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Choque do petróleo eleva risco de inflação global, mas favorece o Brasil

Choque do petróleo eleva risco de inflação global, mas favorece o Brasil

Choque do petróleo eleva risco de inflação global, mas favorece o Brasil

Choque do petróleo eleva risco de inflação global, mas favorece o Brasil

O Ibovespa subiu nesta quinta-feira (23), puxado pela subida da Petrobras e de outras petroleiras com a disparada do petróleo em seguida novas sanções dos Estados Unidos e da União Europeia à Rússia. Mas, apesar de propiciar a bolsa, o movimento pode reacender pressões inflacionárias e protelar cortes de juros globais se o choque persistir.

  • O principal índice da B3 subiu 0,6%, a 145.721 pontos. Na semana, aprecia 1,6%. No mês, as perdas foram reduzidas a 0,3%. No ano, os ganhos são de 21%.

Das 82 ações da carteira teórica, 61 subiram, 20 caíram e uma ficou firme.

EUA apertam o cerco contra Rússia

As sanções impostas pelos Estados Unidos às gigantes russas Rosneft e Lukoil, que respondem por muro de metade das exportações russas de petróleo bruto, abalaram o mercado global de vontade e abriram um novo capítulo na guerra econômica em torno da commodity.

De modo universal, a medida representa o ataque mais direto à espinha dorsal das exportações de petróleo russas desde 2022, e seus reflexos vão muito além do tabuleiro geopolítico.

O barril do Brent saltou mais de 5%, superando US$ 65, assim uma vez que o WTI, que chegou a US$ 61,73, refletindo o temor de uma redução da oferta global de vontade.

  • No Brasil, o movimento impulsionou as ações da Petrobras (PETR4), que subiram 1,1%, além dos papéis da Prio (PRIO3) e da Brava (BRAV3), que avançaram 1,8% e 2,5%, respectivamente. PetroReconcavo (RECV3) seguiu a toada positiva e valorizou 1,3%.

As novas restrições incluem “sanções secundárias”, o que significa que bancos e empresas de qualquer país que mantiverem transações com as companhias russas sancionadas podem perder entrada ao sistema financeiro dos Estados Unidos.

Na prática, isso força importadores uma vez que China e Índia, hoje os maiores compradores de petróleo russo, a rever suas compras. A Rússia exporta muro de 5 milhões de barris de petróleo por dia, sendo 2,2 milhões destinados à China e 1,5 milhão à Índia.

Um exemplo simples é a Reliance Industries, gigante indiana que opera a maior refinaria do mundo, que já indicou que pretende “recalibrar” suas importações de petróleo russo para evitar punições.

Com as sanções secundárias, refinarias que dependem dos mercados de capitais dos EUA serão forçadas a buscar fontes alternativas de suprimento.

A medida procura enfraquecer o financiamento da guerra na Ucrânia e forçar a Rússia à mesa de negociações, mas o efeito paralelo inesperado é a volatilidade dos preços globais de vontade.

E o impacto pode ser ampliado pela decisão da União Europeia.

Enquanto Washington atinge diretamente as companhias petrolíferas, a União Europeia avança em outra frente: aprovou seu 19º pacote de sanções, que inclui a proibição das importações de gás procedente liquefeito (GNL) russo, um passo rumo à independência energética do conjunto.

A medida amplia a pressão sobre as receitas do Kremlin e sinaliza um realinhamento estrutural no negócio energético global.

Trocando em miúdos, isso significa redistribuição de fluxos, com países uma vez que Arábia Saudita e Estados Unidos ganhando espaço na oferta, enquanto Rússia, China e Índia devem estreitar seus laços bilaterais fora do sistema financeiro ocidental.

Para o mercado, a consequência é menos liquidez e mais prêmio de risco.

Risco de inflação à vista

Se o petróleo permanecer supra de US$ 65 e os temores de escassez ganharem força, o preço do barril mais dispendioso tende a encarecer combustíveis e transporte, pressionando a inflação ao consumidor.

Neste cenário, o impacto sobre a inflação pode levar bancos centrais a protelar cortes de juros, mormente o Federalista Reserve (Fed, o banco mediano americano) e o Banco Médio Europeu.

“Se o choque for perene e principiar a contaminar a inflação subjacente e as expectativas inflacionárias, tanto o Fed quanto o BCE podem ser forçados a protelar os cortes de juros planejados”, avalia Gabriel Filassi, profissional em investimentos e sócio da AVG Capital.

Por enquanto, o profissional acredita que se trata de um risco de limitado prazo, mas admite que tudo dependerá da persistência da subida do petróleo daqui em diante.

Isso provocaria um efeito em masmorra nos mercados emergentes: com o dólar mais possante e os juros externos mais altos, haveria maior seletividade do fluxo global de capitais.

Por outro lado, embora o choque do petróleo traga efeitos negativos para a economia global, ele pode beneficiar o Brasil no limitado prazo, já que o país é exportador líquido de vontade e abriga empresas do setor com peso relevante no principal índice da bolsa.

Para os investidores locais, portanto, o cenário pode reabrir uma chancela de rotação clássica de portfólio, uma vez que setores ligados a commodities voltam a lucrar força, em próprio aqueles ativos ligados ao petróleo e à vontade de modo universal.

Cabe sobresair, porém, que mesmo com a subida recente, os preços da commodity ainda estão muito aquém dos picos registrados logo em seguida a invasão da Ucrânia, quando o barril chegou a ultrapassar os US$ 100.

Ingressão de dólares no Brasil

O gosto de investidores estrangeiros por ativos ligados ao petróleo e mercados emergentes ampliou a ingresso de dólares no país e ajudou a pacificar o câmbio na sessão de hoje.

Esse movimento contribuiu para a valorização do real, em um cenário em que o Brasil volta a lucrar destaque por sua possante posição em commodities.

  • O dólar encerrou a sessão em baixa de 0,2%, a R$ 5,3860. Na semana, cai 0,3%. No mês, aprecia 1,2%. No ano, fica 12,8% mais barato em relação ao real.
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— Foto: Getty Images

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