À sombra do tarifaço de Trump, Ibovespa tem primeira semana negativa em 2025

E, nesta sexta (7), o estresse foi extravasado com o cenário mais temido pelos mercados ganhando forma diante dos investidores.

Donald Trump, que havia iniciado seu procuração num tom mais moderado do que era esperado, mostrou hoje que suas ameaças podem passar de bravatas.

Roupa é que o presidente dos Estados Unidos anunciou um prazo para implementar seu tarifaço: da próxima semana, não passa.

Mas o que Trump anunciou, na verdade, é uma política de reciprocidade de taxação. É dissemelhante da que vinha sendo tratada com Canadá, México e China, com os quais os EUA negociavam tarifas incrementais sobre alguns de seus produtos.

A medida da reciprocidade tarifária é basicamente taxar importações na mesma medida que suas exportações são taxadas. E ela pode afetar o Brasil.

Embora não esteja entre os principais exportadores para os EUA, o país mais tarifa produtos americanos do que os americanos tarifam os produtos brasileiros.

• Assim, o Ibovespa cedeu quase 1,3% nesta sessão, aos 124.619 pontos. Com as perdas de hoje, o saldo semanal ficou negativo em 1,2%. Foi a primeira semana desde o primórdio de 2025 que o principal índice de ações do Brasil encerrou com perdas. No reunido do ano, os ganhos foram reduzidos hoje a 3,6%.

• O Ibovespa movimentou R$ 16 bilhões hoje, praticamente em traço com a média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões – no menor nível desde 2019.

O verdadeiro impacto de uma política tarifária mais dura sobre produtos brasileiros não recai só sobre a balança mercantil (superavitária para o Brasil), mas também sobre o comportamento do dólar.

Com menos recursos entrando no país, a moeda sítio tende a se desvalorizar.

• Assim, o dólar mercantil avançou 0,51% e fechou o dia a R$ 5,79. Na semana, graças às quedas recentes, recuou 0,76%. No reunido do ano, a moeda americana desvalorizou 6,26% contra o real.

E adivinhação o que fica pressionada com dólar mais basta? Inflação.

Outro paisagem da medida anunciada por Trump é o seu impacto inflacionário global. Além de dólar mais basta, um envolvente de custos mais elevados para as mercadorias circularem globalmente tende a impulsionar os preços.

Caso esse cenário se concretize, a inflação pode se tornar um travanca para a meio da política monetária pelos bancos centrais. Em outras palavras: esperar para escoltar novos dados não vai servir, os juros precisarão subir em muitos países.

Cá, as projeções de Selic supra dos 15% ao ano, que vinham sendo abandonadas, ganharam força novamente.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,95% para 15,04% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,69% para 14,87% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,48% para 14,64%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Mais cedo, as negociações de juros já pressionaram os juros dos títulos públicos americanos (Treasuries), depois que os dados de janeiro do relatório de trabalho dos EUA, o “payroll”, mostraram elevação da volume salarial e revisões para cima dos números do mês anterior.

A guinada nas bolsas, no entanto, veio com a divulgação do índice de sentimento do consumidor americano, que caiu para o menor nível em sete meses. Foi uma surpresa para economistas e agentes do mercado financeiro.

• Em meio às preocupações com efeitos das ameaças tarifárias de Trump, as expectativas dos consumidores dos EUA com a inflação subiram para uma taxa de 4,3% ao ano nesse primórdio de fevereiro, 1 ponto percentual supra da estimada no mês anterior, segundo a pesquisa da Universidade de Michigan.

E essa é uma questão-chave para entender a inflação: ela se retroalimenta com base nas expectativas. O que se espera do comportamento do mercado pode condicionar um aumento dos preços e custos de serviço porquê forma de antecipar o que virá no horizonte.

“Ainda projetamos impacto moderado no prolongamento dos EUA, mas esses acréscimos tarifários podem louvar a tarifa efetiva em 4,7 pontos percentuais, resultando em um aumento de 0,5 ponto na inflação básica medida pelo PCE, que chegaria a 2,6% em dezembro (diante de 2,4% na projeção anterior)”, informa o Goldman Sachs em relatório.

A equipe do banco ainda pondera que, embora a expectativa básica seja de mais dois cortes de juros pelo banco mediano americano – em junho e dezembro -, agora há maior chance de prorrogação dos alívios.

A volta dos que não foram: o risco fiscal no Brasil

Na secção da tarde, gasolina foi jogada na fogueira. Membros do Planalto sinalizaram possíveis medidas que poderiam catapultar os gastos federais. E esse retrato relembrou investidores brasileiros do palato amargo do risco fiscal.

Mais cedo, em exposição durante evento na Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que anunciará “mais programas de crédito” na semana que vem. Ele não especificou, no entanto, que políticas seriam essas.

Segundo o presidente, o objetivo é colocar mais quantia nas mãos dos brasileiros e “evitar a compra de dólares ou depósitos no exterior.”

Na sequência, veio a notícia que colocou até membros do Ministério da Rancho nas pontas das cadeiras: o verosímil reajuste do Bolsa Família.

De conformidade com uma enunciação dada pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Penúria, Wellington Dias, em entrevista ao portal DW, a medida está sendo discutida dentro da sua pasta e pode ser proposta para driblar a subida dos preços dos vitualhas.

A decisão “será tomada até o final de março”, afirmou o ministro, que disse trabalhar em um relatório a ser apresentado ao presidente da República.

Procurados pelo Valor, membros do basta escalão da equipe econômica já disseram que essa proposta não foi discutida pelas equipes e veem a enunciação do ministro porquê “inoportuna”, principalmente em um momento de posição cambial e menos turbulência no mercado.

Mas a notícia já havia derribado porquê uma petardo no mercado financeiro. E porquê fica a bolsa brasileira depois de tudo isso?

• Em meio a tanto pessimismo, das 87 ações que atualmente compõem a carteira do Ibovespa, 69 recuaram.

*Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.