×

Ação da Vale (VALE3) está face ou barata? Comparamos com a concorrência

Ação da Vale (VALE3) está face ou barata? Comparamos com a concorrência

Ação da Vale (VALE3) está face ou barata? Comparamos com a concorrência

Ação da Vale (VALE3) está face ou barata? Comparamos com a concorrência

Uma das principais produtoras globais de minério de ferro e dona da maior fatia da carteira teórica do Ibovespa, índice de referência das ações brasileiras, a Vale (VALE3) costuma aprazer a “gregos e troianos” pela sua relevância no mercado e pelo histórico de boa pagadora de dividendos. Mas será que os papéis da mineradora são negociados a um preço que de indumento justifique o investimento?

A Vale faz segmento da cesta das “blue chips”, que engloba ações de empresas muito procuradas pelos investidores e, portanto, com grande volume de negociações na bolsa. Essas companhias também são conhecidas por proporcionar maior segurança em ambientes de estresse de mercado.

Recentemente, no entanto, a mineradora foi penalizada pela deterioração do cenário global. Em abril, os papéis caem 2,3%, mas ainda avançam 5,35% no amontoado do ano. A CSN Mineração, sua concorrente direta na bolsa do Brasil, sobe 2,4% no mês e ganha zero menos que 24% em 2025.

As mineradoras estrangeiras, por sua vez, apresentam desempenho misto no ano. Enquanto Rio Tinto e BHP sobem 3%, Fortescue desvaloriza 12,5%. Ao lado de Vale, essas são as maiores produtoras de minério de ferro do mundo.

Ação da Vale está barata?

Em termos de preço, existem diversos modelos que podem ser usados para julgar se uma ação está face ou barata. Entre os mais usados pelos analistas estão os múltiplos, que relacionam o preço do ativo com indicadores contábeis das empresas, uma vez que é o caso do preço sobre lucro (P/L).

  • O P/L compara o preço da ação com o lucro da companhia e o resultado dessa conta indica quanto tempo o comprador levaria para reaver o verba investido.

Um P/L de cinco, por exemplo, estima que o acionista pode receber por meio de dividendos em um prazo de cinco anos. Um P/L de dez, por sua vez, em dez anos. Em miúdos, um P/L de cinco indica uma ação mais “barata” que um de dez.

Ao confrontar o P/L da Vale com o da concorrência, a mineradora aparece no meio do caminho: não é a mais face, nem a mais barata. Por outro lado, o múltiplo da companhia negocia aquém da sua média histórica, o que, na visão de especialistas, justifica o investimento nas ações.

“Quando a gente olha os múltiplos em um horizonte maior, o desconto visto nas ações da Vale hoje é muito superior ao que era praticado nos últimos 10 anos”, afirma Felipe Paletta, estrategista da EQI Research.

É hora de comprar ações da Vale?

Victor Bueno, sócio e comentador da Nord Investimentos, lembra que não é de agora que os papéis da Vale vêm sendo muito punidos pelo mercado por conta da queda do minério de ferro. “As incertezas relacionadas aos incentivos econômicos na China pesam sobre a commodity e, consequentemente, sobre as ações do setor desde os anos de pandemia”, destaca.

Uma vez que o país asiático é atualmente o grande mercado consumidor de commodities metálicas do mundo, sendo o mercado imobiliários chinês responsável por mais de 30% da demanda por minério, o extenuação da economia chinesa tem impacto direto nas empresas exportadoras, uma vez que é o caso da Vale e das concorrentes australianas.

“A China já era uma grande preocupação do mercado e, inclusive, tem culpa relevante nesses descontos não só das ações da Vale, mas do setor uma vez que um todo”, avalia Paletta.

“As incertezas relacionadas ao mercado imobiliário chinês, se a indústria vai dar conta de suprir o incremento que o mercado imobiliário entregou nas últimas décadas, e uma vez que isso vai interferir na demanda por minério de ferro, são os pontos principais de discussão para a tese das exportadoras”, complementa o técnico da EQI Research.

Há algumas semanas, o governo da China lançou mais um projecto, entre outros que já foram anunciados no pretérito, para promover o aumento da renda familiar e estimular o consumo doméstico, que deve ser o principal motor de incremento da economia chinesa neste ano.

  • De subitâneo, o mercado até reagiu muito ao pregão, mas a verdade é que essa história já é conhecida entre os investidores. E agora com um agravante a mais.

