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Bolsas dos EUA encerram agosto em máximas históricas, mas alerta de bolha foi acionado

Bolsas dos EUA encerram agosto em máximas históricas, mas alerta de bolha foi acionado

A despeito de um cenário macroeconômico e político questionável, os principais índices das bolsas de Novidade York encerraram agosto com valorização de até 3%, em seus maiores níveis históricos. O fator que mais impulsionou a força compradora foi a perspectiva de galanteio na taxa de juros americana, em meio ao embate entre o presidente Donald Trump e os membros do Federalista Reserve (Fed, o banco meão dos Estados Unidos), incluindo seu presidente, Jerome Powell.

O impacto negativo da divulgação do índice de preços PCE, nesta sexta-feira (29), não chegou a comprometer a rentabilidade mensal, mas tirou o luz dos recordes sucessivos dos últimos pregões.

Hoje, o Dow Jones fechou em queda de 0,2%, aos 45.544 pontos. O S&P 500 caiu 0,64%, aos 6.460 pontos, e o Nasdaq, das empresas de tecnologia, recuou 1,1%, a 21.455 pontos. Na semana, perdem 0,2%, 0,1% e 0,2%, respectivamente.

Já no mês, o Dow Jones ganhou 3,2%, o S&P 500 avançou 1,9% e o Nasdaq subiu 1,6%.

A pergunta que fica no ar é se, em meio a tantas medidas controversas de Trump – algumas nunca antes tomadas na história do país –, há uma bolha sendo criada no mercado acionário americano e, em caso positivo, até quando ela se sustentará.

“O rali nas bolsas americanas vem de uma combinação de fortes balanços corporativos, dados econômicos resilientes e um crescente otimismo dos investidores quanto a um potencial galanteio na taxa de juros já em setembro”, aponta Nickolas Lobo, técnico em investimentos da Nomad.

Lobo destaca que “uma parcela significativa dos ganhos foi liderada por um grupo de ações de tecnologia de mega capitalização e empresas focadas em lucidez sintético”. “Resultados trimestrais robustos e o contínuo excitação dos investidores com a lucidez sintético impulsionaram papéis porquê Nvidia, Apple, Alphabet e Microsoft”, pontua.

Ele pondera que, “apesar da força compradora, o cenário ainda é incerto, com questionamentos em relação à trajetória de galanteio de juros – por um lado favorecidos por um mercado de trabalho desacelerando, mas por outro, contrabalanceado pelos efeitos tarifários e dados de consumo ainda resilientes mesmo a preços mais altos.”

“Com os patamares atuais de preço dos índices, fortemente apoiados na expectativa de atraso monetário e desenvolvimento rápido das companhias, a sustentação das altas para frente pode ser frágil e as alocações devem refletir as incertezas”, avalia Lobo.

Em item publicado esta semana, no Valor Investe, Gustavo Cunha, fundador da Fintrender, afirma que “em décadas, não consigo lembrar de tempos onde tenhamos tanta decisão questionável, para expor o mínimo”, na maior economia do mundo.

Entre essas decisões, Cunha relaciona a reintrodução agressiva de tarifas comerciais – que, em certa medida, já havia impactado negativamente as bolsas, no primeiro trimestre do ano –, e a dívida pública dos EUA crescendo em ritmo exponencial. Mais ainda, a tentativa de interferência de Trump na política monetária, com pressões públicas “explícitas e constrangedoras” sobre Powell, e ainda a exoneração de um membro direto da domínio monetária.

“O que mais intriga é que, apesar de todos esses acontecimentos se darem em plena luz do dia, o mercado permanece anestesiado. Vê tudo. Lê tudo. Mas escolhe ignorar”, questiona Cunha, ressaltando que “há um pouco estruturalmente dissemelhante em curso”.

Sinais disso, segundo ele, estão sendo dados pelos maiores gurus do mercado americano: Warren Buffett está acumulando caixa e Ray Dalio migrando para ativos reais, porquê ouro e commodities.

“O mercado pode continuar ignorando o contra-senso… até que o contra-senso se torne impossível de ignorar”, alerta. “E, quando esse momento chega, os ajustes costumam ser rápidos e violentos.”

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