Bitcoin e ouro para proteção de carteira? Porquê investidores podem se beneficiar de ambos
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Em tempos de crises e incertezas macroeconômicas globais, investidores buscam por ativos mais seguros, que possam proteger seu capital de perdas acentuadas. O ouro é uma das principais opções e, uma vez que tal, vem batendo sucessivos recordes de preço nos últimos três meses. Outro ativo também poderia estar entre essas alternativas, mas divide opiniões. Com possante volatilidade, mas cocuruto rendimento, o bitcoin, primeira e maior criptomoeda em valor de mercado, foi criado para ser o “ouro do dedo”.
“A construção da tese do bitcoin uma vez que suplente de valor (ou ouro do dedo) se apoia na propriedade de escassez: quando inferir o totalidade de 21 milhões de unidades em circulação, não poderão ser minerados novos tokens, o que tende a produzir um ativo que se valoriza junto ou supra da inflação”, explica Paula Zogbi, gerente de Pesquisa da Nomad.
“Para que isso se confirme, porém, é importante que haja uma ampla adoção do bitcoin uma vez que ativo de valor – que é mais difícil do que o caso do ouro, pela intangibilidade dos ativos digitais e pela privação de um histórico uma vez que moeda de troca.”
Ou seja, o ouro “de verdade” é palpável, visível e já foi amplamente utilizado para comprar e remunerar mercadorias durante séculos. Já o bitcoin tem pouco mais de uma dez de existência, não é tangível e sua utilização uma vez que meio de pagamento é irrisória.
De consonância com seu limitado histórico, no entanto, o bitcoin tem se mostrado bastante resiliente a crises e gerado ganhos vultosos ao investidor com foco no longo prazo. Ao mesmo tempo, também tem se caracterizado uma vez que um ativo de altíssimo risco, com possante especulação – e, muitas vezes, grandes perdas no limitado prazo.
Test-drive de investimentos (e dos nervos)
A última grande crise econômica e financeira global aconteceu há cinco anos: a pandemia de covid-19. Investidores em pânico, uma vez que todas as pessoas do mundo, passaram a vender seus ativos e buscar mais segurança, em um cenário caótico, em que não houve, durante longos meses, qualquer sinal de, para onde caminharia a humanidade. E nem ativos considerados seguros passaram incólume à liquidação.
Em 12 de março de 2020, logo posteriormente a enunciação da pandemia, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o bitcoin derreteu 35%, em exclusivamente 24 horas. No mesmo dia, o S&P 500, principal índice da bolsa de Novidade York, tombou 9,5% e, no Brasil, o Ibovespa, índice de referência da bolsa brasileira, a B3, desabou 14,8%.
O preço do ouro também foi levado pelo pânico causado pelo coronavírus, mas em uma intensidade muito menor, e caiu 3,5%, na mesma data.
Ao final desse ano trágico, mas com uma vacina já chegando aos braços de alguns europeus, os índices acionários registravam alguma recuperação acumulada no período: o S&P 500 teve subida de 16,3% e o Ibovespa, de 3%. Já o bitcoin saltou 300%, enquanto o ouro subiu 25%.
“Apesar da volatilidade, o bitcoin superou a maior secção dos ativos do mundo em performance no seu período de existência”, afirma Felipe Amoedo, perito em criptoativos e ETFs da HMC Capital. “O bitcoin é descentralizado, fácil de movimentar globalmente, sem barreiras, seu mercado funciona 24 horas sem interrupções, superando o ouro na escassez, mobilidade e facilidade de negociação.”
Mas, em 2022, quando a vida já havia voltado ao normal, o mercado cripto viveu sua crise privado, com falências de grandes empresas e fraudes colocando e xeque a crédito no segmento. Resultado: bitcoin encerrou o ano com desvalorização de 65%. E o preço do bom e velho ouro ficou praticamente fixo. Ou seja, a volatilidade das criptos (tanto para cima quanto para grave) é para o investidor que tem estômago para fortes emoções.
Novo incidente e (não tão) novo personagem
O retorno de Donald Trump à presidência do maior mercado financeiro do mundo, os Estados Unidos, foi o gatilho de novos preços recordes tanto do ouro real, quanto do “do dedo”, mas por motivos antagônicos.
Uma euforia foi provocada pela campanha pró-cripto do portanto candidato republicano e pela indicação de fortes entusiastas desse setor para criar sua equipe de governo, principalmente na liderança de órgãos estratégicos, uma vez que o Tesouro e a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana). Esses elementos levaram o bitcoin a fechar 2024 com valorização de 120% e marcar novidade máxima histórica, a US$ 109 milénio, em 20 de janeiro, zero coincidência, dia da posse de Trump.
E o ouro? Subiu 24%, no ano pretérito, basicamente por conta das crises geopolíticas no Oriente Médio.
