Em seguida 12 meses de tremelique, Ibovespa deixa 83% dos investidores comendo poeira
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Lááááá no primórdio do segundo semestre de 2024, o Ibovespa já tinha pretérito por muito remelexo. Mas ainda mais estava por vir. O portanto recorde encravado em agosto foi ficando pequeno no retrovisor rumo à viradela de novembro para dezembro, sob efeito do trapalhão pregão de cortes de gastos do governo, ofuscado pela teoria de ampliar a isenção do Imposto de Renda (IR). Naturalmente, 2025 prometia novas perdas. Mas, num cavalo de pau, sob a sombra de Donald Trump, a procura por diversificação de investidores globais catapultou de volta o principal índice de ações do Brasil.
Resultado desse tremelique todo? 70% escaparam de quaisquer perdas nos 12 meses terminados em junho deste ano. Zero mau…
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Mas, de todo o universo do levantamento, um grupo muito menor realmente superou os 12% da subida do Ibovespa: unicamente 17% desses investidores (17.513 pessoas) bateram o índice de referência da bolsa, segundo levantamento da Grana Capital, plataforma parceira da B3 no operação do IR.
Os dados avaliaram as performances das carteiras de ações de 103.196 investidores pessoa física que usam o sistema. Em outras palavras, desse grupo, de todo modo, 83% comeram poeira do Ibovespa e menos investidores ainda realmente encerraram o ciclo ao som de “valeu a pena, ê ê”.
Nesse pausa de 12 meses, aliás, deu quase na mesma apostar no Ibovespa ou na taxa básica de juros. A Selic ofereceu quase a mesma rentabilidade bruta: 12,08%.
Digamos que uma pessoa tenha investido lá no primórdio dessa janela R$ 100 no ETF (do inglês Exchange Traded Funds, fundos negociados em bolsa que acompanham índices) BOVA11, o mais negociado entre os que seguem o Ibovespa, e outros R$ 100 num título Tesouro Selic com vencimento em 2026. Sem que ela tenha liquidado essas posições, em qual ela saiu ganhando?
Performance das carteiras de ações de pessoas físicas*
| Número de investidores | Repartição da Modelo | Filete de rentabilidade da carteira de renda variável | Performance |
| 31.300 | 30,33% | Inferior de 0% | Perderam para Selic e Ibovespa |
| 54383 | 52,69% | Supra de 0% mas inferior de 12,06% | Perderam para Selic e Ibovespa |
| 17.513 | 16,97% | Igual ou mais que 12,06% | Superaram Selic e Ibovespa |
| Totalidade: 103.196 |
Saiu ganhando nesse pausa a posição no Tesouro Selic 2026. Desconsiderada a marcação a mercado (a atualização diária do valor de um título com base em seu preço no mercado) – que é muito menos intensa nos papéis atrelados à taxa básica de juros – a pessoa do cenário hipotético se deu melhor com a sua posição na renda fixa pública.
Isso porque é preciso considerar, além dos retornos, a volatilidade de cada ativo. Enquanto, nesses 12 meses, o Ibovespa mergulhou tão inferior quanto aos 118 milénio pontos (no primórdio de janeiro) e foi tão sobranceiro quanto além dos 140 milénio pontos (no término de maio), a evolução dos rendimento do título Tesouro Selic 2026 foi manente, ascendente e regular.
- Além do fator psicológico – que muitas vezes impele investidores menores a se desfazerem de um ativo quando ele está em queda -, considerado o risco corrido, os retornos com o Ibovespa precisariam ser maiores que o de qualquer título do Tesouro, porém em peculiar superiores ao do papel que acompanha a Selic – já que ele colheita menos na marcação a mercado.
Mas para uma parcela ainda menor dos investidores no levantamento da Grana Capital, esses ganhos realmente foram maiores. Pouco mais de 9% do totalidade de investidores avaliados no levantamento tiveram retornos com ações iguais ou maiores que 16,67% nesse pausa. Na outra ponta, 30,3% dos pequenos amargaram perdas na bolsa.
