Brasileiros buscam IA para organizar as finanças, mas será que vale a pena? Veja vantagens e riscos
Dezenas de vídeos publicados na rede social TikTok mostram brasileiros usando programas de Perceptibilidade Sintético (IA) para organizar as finanças, pedir conselhos para reduzir gastos e até produzir planejamento de metas, mas será que vale a pena? Especialistas ouvidos pelo Valor Investe apontam que, quando muito utilizado, dá para tirar proveito da IA para organizar a vida financeira, no entanto, o uso exige cautela, conhecimento técnico e siso crítico.
Porquê funciona a ‘trend’ (tendência de teor): na rede social, diversos produtores de teor fazem vídeos ensinando outros usuários a produzir prompts (uma instrução ou pergunta que é dada a um padrão de linguagem) para o Chat GPT. O intuito das perguntas são diversos, mas todos relacionados a melhorar a vida financeira.
Em alguns dos vídeos, os usuários enviam o PDF da fatura do cartão de crédito, pedem para a IA “ler” e mostrar padrões repetitivos, gastos que variaram entre um mês e outro e até dicas de quais áreas podem ter o dispêndio reduzido no cartão.
Apesar de ser uma mão na roda para quem não tem quantia para remunerar uma consultoria financeira, por exemplo, é preciso ter cautela tanto na formulação das perguntas, quanto ao levar as respostas da IA uma vez que a única solução provável — uma verdade absoluta, sem questionar, explica Ione Amorim, economista e consultora em finanças e superendividamento.
Isso porque o prompt direciona a IA generativa a entender mais precisamente o que o usuário está solicitando. Por isso, é principal saber fazer a pergunta certa.
“A IA traz conceitos técnicos e normalmente, quem vai fazer procura na IA tem que ter um mínimo de embasamento para saber fazer perguntas que vão trazer respostas objetivas para ela. Quando falamos: ‘eu vou buscar um investimento ou uma vez que renegociar uma dívida’, você precisa ter um pouco de noção e não simplesmente formular perguntas sobre onde investir melhor meu quantia ou onde eu vou renegociar”, explica Amorim.
A técnico também pontua que a IA pode não trazer uma resposta que esteja alinhada à verdade pessoal do usuário e que, ou por outra, pode influenciar a tomada de decisão de quem pede o parecer. “Ela [a IA] pode ser uma manancial de informação, mas ela sozinha não vai trazer as respostas esperadas”, comenta.
Dá para melhorar padrões de consumo?
Em muitos vídeos, produtores de teor pedem informações sobre o padrão de consumo a partir da fatura do cartão de crédito, porém a técnico ressalta que essa funcionalidade já é oferecida por diversos bancos dentro do próprio app — não sendo uma novidade e nem sendo necessário essa ‘terceirização’ do serviço. Aliás, Amorim pontua que a valia cá está em o que o consumidor faz com a informação que recebe.
“Essa resposta sozinha não traz os instrumentos para ter um controle melhor do uso do seu quantia. Se a pessoa eventualmente tem urgência de usar o cartão com regularidade porque tem uma renda baixa e compra muito maná, é uma verdade que não pode ser mudada simplesmente porque a IA vai atribuir que você compra mais comida do que roupa ou outros gêneros de consumo”, descreve a consultora.
A IA também não leva em consideração efeitos relacionados à saúde mental, por exemplo. Em alguns casos, explica Amorim, é geral ver que os gastos específicos são um processo de ‘autocompensação’: um libido de consumir mais determinadas coisas para satisfazer uma questão pessoal. E a IA não vai ler esse tipo de informação tão sutil nas entrelinhas das informações que lhe serão dadas.
“Por exemplo, se eu tô vivendo um momento difícil, de autoestima, tenho muita urgência de consumidor mais roupas, essas percepções não serão acolhidas pela IA. Ela vai trazer respostas técnicas, mas você vai continuar tendo o mesmo comportamento porque o que está te afetando são questões comportamentais, externas”, ressalta Amorim.
Por outro lado, a IA pode ser uma ajuda e tanto no planejamento de metas financeiras. Em outros vídeos, os usuários pedem para o ChatGPT produzir planilhas a partir de um objetivo de ‘poupança’. Amorim explica que se o usuário olhar com recenseamento crítico — e não uma vez que uma verdade absoluta — o mecanismo pode ser um caminho para edificar uma base para melhorar a organização financeira e ter um uso mais prudente do quantia. Simples, pontua ela, adaptando para cada urgência e verdade pessoal.
Segundo os especialistas, há risco no compartilhamento de informações, de investir em produtos fora do perfil de investidor — direcionado a partir do parecer da IA — e também de o consumidor encetar a ser bombardeado com publicidade relacionada aos conselhos que pediu. Isso inclui, inclusive, investimentos, caso o usuário use a utensílio para pedir dicas sobre onde alocar o quantia.
Isso porque, a partir do direcionamento da IA, o usuário pode ser influenciado para uma determinada tomada de decisão — incluindo alocar o quantia em produtos que não conhece ou que estão fora do seu perfil de investidor.
Alexandre Nery, gerente de ciência de dados da Serasa Experian, detalha que a primeira dica muito geral quando se fala em fraudes de forma universal é evitar expor dados sensíveis. Isso quer proferir que não tem problema você grafar na IA um pouco uma vez que: “fiz um gasto de R$ 1 milénio no supermercado” ou “gastei R$ 3 milénio numa loja de eletrodomésticos”, por exemplo, descrevendo de forma genérica ao pedir ajuda para uma Perceptibilidade Sintético. O que não se deve fazer é colocar nome completo, CPF, número do cartão, senha, nem zero que identifique a pessoa facilmente.
“Também não é indicado imitar e grudar diretamente o extrato bancário na IA, porque ele pode moderar dados sensíveis, inclusive endereço”, ressalta ele.
O segundo ponto é utilizar uma IA generativa que ofereça crédito. O técnico diz que não é recomendável transpor usando qualquer utensílio disponível na internet e mesmo as mais conhecidas exigem atenção. Essas ferramentas são treinadas com grandes volumes de dados — muitas vezes públicos e nem sempre verificados — logo é fundamental ter transparência sobre o que a política de privacidade informa.
“É importante ler a política de privacidade e entender claramente uma vez que os dados serão usados — se serão armazenados, se serão utilizados para treinar a IA, se poderão ser expurgados posteriormente, por quanto tempo ficarão armazenados, e se haverá compartilhamento com terceiros”, diz o técnico.
É provável saber se a IA armazena dados checando a política de privacidade. Inclusive, o técnico recomenda que, antes de fornecer qualquer tipo de informação, se busque entender a política de privacidade de cada plataforma.
“Se for uma IA de um sistema robusto e sério, ele terá uma política de privacidade muito clara e definida quanto ao tratamento dos dados. E essa é a única forma de saber se os dados estão sendo armazenados, por quanto tempo, e uma vez que serão utilizados. No momento da interação, não há uma vez que saber isso exclusivamente pela interface — por isso, é principal conferir a política com atenção antes de usar”, finaliza Nery.
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