Open Finance cresce e ganha mais força com chegada do Pix Automático

Mais de 62 milhões de pessoas autorizaram o compartilhamento de dados entre as instituições que fazem segmento do Open Finance no Brasil, no último ano, segundo o relatório anual do Open Finance 2025, antecipado ao Valor Investe.

Em confrontação a dezembro de 2023, o aumento foi de 47,7%. O número de consentimentos únicos em dezembro de 2024 aumentou 47,9% em relação ao mesmo período um ano antes. Só entre os usuários pessoa física (PF), eram 37,6 milhões de consentimentos únicos.

A lógica por trás do ecossistema é que o cliente é o possuidor de seus dados pessoais. Logo, sempre que ele decide permitir o compartilhamento de informações, ele permite que as instituições financeiras possam conhecê-lo e, assim, em tese, oferecer melhores produtos e serviços. Quando o cliente dá o seu consentimento para o compartilhamento de suas informações, os dados só podem ser usados para a finalidade específica na qual foi autorizada, respeitando a LGPD (Lei Universal de Proteção de Dados) e demais regulações pertinentes à segurança dos dados.

O sistema trabalha por meio de APIs (interfaces de programação), que fazem a conexão entre as instituições participantes e que permitem a troca de informações entre elas de uma maneira padronizada. O relatório registra que em 2024, o foco esteve na performance do ecossistema, na melhoria da qualidade e eficiência dos serviços e na ampliação do monitoramento, principalmente da qualidade dos dados compartilhados. Outrossim, houve o lançamento de oito novas APIs que permitiram um potente desenvolvimento do Open Finance Brasil na extensão de pagamentos.

Com isso, introduziu-se a funcionalidade Transferências Inteligentes, lançada em abril de 2024. “Essa inovação representa uma abordagem estratégica para a gestão inteligente de saldos em contas relacionadas, permitindo a transferência automática de fundos”, reforça o relatório.

A inclusão de Agendamentos Recorrentes, que permite aos usuários que agendem múltiplos pagamentos para um recebedor específico, também foi outro lucro pelos investimentos em APIs,, assim uma vez que a implementação da Jornada Sem Redirecionamento (JSR), que torna o Pix por aproximação mais fácil de ser usado, reduz o número de telas por transação e a quantidade de interações do usuário na hora de autorizar pagamentos.

“O lançamento de pagamentos recorrentes destacou-se, com mais de 1 milhão de transações realizadas em poucos meses, oferecendo aos clientes uma experiência inovadora na gestão de seus pagamentos”, pontua no relatório Élcio Calefi, diretor de Tecnologia e Operações do Open Finance Brasil.

Já com a implementação do Pix automático via Open Finance será verosímil fazer pagamentos automáticos com o consentimento do usuário, que agendará débitos de forma recorrente, sem premência de novidade mediação para confirmar os pagamentos.

Outra agenda para 2025, mas que já estava no radar desde o ano pretérito, são as necessidades do mundo Pessoa Jurídica. “Vamos priorizar e repensar nosso portfólio para alavancar novas experiências financeiras para as empresas, facilitando o dia a dia de pacto com suas necessidades”, diz Calefi.

Secção das entregas em 2025 também visa melhorias da experiência do usuário e reduzir as dificuldades de entendimento do público sobre produtos e serviços do Open Finance. A definição das regras para a portabilidade de crédito pessoal sem consignação e, posteriormente, para crédito consignado também estão na agenda. E em 2026, outra funcionalidade prevista será a sugestão automática de portabilidade de crédito pessoal, permitindo que os clientes encontrem opções mais favoráveis.

Open Finance em números:

• 190 conglomerados prudenciais ou financeiros
• 801 instituições e cooperativas cadastradas uma vez que participantes
• 429 instituições transmissoras/receptoras de dados
• 580 instituições detentoras de conta
• 47 instituições prestadoras de serviço de iniciação de pagamento
• Investimentos e custeio no Open Finance totalizaramR$ 333 milhões de 2020 a 2024

Porquê funciona o open finance

Implementado pelo Banco Meão a partir de 2020, o Open Finance permite o compartilhamento de dados e de serviços financeiros de forma padronizada, sempre com o consentimento do cliente, para promover maior transparência, competição e inclusão financeira. A implementação do Open Finance no Brasil ocorre por meio de um processo estruturado e gradual, dividido em fases que expandem progressivamente o escopo de compartilhamento de dados e serviços financeiros. A segmento regulatória cabe ao Banco Meão, já o mercado é o responsável por desenvolver o ecossistema.

Em 2024, foi criada oficialmente a Associação Open Finance (AOF), a entidade responsável por conduzir o sistema financeiro destapado. Segundo Ana Carla Abrão, diretora-presidente da Associação Open Finance, “prometer que os padrões de segurança, privacidade e interoperabilidade continuem sendo rigorosos e adequados ao desenvolvimento e desenvolvimento esperados, é segmento do trabalho da AOF”.

“A transição da governança para uma estrutura associativa formal chega em boa hora e representa um sazão institucional relevante. Os membros do ecossistema — bancos grandes, médios e pequenos, cooperativas de crédito, fintechs, instituições de pagamento — passam a ter uma representação mais estratégica na construção das próximas etapas do Open Finance”, complementa a executiva.

O relatório de balanço anual ainda destaca que o Brasil encontra-se no grupo dos 15 países (28% do Open Finance) com legislação aprovada ou orientação emitida por poder governamental relevante.

No contexto global, a tecnologia de compartilhamento de dados financeiros – Open Banking ou Open Finance – ainda está em sua temporada inicial de desenvolvimento, e sua evolução ocorre de maneiras distintas em 95 diferentes regiões.