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Ata do Copom: BC volta a proferir que cenário pede juros altos por um bom tempo

Ata do Copom: BC volta a proferir que cenário pede juros altos por um bom tempo

O cenário atual “prescreve uma política monetária significativamente contracionista por um período bastante prolongado”. Ou seja: os juros devem continuar altos por um tempo. Quem afirmou foi o próprio Banco Mediano, na ata da última reunião do Parecer de Política Monetária (Copom) divulgada hoje (16). A reunião foi encerrada na quarta-feira passada e manteve a taxa Selic em 15% ao ano.

O Banco Mediano até “endossou o cenário esperado até cá” e disse que há uma moderação gradual da atividade, subtracção da inflação fluente e redução das expectativas. No entanto, ele reforçou que “seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na formalidade da inflação”, disse o transmitido. O BC ainda complementou que “seguirá acompanhando as expectativas de inflação, que se mantêm desancoradas“.

O que são as tais expectativas desancoradas?

Para quem não sabe, as “expectativas desancoradas” são as projeções da inflação distantes da meta perseguida pela poder monetária no chamado “horizonte relevante” da política monetária. Neste caso, 2026 em diante.

Essas expectativas importam por terem visível poder de autorrealização. Ao esperarem inflação mais subida lá na frente, produtores acabam remarcando preços para cima para se proteger da subida de custos. Já consumidores antecipam intenções de compra. E, na prática, essa inflação esperada mais subida pode ultimar se materializando. Nesse cenário, se o BC afrouxa a política de juros, corre o risco de passar a sensação de inflação ainda mais descontrolada no porvir.

Para se ter uma teoria dessa “desancoragem”, a meta de inflação perseguida pelo Banco Mediano é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para insignificante, o que leva o limite a 4,5%. Já segundo o Boletim Focus, a projeção dos economistas é que a inflação fique em 4,10% no ano que vem e em 3,80% em 2027, ambos supra dos 3%, mas inferior do teto de 4,5%.

Na ata, o Banco Mediano afirmou que as expectativas seguiram uma trajetória de declínio, mas permanecem supra da meta em todos os horizontes.

“Em envolvente de expectativas desancoradas, uma vez que atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria propício”, disse o BC em nota.

O mercado de trabalho ainda fica no radar

O Banco Mediano voltou a ressaltar as preocupações com a força da atividade, sustentada principalmente por dados de ocupação robustos. Mas, desta vez, o transmitido afirmou que apesar de a taxa de desemprego ter se mantigo em patamares historicamente baixos, houve uma redução da população ocupada e na taxa de participação.

“O mercado de trabalho está em patamar bastante apertado, há sinais incipientes de desaquecimento”, afirmou o BC em nota.

É importante ressaltar que, de um modo universal, quando o mercado de trabalho está mais aquecido, significa que as empresas estão contratando mais trabalhadores. Portanto, se elas estão demandando mais mão de obra, significa que elas também estão dispostas a remunerar salários nominais maiores para esses trabalhadores. E isso implica em maior dispêndio para as companhias. Esses custos, portanto, serão repassados nos preços dos produtos. E, assim, há mais inflação.

O Banco Mediano também afirmou que a última divulgação do Resultado Interno Bruto (PIB) do Brasil mostrou uma redução no desenvolvimento do consumo das famílias, o que pode ser uma boa notícia do ponto de vista inflacionário. Por fim, se há menos consumo, os preços ficam menos pressionados a subir.

Pelo menos o cenário extrínseco melhorou…

Por termo, para não proferir que só há preocupações no radar do Banco Mediano, a poder monetária trouxe uma sinalização positiva: a melhora do cenário extrínseco.

“Ainda que muitos riscos latentes persistam, o cenário internacional está menos incerto do que esteve há alguns meses”, disse o BC na ata.

O Banco Mediano reforçou que os preços das principais commodities permaneceram contidos e as condições financeiras seguem favoráveis.

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