Com feriado nos EUA, giro do Ibovespa cai a menor nível em quase 5 meses

E o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos nesta quinta (27) reforçou a leitura de que o capital estrangeiro é o (único) motor atualmente do mercado de ações lugar.

• O giro financeiro do Ibovespa ficou em R$ 8,4 bilhões, o mais ordinário na carteira desde 4 de julho, também um feriado nos EUA, data em que a carteira movimentou R$ 6 bilhões. O volume desta sessão ficou 48% inferior da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões.

Foram poucos os gatilhos para movimentar as carteiras nesta sessão, mas o que teve foi relevante. Os dados do Novo Cadastro Universal de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que a economia brasileira criou pouco mais que 85 milénio empregos formais em outubro, no menor saldo para o mês desde o pandêmico 2020.

O resultado sugere que o mercado está enfraquecendo bruscamente. Em setembro, o país criou 213 milénio empregos formais, 150% mais do que em outubro.

• Das 82 ações que compõem a carteira atualmente, 42 desvalorizaram hoje.

O número de geração de empregos em outubro ainda ficou 41% inferior da projeção do consenso e muito aquém que todas as estimativas levantadas pelo Valor Data, que iam de 100 milénio a 135 milénio.

A notícia, no primeiro momento, é negativa para a população, mas, da perspectiva de meio da política monetária, mostra uma posição mais confortável para o Banco Medial (BC) iniciar os cortes na Selic.

• Mesmo assim, o Ibovespa ficou perto da segurança por quase todo o pregão e acabou fechando em queda de 0,12%, a 158.360 pontos. Na semana, está com ganhos de 2,3% e, em novembro, acumula valorização de 5,9%. Neste ano, a subida do índice passa dos 31,6%.

Ou seja, o Caged poderia ter sido um gatilho para subida da bolsa, se exclusivamente os investidores daqui tivessem gosto por risco ou se o presidente do BC, Gabriel Galípolo, não tivesse malogrado essa leitura.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 saiu de 13,52% para 13,54% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 seguiram em 12,71% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa oscilou de 13,24% para 13,19%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

E Galípolo tem lá suas razões para isso.

Os únicos setores tiveram um saldo de geração de vagas formais no último mês foram os de serviços e transacção. E o primeiro é um ponto de pressão sobre a inflação que está no radar do BC há meses.

Mesmo com a Selic em 15% ao ano desde junho, esses setores resistem aos apertos monetários. Secção dessa explicação pode estar nos programas de crédito expandidos e lançados pelo governo neste ano, que tendem a gerar demanda principalmente no mercado imobiliário.

Mas ainda é preciso lembrar que a inflação começou a dar sinais de resfriamento e, enfim, parece convergir para a orquestra de tolerância para a meta do BC.

Tudo aponta para um só caminho: a Selic caindo. Há um mês já não é uma que de se, e sim de quando. Adiante, pode ser até uma questão de quanto os juros vão desabar por cá.

E o resultado disso pode nascer amanhã, quando as bolsas americanas despertarem depois o feriado.

• O dólar à vista avançou 0,32% hoje, a R$ 5,35. Na semana, caiu 0,91% e, no mês de novembro, acumula 0,5% de desvalorização. Neste ano, a moeda americana ficou 13,4% mais barata.