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A pancada mais doída nunca veio dos fundos imobiliários

A pancada mais doída nunca veio dos fundos imobiliários

A pancada mais doída nunca veio dos fundos imobiliários

A pancada mais doída nunca veio dos fundos imobiliários

Existem várias maneiras de medir o risco de investimentos. Umas mais complexas, outras menos, o que não significa que exista melhor ou pior.

Em texto anterior, tratei da confrontação dos fundos imobiliários com outras classes de ativos, usando o meandro padrão dos retornos uma vez que medida de risco. É uma das formas mais utilizadas no mercado financeiro. Não é muito complexa e procura provar o nível de incerteza sobre a variação de preços dos ativos.

Uma outra forma de medir risco, mais simples e, para muitos, mais efetiva, é unicamente medir qual foi o trambolhão sumo de preços de um ativo em um determinado período de tempo.

Tecnicamente, o nome disso é Maximum Drawndown. Apesar do nome complicado, o conta é realmente simples e o resultado procura provar, na prática, quanto você perderia se estivesse comprado em um ativo em um momento em que aconteceu uma queda potente e repentina.

Evidentemente que, uma vez que a maioria das metodologias, os cálculos são baseados em dados passados e zero garantem sobre o horizonte. Ainda assim, podem ter qualquer valor se considerarmos o longo período analisado e o maior de todos os testes até logo, que foi o ano de 2020, com o auge das incertezas acerca dos efeitos da pandemia de covid-19.

  • Calculei o Maximum Drawndown de fundos imobiliários (IFIX), ações do Ibovespa B3 (IBOV), ações do índice de dividendos (IDIV), ações de menor porte que fazem secção do índice small caps (SMLL) e também do IMA-B 5+ , que é o índice que mede o retorno de uma carteira de renda fixa composta por Tesouro IPCA+ (NTN-B) com prazos mínimos de vencimento superiores a 5 anos.

Usei dados desde 2011, que foi o ano em que o IFIX começou a ser calculado, defini o período uma vez que mensal e dentro de cada ano. Ou seja, em 2011, qual foi a maior queda mensal de preços em fundos imobiliários, ações e Tesouro IPCA+? O mesmo para cada ano, até 2024. Portanto temos 14 períodos anuais completos.

Em nenhum dos anos os fundos imobiliários foram os que apresentaram a maior queda (Maximum Drawndown) e em 6 destes anos tiveram a menor queda entre as classes de ativos comparadas.

As maiores quedas ficaram praticamente todas entre os índices de ações. Em 13 desses 14 anos, qualquer dos 3 índices foi o que deu a pancada mais doída nos investidores, de um mês para o outro.

As ações de menor capitalização (small caps) foram as que levaram os maiores tombos em 8 dos 14 anos. As ações do índice de dividendos tiveram as maiores desvalorizações em 3 dos anos e as do Ibovespa B3 em 2 dos anos.

O IMA-B 5+ foi o que mais caiu em unicamente um dos anos. Em ressarcimento, o que menos caiu em 8 anos.

A tábua detalha os resultados ano a ano. Em vermelho está a classe de ativos com a maior queda de um mês para o outro dentro do ano e, em verdejante, com a menor queda.

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Maior queda mensal em um ano — Foto: Arthur Vieira de Moraes

As ações small caps tiveram o maior trambolhão mensal nos anos de 2011, 2015, 2018, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024, enquanto as ações do índice de dividendos tiveram grandes quedas abruptas em 2014, 2016 e 2017 e as ações do Ibovespa B3 em 2012 e 2013. O ano de 2019 foi o único em que a pancada mais potente não aconteceu nas ações e sim no índice de Tesouro IPCA+.

Note que unicamente fundos imobiliários e Tesouro IPCA+ foram as classes que tiveram as menores quedas de um mês para o outro, em todos os anos.

Fundos imobiliários nos anos de 2011, 2015, 2017, 2019, 2021 e 2024, enquanto o índice de Tesouro IPCA+ em 2012, 2013, 2014, 2016, 2018, 2020, 2022 e 2023.

Em 2020, ano de quedas exacerbadas em todas as classes de ativos, o Maximum Drawndown de um mês para o outro aconteceu nas ações small caps, que tiveram queda de 35,07%. O segundo pior desempenho foi das ações do Ibovespa, com queda de 29,90%, seguidas pelas ações de dividendos, que caíram 25,53%. Os fundos imobiliários caíram 15,85% e o índice de Tesouro IPCA+ caiu 10,93%. Todas foram entre os meses de fevereiro e março de 2020.

Ou seja, se esse comportamento continuar acontecendo no horizonte, podemos esperar que os FIIs protejam mais o patrimônio em períodos de fortes quedas do que as ações.

E quando comparados aos títulos de renda fixa de longo prazo e com potente componente prefixado, uma vez que é o caso do Tesouro IPCA+, apresentem comportamento semelhante, embora com quedas mais acentuadas nos períodos de maior nervosismo do mercado financeiro, uma vez que vimos em 2016 e 2020.

Você que já está me chamando de pessimista por só olhar para as quedas, ou que está buscando aquela frase de efeito, que aprendeu com seu influencer de estimação para proteger a classe das ações… pode se acalmar. Veja a tábua com a medida contrária, a das maiores altas de um mês para o outro.

maior-alta A pancada mais doída nunca veio dos fundos imobiliários
maior subida mensal em um ano — Foto: Arthur Vieira de Moraes

Condizente com a maior volatilidade, as ações também concentram as maiores altas e, dentre elas, as small caps com maior frequência. Fundos imobiliários só tiveram a maior disparada de preços de um mês para o outro em um dos anos, enquanto o IMA-B 5+ nunca teve o gostinho da vitória.

Portanto, para quem procura resultados de limitado prazo com a valorização de ativos, fundos imobiliários e Tesouro IPCA+ não são as classes de ativos mais indicadas

Estudos uma vez que esse servem para que você entenda a diferença entre classes de ativos e o que esperar do comportamento de cada uma delas, de forma que procure combinar diversas classes em uma carteira diversificada. Não existe o melhor investimento, só existe o melhor conjunto de investimentos para o seu momento de vida.

Te libido um 2025 com mais dados e menos opiniões!

Se quiser ver a confrontação do texto anterior, encontre cá.

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Arthur Vieira de Moraes — Foto: Arthur Vieira de Moraes

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