Por que agora não odiamos tanto a novidade Odete Roitman?
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Confesso que não assisto novelas com regularidade. Costumava ver quando era mais novidade, com a minha mãe. Era uma espécie de programa para nós. Foram várias as novelas que assistimos juntas e algumas ficaram na memória, porquê secção da puerícia. Roque Santeiro, Pantanal (que aliás passou pela primeira vez na TV Manchete, quando eu ainda morava no Mato Grosso) e, simples, Vale Tudo, foram algumas delas.
Essas novelas, que marcaram momentos inesquecíveis com a minha mãe, retratavam com precisão sua idade, seus costumes e a forma porquê a sociedade pensava e se constituía, e era isso que fazia delas sucesso. Mas será que décadas depois elas ainda despertam os mesmos sentimentos nos telespectadores? Será que mocinhas e mocinhos, vilões e vilãs ocupam o mesmo posto no palato do freguês?
A impiedosa, exigente, enxurro de frases de efeito duvidoso e sem muita paciência para mediocridades Odete Roitman é um exemplo da máxima de que: “mudam-se os fatos, mudam-se as opiniões”. No remake de Vale Tudo, a novidade Odete Roitman, interpretada por Debora Bloch, desperta um pouco que há 37 anos pareceria inimaginável para qualquer pessoa com o mínimo de bom siso e integridade moral: a simpatia do público.
Símbolo supremo da vilania e arrogância da escol brasileira nos anos 1980, a Odete de hoje é vista por secção do público porquê um ícone de cultura, autonomia e autoconfiança feminina. Secção disso se explique talvez não tanto pela Odete em si, mas pela forma repaginada de se enxergar o poder feminino.
Na versão original, interpretada por Beatriz Segall, Odete era caricatural em sua frieza e arrogância. Ela era uma sufocação em todos os sentidos para os costumes da idade. Uma mulher que desprezava o Brasil, os brasileiros e qualquer traço de vulnerabilidade humana. O “quem matou Odete Roitman?” se tornou um dos maiores top trends da idade. O país inteiro parou para saber quem seria a assassina que, de certa forma, faria justiça e poria um termo à tirania de Odete.
Em 2025, apesar da Odete ainda ser cruel e arrogante, a ratificação do público é outra. No final da dez de 1980, quando a versão original da romance foi ao ar, uma mulher que falava sem filtros, não sorria por conveniência e liderava com domínio era maquinalmente rotulada porquê arrogante ou insensível. A Odete de 1988 foi o símbolo disso. Mas o mundo mudou e avançou, apesar de alguns ambientes para as mulheres ainda serem incompletos e desiguais. Hoje, algumas das características que tornavam Odete uma tripúdio, passaram a ser interpretadas sob uma novidade perspectiva.
Uma fala direta e sem suavizações agora é vista porquê assertividade. Exigência com resultados passou a ser lida porquê liderança com padrão ressaltado. Não estar disponível sempre e não sorrir para aprazer agora é entendido porquê autocontrole, foco, priorização.
Odete da ficção é uma mulher que domina o mundo dos negócios. Seu predomínio financeiro foi construído com disciplina, visão estratégica e, simples, com ração hípíco de inclemência. No folhetim, não herdou a riqueza, ela a multiplicou. Está adiante de conselhos, toma decisões bilionárias e não terceiriza poder. É financeiramente independente, toma suas próprias decisões. A independência financeira de Odete ainda nos dias de hoje é um pouco considerado revolucionário, e talvez isso ainda impressione, dentro e fora das telas.
Num mundo que ainda pune mulheres por serem ambiciosas, críticas ou francas demais, a novidade Odete tem conquistado alguns corações. Evidente que essa Odete aí da Mundo ainda tem muito de desprezível, mas ela tem também um lado que conversa com os costumes e a forma porquê a nossa sociedade pensa nos dias de hoje.
Para alguns, sua novidade versão é humanizada demais. Para outros, ela é o retrato de um feminismo exagerado. Mas talvez seja justamente essa incongruência, essa dualidade o porquê de não odiarmos tanto assim a novidade Odete Roitman.
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