Com subida de juros, risco da renda fixa dar calote cresce. Vale comprar CDB, LCA e debênture?
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Com os juros em direção a 15% ao ano, o maior nível em 19 anos, até os investimentos de renda fixa ficam mais arriscados, embora ofereçam retornos altos. Nesse envolvente, os bancos e as companhias devem tolerar com a redução do consumo e o aumento da inadimplência, enquanto as dívidas custarão mais custoso. Assim, cresce o risco dos emissores dos papéis de renda fixa darem calote nos investidores.
Isso significa que o Tesouro Direto, mais seguro e pagando juros elevados, ganha atratividade em confrontação aos títulos emitidos pelos bancos, uma vez que os Certificados de Repositório Bancário (CDBs) e as Letras de Crédito Agrícola e Imobiliário (LCAs e LCIs). Os títulos públicos também ficam mais sedutores em relação aos papéis emitidos pelas companhias, uma vez que os Certificado de Recebíveis Agrícolas e Imobiliários (CRAs e CRIs) e as debêntures.
Isso não quer proferir que está proibido investir nessas aplicações, mesmo quando elas são emitidas por empresas e instituições financeiras de melhor qualidade ou pagam juros supra do CDI (que anda colado no renda de referência, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano). Só significa que o momento exige um zelo maior para selecionar os títulos.
É hora de estimar com cautela se o renda a mais oferecido no papel em relação ao Tesouro Direto vale a pena em relação ao risco do emissor dar calote, considerando que esse risco tende a subir no horizonte. Muitas vezes, não vale.
Alguns analistas dizem que, neste momento, esse risco de inadimplência não compensa, e aconselham dar preferência para o Tesouro Direto. Já outros profissionais recomendam selecionar os títulos com mais zelo, mas indicam investir nesses papéis para ter um retorno um pouco maior do que o CDI.
A maioria dos bancos e das companhias consegue passar com saúde por períodos mais críticos da economia. O porte dos negócios importa: as companhias grandes sobrevivem muito melhor do que as médias e pequenas. Todavia, historicamente quando os juros sobem, aumenta o número de pedidos de recuperação judicial, exatamente o que está acontecendo agora.
O número de pedidos de recuperação judicial pelas empresas brasileiras bateu recorde em 2024, alcançando 2.273 pedidos, segundo a Serasa Experian. Esse número representa somente 0,01% das empresas, mas é um alerta. Apesar da maioria desses negócios serem pequenos e médios, já há mais de 20 empresas na bolsa envolvidas em processos de recuperação judicial ou extrajudicial. Os casos mais recentes são Bombril e Agrogalaxy.
A variedade e o número de negócios que estão acessando a indústria de papéis privados está subindo, o que aumenta a oferta, mas também o risco para os investidores. Em 2024, as empresas captaram R$ 574,8 bilhões por meio dos títulos de dívida corporativa, um recorde em relação a todos os anos anteriores.
Já as instituições financeiras esperam que a carteira de crédito cresça em 2025, mas surgiram sinais de piora. A expectativa é que os bancos aumentem a cautela na licença de crédito a determinados segmentos mais dependentes do cenário econômico. É mínimo o risco de intercorrer uma crise sistêmica, mas casos isolados de quebras podem intercorrer, conforme os especialistas.
Enfim, qual investimento de renda fixa é melhor?
Todo esse tecido de fundo exige atenção dos investidores na renda fixa, a classe favorita do momento por culpa dos juros altos. Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, aconselha comprar somente títulos do Tesouro Direto agora, porque acha que os juros dos papéis emitidos pelas companhias e pelos bancos não estão compensando o risco, mesmo estando levemente supra do CDI.
“Os juros dos CDBs, LCAs e LCIs recuaram muito em meio à enorme demanda pelos papéis de renda fixa, assim uma vez que os das debêntures, e está difícil encontrar taxas boas. Os investidores não estão sendo remunerados suficientemente pelos riscos que estão correndo”, afirma.
