Bitcoin na máxima: a lógica das criptos, do dólar e das tarifas
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Não tenho filhos! Porquê professor, portanto, acabo me perpetuando através dos meus alunos, um pouco porquê naquela maravilhosa letra da música “Além do Espelho”, de João Nogueira: “A missão do meu pai já foi cumprida, vou satisfazer a missão que Deus me deu. Se meu pai foi o espelho em minha vida, quero ser pro meu fruto espelho seu”.
Semana passada, encontrei, por eventualidade, com um ex-aluno numa churrascaria na Barra da Tijuca. Depois os cumprimentos protocolares, recordações dos bons tempos de faculdade, ele me perguntou: “e bitcoin, professor… já se convenceu?”
Por incrível que pareça, no dia seguinte, outro ex-aluno, que mora em NY, me enviou uma mensagem via rede social, alertando para os U$ 116 milénio que a cripto havia atingido; novo recorde.
Há muito tempo fui cético em relação a investimentos desse tipo. Todavia, porquê sou um profissional pragmático, revi meus conceitos e passei a alocar uma pequeníssima segmento da carteira na “moeda”, para variar.
O traje é que ambos estavam entusiasmados, advogando renovadas máximas. Na visão de um deles, inclusive, a cotação vai “explodir”, pois o dólar “já era”.
Na tentativa de decrescer o ímpeto, contra-argumentei da seguinte forma: “se você acha que bitcoin é efetivamente uma moeda, e que substituirá o dólar porquê suplente global, por que ela é cotada em dólares”? Antes que ele pudesse responder, insisti: “tudo muito, entendo ela ser, porquê a primeira das criptos, se referir ao dólar. Mas por que as outras cinco ou seis mais relevantes (Ethereum, Solana, Dogecoin, Cardano, Litcoin) não são expressas diretamente em bitcoin, portanto”? Ele, querendo “derrubar o professor”, alfinetou: “ia cotar em quê”? no que respondi: “ué, ouro; não era assim lá detrás, com o padrão-ouro”? Nesse ponto ele ficou sem reposta…
Difícil de responder mesmo! Todas as principais criptos têm sua cotação vinculada ao dólar, assim porquê as commodities o são, muito porquê o transacção global, que é feito com a moeda americana. Ou seja, não dá para tapar o sol com a tamis: temos o dólar porquê referência, a despeito da mote vir perdendo valor esse ano. E, por mais que a situação não esteja boa para “George Washington”, não consigo vislumbrar, até onde minha vista alcança, uma mudança no sistema financeiro internacional e, nesse sentido, o dólar é uma peça fundamental. Lembremo-nos que o Trump disse que perder o dólar é porquê perder uma guerra mundial.
Muitos comungam dessa estudo de que para tal mudança ocorrer é somente uma questão de tempo. Alegam que o sistema atual está envelhecido, sujeito às decisões políticas de poucos países. Meu ex-aluno deu o exemplo atual, do próprio Trump pressionar os BRICS a não criarem sua moeda.
Aliás, um parêntese cá: a decisão dele em nos taxar em 50%, na minha cabeça, passa muito mais por uma questão de alertar ao Brasil (ou quem quer que seja) que não se deve questionar a força/preeminência política e econômica dos EUA. Não vamos ignorar que Lula vem estreitando relações com China e Rússia, usando o BRICS porquê interface, o que desagrada Trump, que teme a influência de Xi Jinping e Putin sobre o chamado Sul Global. Mas esse matéria das tarifas fica para outra poste.
Voltando, concordo em segmento com eles, uma vez que entendo ser verdade que há uma procura crescente por soluções financeiras mais abertas e transparentes, e a tecnologia por trás das criptos, principalmente o blockchain, trouxe inovações valiosas. No entanto, substituições mais profundas, porquê tirar o dólar do núcleo do sistema global, não acontecem da noite para o dia. Em minha leitura (talvez pelo continuar da idade) são processos históricos, lentos, e que dependem não somente de inovação tecnológica, mas de firmeza política e crédito institucional.
Outro ponto que levanto é o da volatilidade. Uma moeda que pretende desempenhar o papel de suplente de valor global precisa de previsibilidade e firmeza, dois predicados que bitcoin ainda está longe de saber. As flutuações diárias, impulsionadas por boatos, decisões regulatórias ou mesmo posts de influencers/políticos, tornam as criptos mais próximas de ativos especulativos do que de uma suplente confiável.
Por término, quero que fique evidente que minha sátira não é à tecnologia, mas sim ao exposição de ruptura totalidade que muitos entusiastas adotam. Parabenizei meu aluno de NY, pois ele investiu logo no início; esse foi mãe Dinah (rs). A inovação não precisa, necessariamente, destruir o que já existe; pode, sim, coexistir e até complementar. Em minha estudo, o dólar, a despeito das mazelas fiscais americanas, segue, por ora, sendo um símbolo de crédito e firmeza, pilares difíceis de replicar somente com códigos e descentralização. Talvez, no horizonte, vejamos uma reconfiguração mais híbrida, depois que essa questão fiscal por lá “apodrecer” definitivamente. Até lá, prefiro manter os pés no pavimento e os olhos muito abertos para os fatos, não só para as promessas. Provavelmente, era o que meu pai faria. E porquê ele foi espelho em minha vida…
Alexandre Espirito Santo, Sócio e Economista-Superintendente da Way Investimentos e professor de Economia e Finanças do IBMEC-RJ e ESPM
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