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Copom sobe Selic em 0,5 ponto, a 14,75% ao ano, e deixa próxima decisão em franco

Copom sobe Selic em 0,5 ponto, a 14,75% ao ano, e deixa próxima decisão em franco

Copom sobe Selic em 0,5 ponto, a 14,75% ao ano, e deixa próxima decisão em franco

Copom sobe Selic em 0,5 ponto, a 14,75% ao ano, e deixa próxima decisão em franco

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Meão (BC) subiu a meta para a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano. Com isso, a Selic alcança nesta quarta-feira (7) o maior nível desde julho de 2006.

“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, coligado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela suplementar na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, traz o enviado do BC.

Leste é o sexto aperto seguido na taxa básica de juros, mas as altas na Selic começam a perder intensidade depois três aumentos seguidos de 1 ponto. Mas, no mercado financeiro, o aperto de 0,5 ponto percentual na reunião de hoje já era esperado.

  • De concórdia com a instrumento Termômetro do Copom, do Valor Investe, com base em contratos de opções negociados na B3, 73% do investidores viam a escalada da taxa a 14,75% ao ano na decisão de maio.

Do ponto de vista do consumo, Selic mais subida ou mais baixa implica, nesta ordem, empréstimos e financiamentos mais caros ou mais baratos. E, assim sendo, serve uma vez que instrumento para esfriar ou esquentar a demanda e, a reboque, a inflação no mercado.

Para o mercado financeiro sítio, a renda fixa pagando mais significa que a renda variável tende a permanecer menos atrativa. Já para o internacional, a renda fixa no Brasil pode ou não oferecer retorno conciliável aos riscos, e assim atrair ou expulsar dólares. O que, por sua vez, ajuda a domar a inflação por meio do ducto do câmbio.

A partir das próximas reuniões do Copom, o horizonte para 2026 deve tarar mais sobre as decisões de política monetária do as expectativas para a inflação em 2025.

De maneira universal, economistas enxergaram o enviado divulgado pelo Copom com sinalizações mais inclinadas para a flexibilização da política monetária, no sentido unicamente de que o ciclo de apertos na Selic teria chegado (ou estaria muito próximo) do término.

“Pelo que o Copom expressou nesse enviado, ele encerrou o ciclo. Mas deixa a porta ensejo, porque não ganhava zero em fechar o ciclo definitivamente ou contratar mais uma subida. Em vez disso, adotou um tom precatado, de que está recebendo dados, que vai manter a taxa em patamar contracionista. Mas já é um cenário muito dissemelhante do que as projeções mais pessimistas temiam no final do ano pretérito, quando o mercado via a Selic em 17% ao ano”, afirma Matheus Spiess, comentador da Empiricus Research.

Ele pondera que a “situação brasileira não é trivial”, considerando a desancoragem das expectativas para a inflação, a inflação manante elevada e uma política econômica governamental expansionista que tira a eficiência da política monetária. Por isso, o comitê não ousou fincar o término do ciclo neste enviado. A Empiricus, no entanto, segue com a perspectiva de Selic a 14,75% no término de 2025.

“O Copom diz que vai manter os juros inalterados por bastante tempo. Agora, qual é essa janela? Podemos esperar um namoro de juros no término deste ano? Ou só no início do ano que vem. Dependendo dos dados até lá, acreditamos que o BC pode já inaugurar a trinchar Selic em 2025”, acrescenta Spiess.

Partindo de leitura semelhante, Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, espera que as ações domésticas reajam positivamente à sinalização do Copom no pregão de amanhã, enquanto o dólar pode voltar a tombar.

Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, vê duas grandes mudanças no enviado do Copom hoje, e ambas apontam para a direção de decisões menos duras sobre juros nas próximas reuniões do comitê.

“A primeira foi a opção de não indicar qual seria a decisão mais provável a ser tomada na próxima reunião, em função da incerteza elevada presente no cenário, o estágio avançado do ciclo e os efeitos defasados do aperto monetário já feito. A segunda mudança importante é que o comitê deixou de caracterizar o balanço de riscos das suas projeções de inflação uma vez que assimétricas para cima e passou a ver riscos mais elevados tanto de subida quanto de baixa. Leste ponto foi reforçado pela queda da projeção de inflação do padrão do Banco Meão no horizonte relevante para a política monetária, que passou de 3,9% na reunião de março para 3,6% na reunião concluída hoje”, defende.