Um fator que pesa contra o desempenho das carteiras de ações desses investidores comuns é a sua concentração em empresas muito conhecidas e negociadas na bolsa, as chamadas “blue chips”, explica Silvio Crespo, diretor de comportamento do investidor da Grana Capital.
Muitas vezes, na tentativa de mitigar riscos, as pessoas físicas apostam em papéis de companhias conhecidas e grandes. Acontece que, nesse pausa, as gigantes da bolsa foram as maiores armadilhas para os pequenos investidores.
- Nesse período, ações porquê as da Vale recuaram 8,6%, enquanto as preferenciais (PN, com preferência por dividendos) da Petrobras caíram mais de 4%, e as ordinárias (ON, com recta a voto em assembleias), 3%, considerando unicamente os movimentos na bolsa. A exceção foram os papéis do Itaú, que garantiram quase 35% de ganhos para seus investidores.
Outra empresa que segue no paladar dos investidores pessoa física, de convénio com dados deste primeiro semestre compilado pela DataWise+, solução da B3 em parceria com a Neoway, é Magazine Luiza. E a ação da varejista amargou 15,8% de perdas nesses 12 meses encerrados no término de junho.
A psicologia do pequeno investidor na bolsa
Para Crespo, os dados reforçam a percepção de que o investidor individual ainda é escravizado pelo emocional, por isso, dificilmente consegue evadir do “efeito manada” na bolsa.
“Notamos que esse investidor reage com demora aos movimentos do mercado. Ele compra quando o preço da ação está subindo, ou seja, depois que alguém já comprou antes. E ele vende quando começa a ver que está caindo, quer manifestar, depois que grandes investidores já venderam”, afirma.
Essa tendência é corroborada pelos dados da própria B3. Entre janeiro e junho, a participação de investidores individuais no volume negociado da bolsa subiu de 12% para 13,2%. Na janela avaliada pelo levantamento, as pessoas físicas aportaram R$ 14,4 bilhões mais do que venderam em ações no mercado secundário da bolsa brasileira, de convénio com dados da bolsa compilados pelo Valor Data. Tanto no segundo semestre do ano pretérito quando no primeiro deste, o fluxo desse grupo foi superavitário na bolsa.
Ou seja, o pequeno passou a participar mais do mercado num período de valorização dos ativos.
Nesse sentido, dados da plataforma Grana Capital sugerem que o comportamento do investidor pessoa física tem maior reciprocidade com a variação dos preços das ações do que com os movimentos da taxa básica de juros, revela o executivo.
Mesmo com a Selic passando de 10,5% para 15% ao ano nesse pausa medido, o número de investidores na B3 aumentou. “Poderíamos pensar lá no primórdio do ano: ‘bom, a Selic está subindo muito, portanto as pessoas sairão da bolsa’. Mas não parece ter sido isso que aconteceu”, pontua Crespo.
- Neste sentido, o pequeno investidor até acompanha expectativas dos grandes agentes do mercado financeiro, mas não de forma consciente e sim no rastro dos gigantes da bolsa, o que o impede de antecipar períodos de perdas ou os ralis.
Ele destaca que, enquanto o investidor institucional se antecipa aos movimentos macroeconômicos, a pessoa física parece reagir ao “calor do momento”, olhando para a valorização dos ativos sem, necessariamente, cruzar as informações porquê risco e dispêndio de oportunidade de um investimento.
Agora que as ações vêm apanhando do peso do tarifaço de Donald Trump, por exemplo, não é hora de temer.
Com o início dos alívios na Selic se aproximando, no cenário de especialistas, aqueles que têm estômago para a volatilidade da bolsa devem aproveitar a maré baixa para entrar nesse embarcação e surfar as próximas ondas de valorização na bolsa.
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