Qual será o preço do pôquer tarifário de EUA e China para a bolsa brasileira?

• Um provável recuou no jogo entre as duas potências nesta quarta-feira (9) permitiu ao principal índice de ações do Brasil a maior valorização diária em quase dois anos. O Ibovespa avançou mais de 3%, sua maior subida para uma sessão desde 11 de abril de 2023, quando subiu 4,29%.

Mas a partida só parece fácil aos EUA e à China porque ainda é cedo para medir as consequências das políticas nas duas economias. Embora os ativos de investimentos já possam sentir a escalada do embate.

Até mesmo os países que zero – ou pouco – têm a ver com a desavença já pagam o preço.

Prova disso é que, apesar da subida, o principal índice da bolsa brasileira, ainda não se recuperou da porrada que levou desde o proclamação da política de tarifação recíproca dos EUA. O Ibovespa perdeu 5,5% desde o proclamação, em 2 de abril. Mas a maior segmento dessa queda se consolidou depois que as duas potências começaram a exaltar as apostas.

Hoje, a sangria pode ter sido estancada.

• O Ibovespa avançou precisamente 3,12%, aos 127.796 pontos. No mês de abril, o índice já perdeu 1,9%. A valorização da principal carteira de ações da B3 neste ano recuou para 6,25%.

E ao menos a um fator tanta volatilidade tem servido à bolsa brasileira: liquidez.

• O giro do Ibovespa reflete a confusão dos investidores e suas carteiras de ações. O índice movimentou R$ 27,6 bilhões hoje. Assim, tem conseguido movimentar um volume supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões – embora no nível mais inferior para a bolsa desde 2019.

• Das 87 ações que compõem a carteira do Ibovespa atualmente, 85 avançaram nesta sessão. As duas únicas que ficaram de fora do oba-oba hoje estabilizaram.

Destaque para a recuperação dos pesos-pesados do mercado acionário do Brasil. Casos de Vale, Petrobras e dos bancões. A ação da mineradora disparou 5,4%, e a preferencial (PN, com preferência por dividendos) da petrolífera, 4%.

Sinais de que os investidores estrangeiros podem estar voltando para a bolsa brasileira.

Embora não seja uma recuperação totalidade diante do que os ativos perderam nos últimos dias até cá com os embates dos gigantes, o mais importante é o que está por trás da viradela: o sinal de que um dos jogadores chegou ao limite.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a redução das tarifas recíprocas a 10% para a maioria dos países. Menos para a China.

Antes, para o dragão da Ásia, o governo americano anunciou 125% de tarifas sobre bens importados, com vigência imediata.

Acontece que Trump já dá sinais de estar disposto a colocar as cartas da mão sobre a mesa. Até porque sua política de confronto direto com o maior parceiro mercantil dos EUA não agradou zero empresários americanos e megainvestidores de Wall Street.

Mas, mais que isso, o recuou do dólar no exterior nos últimos dias, com investidores correndo para a renda fixa de países mais estáveis e com moedas fortes, parece ter surtido efeito sobre a Morada Branca.

Particularmente posteriormente a venda de um conjunto de títulos do Tesouro americano (Treasuries) nesta madrugada, que puxou a desvalorização dos papéis e da moeda dos EUA. Apesar de o esgotamento do dólar ser um tanto desejado pelo governo republicano, a disparada das taxas da sua dívida não é, porque encarece o passivo e acaba anulando o efeito sobre o câmbio.

Segundo informações do jornalista Charles Gasparino, jornalista americano do conduto FOX Business, os principais gestores de recursos dizem que o Japão, e não a China, fez a venda que abalou o mercado de títulos durante o pregão na Ásia.

Seja uma ou outra a motivação de Trump, indumentária é que o recuo da guerra mercantil que parecia escalar indefinidamente trouxe consolação ao mercado financeiro.

• O dólar mercantil recuou 2,54% e fechou a R$ 5,84. Na semana, a moeda americana está com ligeiro subida, de 0,17%, contra o real. No mês, subiu 2,44%. Neste ano, ainda acumula desvalorização de 5,4%.

Já as apostas para os juros lateralizar diante de tantas incertezas. Embora o passo detrás dos EUA tenha trazido consolação para muitos ativos – mesmo os índices das bolsas de Novidade York, que chegaram a subir até 12% -, não foi suficiente para moderar a subida das taxas das Treasuries.

E o horizonte de investidores para a Selic acompanhou esse sentimento.

• Assim, a taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,76% para 14,82% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,28% para 14,39% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,69% para 14,75%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

“O cenário base ainda é de extrema incerteza. Primeiro porque o proclamação exclusivamente posterga o atual problema para daqui três meses. Segundo porque os mercados parecem tauxiar nos preços o indumentária de que Trump ter recuado neste momento pode valer que ele recue totalmente lá na frente, eventualmente zerando as tarifas. São suposições frágeis e não há uma vez que ter alguma previsibilidade”, alerta André Valério, economista sênior do Inter.

De concordância com a estudo do profissional, a situação pode não ser sustentável, portanto. E aponta dois fatores que complicam o quadro para o Brasil: o ainda depreciado patamar de preços das commodities e a elevada sujeição do mercado chinês.

“Em privado, não se pode descartar um impacto nocivo sobre a economia chinesa, o que poderia reduzir sua demanda por produtos brasileiros. Ainda assim, mesmo com a redução das tarifas, o impacto sobre o incremento da economia americana será significativo, fora o impacto já causado por toda a incerteza gerada desde o dia 2 de abril. Agora, as atenções estarão voltadas para o que a China irá fazer. O país tem se mostrado bastante comprometido em retaliar as imposições de Trump, mas, oferecido que o presidente americano mostrou disposição em recuar, isso pode levar a uma abordagem dissemelhante daqui para frente, não necessariamente buscando um concordância direto, mas talvez renunciando à política de ‘toma lá, dá cá’ e buscando abordagens alternativas”, conclui.

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