BTG (BPAC11) injeta bilhões na Cosan (CSAN3): analistas consideram 'faca de dois gumes'
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O Grupo Cosan anunciou ontem (21) um aumento de capital de R$ 10 bilhões, com R$ 4,5 bilhões vindos do BTG Pactual, R$ 2 bilhões da Perfin e mais R$ 750 milhões do próprio fundador Rubens Ometto Silveira Mello. A medida, que envolve a emissão de novas ações em um “follow-on” , deve mexer bastante com os papéis da companhia, e analistas veem a operação uma vez que uma faca de dois gumes para investidores.
Na prática, a empresa vai aumentar seu capital vendendo novas ações em um follow-on (nome oferecido à oferta suplementar de ações de uma companhia que já tem ações negociadas na bolsa). Esse aumento ainda inclui duas operações extras chamadas “hot issue”, que são vendas rápidas de ações geralmente oferecidas a investidores selecionados. Segundo o Valor Econômico, a primeira dessas operações será de até R$ 1,8 bilhão, com lockup de dois anos (prazo durante o qual os investidores não podem vender as ações), dentro do totalidade de R$ 2,75 bilhões.
Com isso, o número de ações da Cosan disponíveis no mercado aumenta. Logo, quem já tem papéis da companhia na carteira perderá segmento de sua participação nela, a menos que queira comprar mais dessas novas ações.
É importante ressaltar, ainda, que o preço das novas ações será de R$ 5 e, portanto, é depreciado em relação ao valor que os papéis da companhia estavam sendo negociados até portanto.
No término das contas, o preço da ação depois a operação será determinado considerando tanto as ações já negociadas no mercado (atualmente cotadas em muro de R$ 7,50) quanto as novas ações que serão emitidas e oferecidas aos acionistas a R$ 5,00 cada. Portanto, será somado o valor totalidade das ações antigas e novas e, em seguida, dividido pelo número totalidade de ações, o que resultará no preço final do papel.
Por outro lado, a injeção de numerário na companhia faz com que o endividamento dela reduza, o que pode melhorar seus números e funcionamento no médio e longo prazo. Portanto, é um ponto positivo para os acionistas.
Pontos positivos x pontos negativos
No término das contas, analistas acreditam que a operação pode ser vista de maneira positiva, mas traz alguns riscos e ponderações que devem estar no radar dos investidores.
Dentre os pontos positivos estão:
- A operação reduz significativamente o endividamento, melhorando a sustentabilidade financeira da empresa;
- A ingresso do BTG e da Perfin fortalece a base acionária e demonstra alinhamento de longo prazo (o que é reforçado pelo lockup de dois a quatro anos);
- Evita a urgência de vender participações em controladas estratégicas, uma vez que Rumo, Raízen, Moove e Compass, preservando ativos importantes.
Mas há riscos e pontos negativos, uma vez que:
- A diluição expressiva dos acionistas minoritários, principalmente com o desconto de 33% no preço das novas ações;
- O preço da emissão, em R$ 5, está inferior do que as ações vinham negociando, o que pode pressionar os papéis no pequeno prazo;
- Alguns analistas, uma vez que o Jefferies, consideram que a operação é mais custosa para minoritários do que alternativas menos dilutivas, uma vez que a venda de ativos do grupo.
E o que dizem os analistas?
Para Phil Soares, crítico da Options Research, a operação é uma “faca de dois gumes”. “A injeção reduz a dívida, o que é ótimo, mas o preço das novas ações está depreciado. Quem não participar da oferta terá sua participação diluída”, afirma.
Ele acredita, inclusive, que por conta desse preço depreciado dos novos papéis, as ações podem tombar no pregão de hoje. Ainda assim, ele destaca que a “questão do endividamento da companhia está sendo endereçada da forma certa”.
“O endividamento reduz bastante e isso é muito bom, porque a companhia vem sofrendo muito no que diz reverência a despesa financeira e à sustentabilidade, que é um ponto grave que está sendo endereçado de forma adequada”, diz.
Marco Saravalle, estrategita-chefe da MSX Invest, afirma que a questão da diluição das ações pode ser um problema no pequeno prazo, mas assim uma vez que Soares, ele acredita que “o dinhheiro que entra no caixa da companhia reduz riscos de dívida” e a operação “melhora a governança”, o que pode trazer um resultado bastante positivo no médio e longo prazo.
“Fiz alguns cálculos e vejo um limite de queda das ações para R$ 6,40. E não acho que isso vá intercorrer. E se as ações caírem para R$ 6,30, R$ 6,20, acho que pode ser, inclusive, um bom momento para compra”, diz. Para ele, no pregão de hoje deve possuir “unicamente um ligeiro ajuste no preço.”
Já Alejandro Anibal Demichelis, do Jefferies, não vê a diluição de capital uma vez que alguma coisa tão irrelevante. Para ele, o aumento de capital reduz riscos, mas a diluição severa deixa a governança mais complexa. “Minoritários vão de 63% para 39% de participação, e Ometto de 36% para 26%, mantendo o controle. É mais custoso para minoritários do que outras alternativas, mas evita a venda de ativos estratégicos”, afirma. A recomendação do banco para as ações é neutra, com preço-alvo R$ 9,30.
Por término, João Tonello, crítico do Benndorf Research, a operação “reforça a presença da Cosan em ativos reais e sinaliza crédito no mercado, mas depende do sucesso da desalavancagem”. Ele destaca, ainda que “a ingresso de BTG e Perfin fortalece a base acionária, mas traz novas forças no conjunto de controle.”
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