“Não vejo sentido em penetrar mão de liquidez, retorno e segurança no Tesouro Direto para não lucrar muito mais em um papel emitido por um banco médio ou pequeno ou por uma empresa”, diz. Na estudo dela, é preocupante que instituições financeiras estejam aumentando a carteira de crédito em um momento de risco maior, inclusive as médias e pequenas, o que geralmente não acontece.
Thiago Carone, coordenador mercantil da Novidade Futura Private, anda aconselhando aos assessores da corretora a ensinarem os investidores a terem mais cautela com CDBs, LCAs e LCIs. “Os investidores precisam se preocupar neste momento em entender se os bancos emissores estão saudáveis”, afirma.
Ele alerta que, apesar do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) prometer os depósitos de até R$ 250 milénio por banco em CDBs, LCAs, LCIs se a instituição financeira quebrar, o numerário leva um tempo para ser depositado e o investidor perde a oportunidade de lucrar muito em uma emprego nesse período.
Já Camilla Dolle, gerente de estudo de renda fixa da XP, acha que os papéis emitidos pelos bancos não são uma manancial de preocupação neste momento, desde que não sejam de qualquer banco. Já os títulos das empresas são mais delicados porque não são cobertos pelo FGC, uma segurança a mais para os investidores.
Todavia, conforme Dolle, embora os juros estejam menores nos papéis à venda e os riscos, maiores, o crédito privado segue sendo uma ótima opção para aumentar os retornos sem trespassar da renda fixa. Só exige cuidados e conhecimento adequado do investidor. Ela recomenda selecionar títulos emitidos por empresas de maior porte, que não estejam excessivamente endividadas.
Ainda, a gerente de análises da corretora indica priorizar papéis de duração mais curta. Aliás, aconselha que os investidores tenham no supremo 5% da carteira em unicamente um emissor. Quanto maior é o risco, menor deve ser a exposição a um emissor. E o crédito privado uma vez que um todo precisa ser no supremo 20% da carteira inteira de investimentos.
Agências de classificação de risco são úteis
Os profissionais recomendam que os investidores se apoiem nas avaliações das agências de classificação de risco, uma vez que S&P Global, Moody’s e Fitch, para selecionar os títulos. As agências avaliam os bancos e as companhias, e se a empresa não tem uma avaliação de crédito, é melhor evitar. Os estudos mostram que a piora financeira nas empresas e nos bancos acontece de forma gradual e os sinais normalmente são claros, o que permite tomar decisões antes dos eventos problemáticos ocorrerem.
De entendimento com a filial de classificação de risco S&P Global, a nota média de crédito dos emissores que dão calote é “B+”, sete anos antes dos acontecimentos. Já oito meses antes, a nota é reduzida para “B-” e um mês antes, cai para “CCC”. Assim, em média, a piora não é uma surpresa e pode ser acompanhada por meio dos rebaixamentos das notas de crédito e pelas notícias e resultados publicados.
É evidente que existem exceções. Por exemplo, a Americanas era avaliada com nota “AAA”, ou seja, zero indicava que aconteceria um iminente problema no crédito antes do pedido de recuperação judicial. Todavia, esse caso foi uma fraude, que não é o motivo que normalmente leva as empresas a darem calote.
Também, os relatórios das plataformas de investimentos e das casas de análises sobre os emissores de papéis de renda fixa ajudam os investidores menos familiarizados com essas avaliações. Essa é uma forma mais segura de saber se um papel é de maior ou de menor qualidade.
Lais Costa, comentador de renda fixa da Empiricus, afirma que não enxerga um risco sistêmico nas instituições financeiras que cause uma grande preocupação neste momento. Ela geralmente aconselha CDBs, LCAs e LCIs nos relatórios que produz. Atualmente, Costa indica investir em papéis emitidos pelos bancos ABC Brasil, BTG Pactual (possuinte da Empiricus), Daycoval, Paraná Banco e Sofisa Direto.
Já em relação às debêntures, a comentador está mais cautelosa. E investir a suplente de emergência, um numerário para resgatar nas surpresas da vida, nesses papéis de empresas e bancos menos conhecidos? Nem pensar, segundo a comentador. “Para investir a suplente de emergência, é melhor Tesouro Direto, fundo DI com taxa zero ou CDB de bancão”, diz.
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