Ata do Copom: BC volta a expressar que cenário pede juros altos por um bom tempo

No documento, a poder monetária afirma que segue firme com o compromisso de levar a inflação à meta. É importante realçar que os dados do IPCA de novembro mostraram que, em 12 meses, a inflação solene voltou a permanecer inferior do teto da meta pela primeira vez em mais de um ano.

O Banco Medial até “endossou o cenário esperado até cá” e disse que há uma moderação gradual da atividade, subtracção da inflação fluente e redução das expectativas. No entanto, ele reforçou que “seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na mandamento da inflação”, disse o enviado. O BC ainda complementou que “seguirá acompanhando as expectativas de inflação, que se mantêm desancoradas“.

O que são as tais expectativas desancoradas?

Para quem não sabe, as “expectativas desancoradas” são as projeções da inflação distantes da meta perseguida pela poder monetária no chamado “horizonte relevante” da política monetária. Neste caso, 2026 em diante.

Essas expectativas importam por terem visível poder de autorrealização. Ao esperarem inflação mais subida lá na frente, produtores acabam remarcando preços para cima para se proteger da subida de custos. Já consumidores antecipam intenções de compra. E, na prática, essa inflação esperada mais subida pode finalizar se materializando. Nesse cenário, se o BC afrouxa a política de juros, corre o risco de passar a sensação de inflação ainda mais descontrolada no porvir.

Para se ter uma teoria dessa “desancoragem”, a meta de inflação perseguida pelo Banco Medial é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para ordinário, o que leva o limite a 4,5%. Já segundo o Boletim Focus, a projeção dos economistas é que a inflação fique em 4,10% no ano que vem e em 3,80% em 2027, ambos supra dos 3%, mas inferior do teto de 4,5%.

Na ata, o Banco Medial afirmou que as expectativas seguiram uma trajetória de declínio, mas permanecem supra da meta em todos os horizontes.

“Em envolvente de expectativas desancoradas, uma vez que atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria favorável”, disse o BC em nota.

O mercado de trabalho ainda fica no radar

O Banco Medial voltou a realçar as preocupações com a força da atividade, sustentada principalmente por dados de tarefa robustos. Mas, desta vez, o enviado afirmou que apesar de a taxa de desemprego ter se mantigo em patamares historicamente baixos, houve uma redução da população ocupada e na taxa de participação.

“O mercado de trabalho está em patamar bastante apertado, há sinais incipientes de desaquecimento”, afirmou o BC em nota.

É importante realçar que, de um modo universal, quando o mercado de trabalho está mais aquecido, significa que as empresas estão contratando mais trabalhadores. Portanto, se elas estão demandando mais mão de obra, significa que elas também estão dispostas a remunerar salários nominais maiores para esses trabalhadores. E isso implica em maior dispêndio para as companhias. Esses custos, portanto, serão repassados nos preços dos produtos. E, assim, há mais inflação.

O Banco Medial também afirmou que a última divulgação do Resultado Interno Bruto (PIB) do Brasil mostrou uma redução no desenvolvimento do consumo das famílias, o que pode ser uma boa notícia do ponto de vista inflacionário. Por fim, se há menos consumo, os preços ficam menos pressionados a subir.

Pelo menos o cenário extrínseco melhorou…

Por termo, para não expressar que só há preocupações no radar do Banco Medial, a poder monetária trouxe uma sinalização positiva: a melhora do cenário extrínseco.

“Ainda que muitos riscos latentes persistam, o cenário internacional está menos incerto do que esteve há alguns meses”, disse o BC na ata.