Ação da Vale (VALE3) está faceta ou barata? Comparamos com a concorrência
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A Vale (VALE3), maior produtora de minério de ferro do país, é negociada na bolsa brasileira com um desconto relevante em relação às rivais internacionais. Para os analistas, esse preço de oportunidade labareda atenção em um momento em que o mercado global de commodities ainda atravessa um ciclo de preços moderados.
Um dos principais termômetros dessa avaliação é o múltiplo preço sobre lucro (P/L), uma medida que mostra quantas vezes o investidor está pagando pelo lucro anual da empresa.
- Em outras palavras, o P/L indica quantos anos seriam necessários para que o investidor recuperasse o valor investido unicamente com o lucro atual da companhia. Quanto menor o P/L, mais barata tende a ser a ação em relação ao lucro que ela gera.
No caso da Vale, esse múltiplo está em 10,4 vezes, o menor entre as grandes mineradoras globais listadas em bolsa.
As estrangeiras Rio Tinto (RIO) e BHP (BHP) negociam a 11,5 vezes e 16,1 vezes, respectivamente, enquanto Fortescue (FMG) está em 12,8 vezes e CSN Mineração (CMIN3) em 15 vezes.
Desconto é considerado atrativo
Para Hugo Cabral, exegeta da Nord Investimentos, secção da diferença entre os múltiplos da mineradora brasileira e os das gringas se explica pela localização das minas.
“Empresas com a maior secção das operações na Austrália, uma vez que BHP, Rio Tinto e Fortescue, naturalmente negociam a múltiplos mais altos, já que estão mais próximas da China e têm custos de frete menores”, explica.
Mesmo assim, ele destaca que o desconto da Vale é atrativo e compensa a diferença logística, o que torna o atual patamar de preços uma oportunidade.
“A companhia detém a maior suplente de minério de ferro de subida qualidade do mundo, com texto de ferro de 65%, muito supra da média global. Isso garante uma vantagem competitiva relevante, inclusive sobre a CSN Mineração”, afirma Cabral.
P/L solitário não conta toda a história
Para João Daronco, exegeta da Suno Research, o múltiplo P/L deve ser analisado com zelo em empresas ligadas a commodities, já que o lucro delas varia conforme o ciclo de preços.
“Há uma frase clássica nesse mercado: em commodities, você compra com P/L cimo e vende com P/L insignificante. Isso porque, quando o lucro está deprimido, o múltiplo parece dispendioso, mas é justamente o momento em que o ativo tende a estar mais barato”, explica.
Daronco prefere olhar o chamado P/L normalizado, que considera o lucro médio ao longo de todo o ciclo.
“Nesse parâmetro, a Vale está barata. Hoje preferimos a mineradora brasileira, principalmente pelo preço e pela geração de caixa consistente que ela deve manter nos próximos anos”, defende.
O exegeta também cita a melhora da eficiência operacional e o aumento da demanda da Índia por aço uma vez que fatores que sustentam perspectivas positivas.
“Mesmo em um ciclo mais provocador, a companhia tem capacidade de entregar bons resultados e continuar distribuindo dividendos relevantes”, complementa.
Outro múltiplo reforça o desconto da Vale
Na visão de Pedro Galdi, exegeta da AGF, a ação da Vale também parece barata quando comparada por outro indicador, uma vez que o preço sobre valor patrimonial por ação (P/VPA).
- Esse múltiplo mostra quanto o mercado está pagando em relação ao valor patrimonial da empresa, ou seja, quanto o preço na bolsa se distancia do valor “real” que ela tem em ativos.
“A Vale é negociada a um P/VPA de 1,23 vez, enquanto a BHP está em 3 vezes e a Rio Tinto em 1,85 vez”, explica Galdi.
Na prática, isso significa que o mercado paga muito mais dispendioso pelo patrimônio das concorrentes do que pelo da Vale, o que reforça a leitura de que a ação brasileira ainda está com preço aquém do seu valor justo.
- Trocando em miúdos, existe um desconto em relação ao valor de mercado das rivais internacionais também sob a ótica do múltiplo P/VPA.
Galdi lembra ainda que uma escolha para quem quer se expor à mineradora é investir em Bradespar (BRAP4), holding que detém participação na Vale e negocia com desconto suplementar em relação ao valor de mercado da empresa.
Produção em subida e foco na eficiência
De olho no horizonte, a mineradora estima uma produção superior a 360 milhões de toneladas por ano até 2030, murado de 10% supra da projeção de 2025.
Grande secção desse desenvolvimento deve vir da região de Carajás, responsável pelo minério de ferro premium, com texto supra de 65% de ferro, o que tende a sustentar margens elevadas.
A empresa também segue reduzindo seu dispêndio C1, indicador que mede as despesas da mina até o porto, incluindo transporte, processamento e embarque, que deve permanecer aquém de US$ 20 por tonelada em 2026, perante US$ 22 por tonelada atualmente.
“É a quarta queda consecutiva na confrontação anual, resultado de ganhos de produtividade e eficiência operacional”, destaca Cabral, da Nord.
Dividendos e recompras seguem no radar
Com o minério de ferro se estabilizando próximo de US$ 100 por tonelada, analistas esperam que a Vale volte a gerar caixa robusto nos próximos trimestres.
No cenário base, as projeções indicam retorno em dividendos (dividend yield) em torno de 7% para 2025, podendo chegar a 10%, caso o preço da commodity retorne à filete de US$ 110 a US$ 120 por tonelada.
“Há espaço para dividendos extraordinários e recompras, desde que a dívida líquida expandida caia para aquém de US$ 15 bilhões. Hoje está em torno de US$ 17,5 bilhões”, avalia Cabral.
Galdi, da AGF, projeta dividendo por ação de R$ 4,36 para o próximo ano e diz que não descarta um novo programa de recompra de ações ainda em 2025.
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