Mas o sonho virou pesadelo posteriormente a posse e as primeiras medidas de Trump, notadamente o tarifaço aplicado a parceiros comerciais dos Estados Unidos e seus prováveis efeitos negativos na economia global. Mais ainda: a sombra de uma provável recessão provocada pela queda da atividade econômica do próprio país.
Nesse contexto, o bitcoin – uma vez que membro do mercado de ativos de risco – não aguentou e, desde o último recorde de preço, já perdeu em torno de 25%, retornando ao nível de US$ 80 milénio.
Nesse mesmo cenário e período, no sentido oposto, o ouro soma mais de 10% de subida, registrando na última sexta-feira (28) o valor recorde de US$ 3.086, a onça-troy (medida padrão da commodity). O banco americano Goldman Sachs projeta que, mantidas as atuais circunstâncias, o preço deve chegar a US$ 3.100.
“O ouro tem um histórico de longo prazo uma vez que instrumento de proteção em momentos de aversão a risco e tende a ter uma performance boa e ajuda na proteção do portfólio”, ressalta André Barbosa, perito em investimentos.
Uma primeira prova de que o bitcoin é, sim, um ativo de proteção e suplente de valor, pode ter sido dada pelos Estados Unidos: Trump autorizou a geração de uma suplente no Tesouro formada por essas criptos apreendidas. O ouro americano tem endereço fixo: Fort Knox, uma pequena cidade no estado de Kentucky. Já o bitcoin deve permanecer “armazenado” nas carteiras digitais dos EUA.
Uma carteira com “opostos complementares”
Especialistas apontam que uma elaboração mista, em que ouro e bitcoin possam dividir espaço na carteira do investidor, pode aproveitar o que cada ativo tem de positivo.
Zogbi afirma que é difícil espetar que o caminho do bitcoin rumo a uma ampla adoção esteja visível e, enquanto isso, a volatilidade é a tônica dos negócios, com a principal representante do mercado cripto se comportando uma vez que um ativo de risco, altamente correlacionado a ativos de tecnologia e ao índice Nasdaq.
“O investidor que aposta em bitcoin uma vez que proteção deve ter estômago para essas oscilações, focar no longo prazo e ter consciência de que a tese pode não se justificar”, pondera Zogbi.
“Já o ouro é a suplente de valor histórica da humanidade, e consistentemente apresenta a propriedade de proteção contra a volatilidade, tendendo a gerar retornos positivos em momentos de aversão a risco, com potencial de desvalorização modesta em momentos de mercado aquecido”, afirma Zogbi. “Em universal, não costuma oferecer grandes retornos, já que não há geração de fluxo financeiro, dividendos ou receita, sendo mais indicado uma vez que um escudo contra a volatilidade.”
Segundo Zogbi, outros ativos com potencial de proteção do capital são o próprio dólar e, dependendo do momento, a renda fixa, uma vez que títulos públicos. “Mas é importante se reparar aos riscos do ciclo atual. Por exemplo: os juros pagos pela renda fixa pode oscilar em períodos inflacionários, e o dólar pode se enfraquecer durante choques à economia americana, que são justamente dois riscos no radar dos investidores atualmente.”
Amoedo reforça que, para o objetivo específico de proteção contra crises macroeconômicas, o ouro é a opção tradicional mais óbvia, mas o bitcoin pode também ser usado uma vez que selecção. “O bitcoin pode tolerar oscilações severas na mesma direção de mercados tradicionais, uma vez que aconteceu na pandemia, pois é bastante sensível a liquidez”, pontua. “Entretanto, com o desenvolvimento da sua adoção em ritmo superior ao da internet, é importante substanciar que oriente [o bitcoin] é um ativo com potencial significativo de valorização, neste caso servindo muito uma vez que proteção contra dinâmicas inflacionárias.”
Marco Túlio Lima, diretor mercantil da Vórtx, a diversificação do portfólio em tempos de incertezas macroeconômicas globais deve considerar na sua elaboração os ativos lastreados em ouro e os ativos digitais, uma vez que bitcoin. “A proporção deve respeitar o perfil do investidor de cada sujeito”, ressalta.
Para Lima, a guerra mercantil global, provocada pela emprego de sobretaxas pelos americanos, poderá tarar sobre o dólar e o euro, uma vez que moedas-padrão. “É muito oportuna a alocação em ativos reais, uma vez que ouro, e outras commodities, uma vez que petróleo, mas também nas moedas digitais que, por estarem em envolvente de blockchain e não serem passíveis de influência de seus lastros, possuem outra dinâmica de transferência de valores financeiros”, afirma.
Lima ressalta que ouro e bitcoin “não são oponentes, mas complementares na sua núcleo, mesmo considerando a diferença de volatilidade”. Para ele, “guerras, protecionismo das potências globais, doenças virais e outras intempéries” acabam por serem muito mais relevantes do que o objetivo e horizonte do investidor.
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