Com a guerra mercantil entre Estados Unidos e China ainda sem termo, sobram dúvidas se tais medidas vão ser suficientes para sustentar o incremento chinês, sobretudo diante do potencial impacto das medidas tarifárias nas exportações do país asiático.

“As incertezas com relação ao nível de demanda de minério de ferro são tão grandes, que a principal instituição referência do setor, World Steel Association, postergou a divulgação de suas projeções de demanda global de aço programada para o início de abril para um momento oportuno”, comenta Mary Silva, comentador do BB Investimentos, em relatório.

Bueno, da Nord, ressalta que, durante a escalada do embate mercantil, os preços do minério de ferro chegaram a tocar o patamar de US$ 95 por tonelada – atualmente, os preços da commodity rondam os US$ 100 por tonelada. “Se houver uma piora suplementar no conflito e os preços voltarem a tombar, muito provavelmente vai impactar a geração de caixa e os resultados operacionais das companhias do setor”, afirma.

No entanto, mesmo com uma provável piora no cenário global, o técnico avalia que o mercado já atribuiu um pessimismo muito grande nos preços das ações da Vale. “Não dá para declarar se vai ou não sobrevir uma piora de cenário, mas, no patamar de preços praticados atualmente, a gente acredita que faz sentido ter uma parcela pequena da carteira investida nos papéis da mineradora, principalmente se o objetivo final for dividendos”, defende.

Ele destaca que a Vale é uma empresa que ainda cresce, focada em realizar investimentos para aumentar as operações em minério e também em outros metais. “Mesmo crescendo e investindo, a empresa não deixa de remunerar dividendos em patamares bastante satisfatórios”, diz.

Além das questões no cenário extrínseco, Ruy Hungria, comentador da Empiricus, lembra que, nos últimos anos, a mineradora enfrentou problemas operacionais e de licenciamento que afetaram a produção e os custos da companhia. E, mais recentemente, a Vale também esteve envolvida em um longo embate com o governo a saudação do rompimento da barragem em Mariana e do processo de transição do presidente da empresa.

“Ou seja, as ações da mineradora estão relativamente baratas, mas o desconto não é totalmente injustificado por conta desses fatores”, afirma.

Por outro lado, Hungria vê espaço para uma redução no nível de desconto atual dos papéis da Vale por dois motivos. Primeiro, diz, as questões envolvendo o rompimento da barragem em Mariana e a mudança de presidente já foram resolvidas. E o segundo fator diz saudação à segmento operacional, diante da estimativa de que a companhia deve entregar uma melhora não só na produção, uma vez que nos custos nos próximos anos.

“Esses motivos, combinados com um bom pagamento de dividendos, garante à Vale uma posição na carteira de dividendos da Empiricus (Vacas Leiteiras)”, destaca.

Luís Otávio, trader de mesa de renda variável do Grupo SWM, pondera que o mercado deve permanecer discreto às projeções da mineradora para 2025, mas diz estar confortável quanto à capacidade da empresa de executar as metas de produção de minério. Em relação às ações da companhia, o técnico avalia que os ativos continuam significativamente descontados.

“Os papéis estão muito convidativos nos preços atuais, logo, principalmente para aqueles investidores com um viés de alocação de valor, a gente acredita que faz sentido o investimento, temos bastante conforto em relação aos múltiplos da mineradora”, diz.

Quando comparada às concorrentes gringas, a Vale carrega um prêmio de risco suplementar de uma empresa brasileira que as australianas não têm. “O investimento no Brasil envolve riscos que devem ser considerados, enquanto a Austrália é vista uma vez que um direcção mais seguro para investimentos de longo prazo”, argumenta João Abdouni, comentador da Levante Inside Corp.

Uma das principais diferenças é a volatilidade cambial. Enquanto o real apresenta oscilações mais intensas, influenciado por questões políticas, fatores externos e flutuações das commodities, o dólar australiano tende a ser mais firme, refletindo a solidez macroeconômica do país.

“Aliás, o Brasil possui um histórico de interferências governamentais em setores estratégicos da economia, mudanças na legislação, burocracia e um envolvente jurídico que pode ser considerado instável por segmento dos investidores”, diz Abdouni. A Austrália, por sua vez, oferece um envolvente institucional mais firme, com regras claras e maior previsibilidade, o que favorece a crédito do capital internacional.

gettyimages-79671145 Ação da Vale (VALE3) está face ou barata? Comparamos com a concorrência
— Foto: Getty Images

source

Publicar comentário