Apostas para início dos cortes na Selic esquentam. Confira em quais ações investir

É esse horizonte que parece mais ou menos distante a depender dos novos capítulos na romance do mercado financeiro.

Nesta terça (27), terreno à vista! Investidores começaram a enxergar de forma mais nítida em que paragens da bolsa brasileira poderão atracar seus barcos.

• O Ibovespa avançou mais de 1%, a 139.541 pontos, renovando o recorde vencido durante a sessão, alcançando 140.382 pontos na máxima. Na semana, o índice está com 1,25% de subida e, no mês de maio, acumula ganhos de 3,3%. Desde o primícias de 2025, a carteira já se valorizou 16%.

O otimismo veio do IPCA-15 de maio, que mostrou uma vez que o ritmo de subida dos preços desacelerou muito entre a segunda quinzena de abril e a primeira deste mês. Ou seja, a inflação parece estar perdendo o fôlego, com uma leitura mais baixa que a estimativa mais otimista das 26 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data.

• Assim, a carteira do Ibovespa movimentou quase R$ 18 bilhões, 10% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões.

Esta é a primeira leitura desde o primícias do ano que não vem nem distorcida por efeitos pontuais nem mostra uma constituição pior do que o indicador dá a entender. Em outras palavras: economistas aprovaram o que leram nas entrelinhas do relatório de inflação.

A primeira boa notícia com isso é que a Selic no patamar atual está fazendo o efeito de controlar o aumento dos preços nas prateleiras (virtuais e físicas). Logo, por ora, pode ser verosímil descartar um novo aperto na taxa básica de juros.

• Assim, a taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,72% para 14,69% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 13,58% para 13,38% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa saiu de 13,88% para 13,72% ao ano. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Para quem tem estômago para os mares revoltos do mercado de risco e andava só esperando uma sinalização para voltar à bolsa – e andou ignorando os últimos recordes cravados pelo Ibovespa -, eis cá o seu sinal.

Com o retorno do fluxo de capital estrangeiro nessa volta do feriado americano, até mesmo o real se valorizou diante de o dólar americano – inclusive se destacando de pares emergentes e apesar da desvalorização do petróleo hoje.

• O dólar mercantil recuou 0,53% contra o real e fechou o dia a R$ 5,64. Na semana, está tecnicamente seguro, mas, no mês de maio, caiu 0,56%. Neste ano, a moeda americana desvalorizou 8,65% no mercado de câmbio lugar.

Vamos lembrar que, entre os índices MSCI, provedora de índices de referência no mercado internacional, a cesta de ativos brasileiros negociada em Novidade York foi a que mais se valorizou do primícias de 2025 até cá.

O fundo que acompanha o índice (ETF, na {sigla} em inglês) MSCI Brazil saltou quase 23% do primícias deste ano até sexta passada, enquanto os desempenhos de ETFs que acompanham os índices MSCI de outros grandes mercados emergentes (China, Índia, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Tailândia e Taiwan) variaram entre perdas que chegaram a até 4%(caso da Arábia Saudita) a ganhos de até mais de 16% (casos de China e Coreia do Sul).

Como o Valor Investe mostrou cá, o Brasil está longe de ser o predilecto entre os mercados emergentes para os investidores mais endinheirados. Mas isso não significa que a perspectiva de valorização cá é menor.

A disparada do MSCI Brazil reflete a combinação de descompressão das ações locais e a valorização do real diante de o dólar.

Isso porque a bolsa daqui andou com preços tão comprimidos que nosso potencial pode ser até maior, ainda que o cenário doméstico ofereça mais riscos ou teses de investimentos menos diversas que outros mercados gigantes uma vez que Índia e China.

Filipe Ferreira, diretor de Negócios da Comdinheiro/Nelogica, explica que segmento do fluxo de ingressão de capital estrangeiro que ganhou força de meados de abril para cá se explica pelas incertezas sobre o porvir da economia dos EUA – o que faz com que os investidores busquem variar o portfólio em países emergentes – e pela qualidade dos fundamentos das empresas somado ao preço descontado das ações.

“Depois do boom que elevou gradativamente o preço das ações das sete maiores empresas de tecnologia do mundo – Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet (Google), Amazon, Meta (Facebook) e Tesla -, os investidores podem estar reavaliando estratégias e preferindo manter segmento dos portfólios dedicados a companhias de setores tradicionais, com perspectivas mais estáveis”, diz Ferreira.

Para ele, no mercado de ações brasílico, os estrangeiros testam o potencial do país ao apressar a compra, mormente de papéis com maior relevância no Ibovespa. São os casos de Vale, Petrobras e Itaú.

• Das 87 ações que fazem segmento do Ibovespa atualmente, 71 avançaram neste pregão.

Acontece que não são só os gigantes que acabam de beneficiando do fluxo de capital na bolsa brasileira.

Com o tempo limpo, velejar nos mares da bolsa brasileira pode ser mais interessante até para os investidores locais. Eles, que andaram se desfazendo de suas posições em ações domésticas desde setembro do ano pretérito, com a deterioração rápida do quadro fiscal.

Para se ter uma teoria, os investidores institucionais locais (bancos e fundos de investimentos) venderam quase R$ 20 bilhões mais do que compraram em ações no mercado secundário da B3 neste ano até o dia 23 de maio. Os estrangeiros, por sua vez, injetaram R$ 20,1 bilhões em participações de empresas brasileiras nesse mesmo período.

Só que, com a aproximação palpável de um início do ciclo de conforto nos juros, o gosto ao risco pode voltar a dar as caras também entre os investidores locais. E, para eles, sobram oportunidades entre as empresas cíclicas domésticas – aquelas sensíveis aos ciclos da economia lugar, que tendem a recolher mais e também a pegar mais impulso com a piora e melhora, respectivamente, desse cenário.

Foram essas ações, aliás, as responsáveis por uma generosa segmento da disparada do Ibovespa nesta sessão.

“Um fator que incentiva esse movimento é o preço ‘barato’ dos ativos, uma vez que as empresas que compõem o Ibovespa têm Preço/Lucro (P/L) médio de 7,29 vezes projetado para os próximos 12 meses. Uma vez que confrontação, o P/L projetado das sete maiores empresas dos EUA é de 30 vezes. Destacando que o PL grave pode indicar que a empresa está sendo negociada aquém do seu valor real, com potencial de propagação”, acrescenta o diretor de Negócios da Comdinheiro/Nelogica.

O perito vai além, recomendando ao investidor que não espere demais para voltar à bolsa. Do contrário, daqui a pouco, “pode ser tarde para alocar com foco em embolsar o desconto dos papéis.”