Dividendos da Petrobras (PETR4) em risco com mergulho do petróleo?
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Depois de dias de queda acentuada do petróleo no exterior, nesta quarta-feira (9) a commodity passou a subir com o recuo de Trump sobre as tarifas recíprocas. Com o tecido de fundo de uma guerra mercantil iniciada nos Estados Unidos e a volatilidade dos preços da commodity no mercado internacional, surge a incerteza: será que os dividendos da Petrobras estão em risco? O desempenho financeiro da companhia está intimamente ligado aos preços do petróleo.
Quando o valor do barril sobe, as receitas da companhia aumentam, resultando em maiores lucros e, consequentemente, maiores dividendos. Por outro lado, uma queda acentuada nos preços do petróleo pode afetar negativamente a lucratividade da empresa, colocando em risco sua capacidade de manter a política de distribuição de dividendos elevados que a torna tão simpático no mercado.
O exegeta da Levante Inside Corp, João Abdouni, acredita que um tratado entre as duas potências deve intercorrer antes de uma queda mais acentuada da commodity.
“Se a gente assumir que o petróleo vai ser US$ 60 para o restante do ano, e o dólar vai ser de R$ 6, a Petrobras deveria remunerar um tanto porquê R$ 4 por ação em forma de proventos. Se a gente assumir que o petróleo deve voltar a uns US$ 65, a Petrobras deve remunerar R$ 5 por ação nos próximos 12 meses. Lembrando que tem dentro da ação já R$ 0,70. Logo seriam os R$ 4 ou R$ 5 mais os R$ 0,70”, diz o exegeta.
Na avaliação dele, quando a situação se regularizar, o petróleo deve passar a ser negociado entre US$ 65 e US$ 65 o barril.
A estatal brasileira de petróleo é conhecida por sua política de distribuição de proventos generosos, o que a torna uma ação muito procurada por investidores em procura de renda passiva.
Abdouni relembra que, em 2023, os preços do petróleo caíram drasticamente, revérbero da desaceleração da economia global, aumento das taxas de juros em diversas economias e incertezas políticas e geopolíticas, porquê o conflito entre Rússia e Ucrânia. Oriente cenário já afetava negativamente a margem de lucro das petroleiras em todo o mundo, e a Petrobras não foi exceção.
Agora, a guerra mercantil, marcada por tarifas e embargos impostos pelas maiores economias do mundos, tem gerado um impacto direto na economia global e nos preços das commodities, incluindo o petróleo. Se essa tensão se estender, pode possuir uma redução na demanda por petróleo, já que uma desaceleração na economia global pode diminuir os níveis de consumo e de propagação industrial, elementos chave para a recuperação dos preços da commodity.
Com a China, um dos maiores importadores de petróleo do mundo, enfrentando dificuldades econômicas devido às sanções e ao extenuação de sua moeda, a pressão sobre os preços do petróleo tende a se intensificar, acredita o exegeta.
“A redução das importações de petróleo por segmento de Pequim pode fazer com que o mercado global de petróleo permaneça sobreabastecido, o que mantém os preços em baixa. Para a Petrobras, que depende diretamente desses preços para gerar suas receitas, esse cenário pode valer lucros mais baixos e um potencial impacto negativo na sua política de dividendos, mas não devemos chegar a isso“.
Ainda nos número, o exegeta de Ativos na Monte Rebelde, Bruno Benassi, afirma que “a conta é um pouco mais complexa porque tem que levar em consideração qual vai ser o Capex (despesas de capital) e a variação cambial.
“Porém, um barril de petróleo em tapume de US$ 60 com despesas de 18 bilhões de dólares daria um dividendo na mansão dos 55 ou 60 bilhões de reais. Num barril de US$ 70 e mesmo Capex daria na mansão do 62 a 67 bilhões”.
Vale lembrar que, em sua última reunião de resultados, a empresa indicou que, apesar da queda nos preços, a distribuição de dividendos continua sendo uma prioridade. No entanto, a sustentabilidade dessa política de pagamentos está sendo sempre reavaliada com base nos preços futuros do petróleo e na gestão de custos da companhia, que precisam ser ajustados de olho no mercado global e nos desafios comerciais.
Para o exegeta da Novidade Futura Investimentos, Hayson Silva, a queda no preço do petróleo pode, de trajo, afetar os dividendos da petrolífera, já que uma redução nos preços tende a diminuir a lucratividade da empresa, mas sua política de preços tende a se ajusta às condições do mercado.
“Embora isso ajude a reduzir a volatilidade interna, o preço do petróleo é influenciado por muitos fatores globais, o que torna impossível evitar completamente os efeitos dessas oscilações. Por isso, a empresa pode, sim, ver seus dividendos impactados, dependendo da intensidade das quedas no preço do petróleo“.
Um pouco menos otimista com o cenário, o sócio-fundador da Nord Investimentos, Bruce Barbosa, destaca que o ‘tarifaço’ dos Estados Unidos e todo o desenrolar da história pode reduzir ainda mais a demanda por petróleo, pressionando os preços e a rentabilidade da empresa, mas há outros fatores para prestar atenção.
“Entra não só a política tarifária do Trump, mas também o aumento de produção da Arábia Saudita que foi anunciado na semana passada. Logo, em um cenário de preços baixos por um período prolongado, a Petrobras poderia optar por reduzir o volume de dividendos pagos ou até mesmo suspendê-los temporariamente para prometer a firmeza financeira e continuar com seus investimentos em projetos de exploração e produção, sem endividar a empresa“.
Ou por outra, a verosímil mudança no cenário político também pode afetar as decisões da empresa. A pressão do governo para manter os dividendos elevados poderia entrar em conflito com as necessidades da empresa em termos de investimentos e gestão financeira prudente.
Boa segmento dos analistas acredita, portanto, que enquanto a Petrobras segue porquê uma das ações mais queridas da bolsa, a volatilidade do petróleo e a crescente guerra mercantil colocam os dividendos da companhia em uma posição delicada.
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