação indistinta, embora acredite que será.
Na minha visão, mas, não se pode menosprezar que os números supra possam piorar. Logo, devemos buscar soluções. Por quê?
Também há poucos dias, fui entrevistado por Leonardo Levatti (TC News) sobre o comportamento dos mercados. Na conversa, lembrei uma história da minha saudosa avó, sobre a era da 2ª Guerra. Contava ela que muitas famílias não tinham numerário e passavam por dificuldades: “uma escolha era velar garrafas usadas e as vender para fazer qualquer trocado”. Ou seja, em breve os mercados vão verificar quem são aqueles que têm “garrafa para vender”; traduzindo: os que poupam e têm disciplina. E, nesse quesito, estamos mal.
Diante do quadro, libido saber: uma vez que vamos endereçar as reformas tão necessárias para fazermos o ajuste fiscal indispensável, e que teriam o virtude de convencionar esse lado, com o país absolutamente dividido?
O que quero manifestar é que com esse clima tenso (que piora diariamente) cada um de nós está sendo “empurrado” a escolher um dos polos. Metaforicamente, se você não opta por ser Flamengo maquinalmente será Fluminense, e vice-versa, quando, na verdade, existem outros “times”. Da mesma forma, o nível de incoerência/hipocrisia está exagerado, o que não colabora para a pacificação.
Tudo isso até poderia ser compreensível, pois é uma particularidade humana a passionalidade. O drama, entretanto, é que essa conduta vem associada, hoje em dia, à potente rancor entre as partes, fazendo com que o debate perdida racionalidade e extrapole, inclusive, para temas que não deveriam, uma vez que a religião.
Ao termo e ao cabo, não consigo responder a estas duas fundamentais perguntas: uma vez que conduzir produtivamente uma região diante do conflito posto? Se persistirmos empurrando as reformas com a ventre, qual legado deixaremos para as gerações futuras, já que estamos antecipando o consumo que a elas pertence?
A decisão de Trump é no dia 2 de abril (chamado por ele de Dia da Libertação) e não no dia 1º; não será pataratice. Torço para que surja um pacificador, que desarme espíritos e devolva a sossego, embora, reforço, não aposte que vá surdir qualquer. Se deixarmos do jeito que está, vai permanecer difícil até de fazer um “gol de honra” na próxima dura roteiro.
Alexandre Espirito Santo, Sócio e Economista-Gerente da Way Investimentos, coordenador de Economia e Finanças da ESPM
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