Daniela Lima, economista para Brasil da Kinea, coloca, entre os pontos que pesam contra o fecho do ciclo de contração dos juros, que a projeção para a inflação em 2026 ficou ligeiramente supra do esperado, embora o BC tenha revisado a de 2025 para grave.

“E [a projeção do BC] ainda está bastante distante das projeções do mercado – o que, se o mercado estiver correto, irá impactar para cima as projeções do Copom de 2025 e, por inércia, as de 2026”, conclui Lima.

Amplamente esperado pelo mercado, esta foi a terceira manutenção dos juros – e também a terceira reunião desde o início do segundo procuração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem pressionado o Fed a descer as taxas.

Na coletiva depois discursar a decisão, Jerome Powell, presidente do Fed, enfatizou as preocupações da domínio monetária com os impactos do tarifaço de Trump na inflação americana e com o mercado de trabalho apertado nos EUA.

  • Entre a reunião de março e esta, a narrativa econômica foi sequestrada pelo tarifaço de Donald Trump, anunciado em 2 de abril, o que trouxe preocupações sobre os impactos das alíquotas elevadas no negócio global.

As últimas edições do Boletim Focus mostraram redução das perspectivas para a inflação no término deste ano. O principal ponto de descompressão foi cambial, com recuo de quase 7% do dólar perante o real desde o início de 2025.

Porquê boa secção da calabouço produtiva é impactada, direta ou indiretamente, pelo dólar, o encarecimento da moeda americana eleva os custos das empresas e, consequentemente, de produtos e serviços. Assim, o câmbio é um ponto de pressão inflacionária no país.

Graças a essa reversão de cenário (majoritariamente extrínseco), os ânimos em torno da inflação brasileira arrefeceram. A contenção do cenário de desancoragem das expectativas já provocou correções nas estimativas do mercado financeiro para a Selic.

No último Boletim Focus, a previsão dos economistas para o IPCA de 2025 saiu de 5,65% há quatro semana para 5,53% na última publicação.

Lembrando que a meta de inflação do BC é de 3%, com uma filarmónica de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para grave. Ou seja, de concórdia com as expectativas, o IPCA deste ano ainda deve estourar o teto em mais de 1 ponto.

Mas, com o tarifaço de Trump, as perspectivas de esfriamento depressa das economias dos Estados Unidos e da China cria um cenário de efeito cascata, em que as atividades de quase todos os países do mundo perderiam ritmo.

Essa mudança de cenário permitiu que as apostas para a Selic medida pelos contratos futuros de juros descessem inferior dos 14% em alguns vencimentos.

O IPCA-15 de abril avançou 0,43% em relação a março, praticamente em risca com as estimativas de economistas consultados pelo Valor Data. O indicador mostrou uma desaceleração na base mensal, mas, em 12 meses, o ritmo de escalada dos preços é de 5,49%, supra dos de 5,26%, observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Confira o enviado na íntegra

​O envolvente extrínseco mostra-se desconforme e particularmente incerto em função da lance e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política mercantil e de seus efeitos. A política mercantil alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da m​agnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a transporte da política monetária. Aliás, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por secção de países emergentes em envolvente de maior tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado dinamismo, mas observa-se uma incipiente moderação no incremento. Nas divulgações mais recentes, a inflação enxurrada e as medidas subjacentes mantiveram-se supra da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores supra da meta, situando-se em 5,5% e 4,5%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o ano de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,6% no cenário de referência (Tábua 1).

Os riscos para a inflação, tanto de subida quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual. Entre os riscos de subida para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do resultado mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de negócio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

A lance externa, em pessoal os desenvolvimentos da política mercantil norte-americana, e a lance doméstica, em pessoal a política fiscal, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê segue acompanhando com atenção uma vez que os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para asseverar a convergência da inflação à meta.

O Copom decidiu erguer a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 14,75% a.a., e entende que essa decisão é conciliável com a estratégia de convergência da inflação para o volta da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de asseverar a segurança de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno trabalho.

Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, coligado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela suplementar na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.

O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário tempestivo seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em peculiar dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do resultado e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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juros inflação renda fixa investimentos — Foto: Getty Images

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