Davos: 20 anos de riscos, um retrato da história
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Riscos ambientais liderando as preocupações; conflitos armados no “top of mind”; mudanças profundas em tecnologia; agenda social presente; riscos econômicos percebidos uma vez que menos importantes no longo prazo; desinformação uma vez que ameação global; mútiplas crises.
Esse é um macro resumo dos 20 anos do “Relatório de Riscos Globais”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial todo início de ano. Trata-se de uma valiosa oportunidade para refletirmos sobre as duas últimas duas décadas e projetarmos o que vem adiante. A primeira edição foi lançada em 2006, num mundo que ia de terrorismo a gripe aviária. Ao longo dessa estrada, vivemos a crise financeira global de 2007-2008, a pandemia da covid-19 e muitas, muitas turbulências.
Quem atua há tempos com sustentabilidade uma vez que eu, tem vivo na memória o ano de 2020. O tema da reunião anual em Davos foi “Stakeholders para um mundo coeso e sustentável”, era o momento do “The Great Reset”.
Pela primeira vez na história do documento, os fatores ambientais foram relacionados uma vez que a principal ameaço, em impacto e verosimilhança, no longo prazo. Pouco tempo depois, Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, lançaria o livro “Capitalismo de Stakeholder”, onde trouxe a premência de uma economia global que trabalhasse para o progresso, as pessoas e o planeta. Foram acontecimentos emblemáticos que ajudaram a invocar a atenção para a relevância da agenda ESG nos negócios.
A estudo histórica dos 20 anos do relatório nos mostra que os riscos ambientais lideraram consistentemente a lista de principais ameaças no longo prazo, com destaque para “Eventos Climáticos Extremos”.
“Conflitos Armados” é outro risco presente nesse período e que, infelizmente, segue firme e possante em 2025, absolutamente materializado. Os riscos sociais ocuparam a terceira posição no longo prazo, com consistência elevada para “Desigualdade”, “Falta de oportunidades econômicas ou desemprego” e “Polarização social”.
Nos riscos econômicos, somente dois foram uma ameaço supra da média no longo prazo: “Dívida” (empresarial, pública, familiar), que permaneceu relativamente sólido desde a crise financeira de 2007-2008, e “Estouro da bolha de ativos”.
Os riscos tecnológicos mudaram frequentemente, o que não surpreende em zero. Em 2006, giravam em torno de Convergência de tecnologias, Nanotecnologia, Campos eletromagnéticos e Computação Pervasiva. Hoje, a categoria inclui Desinformação, Repreensão e vigilância, Resultados adversos de tecnologias de fronteira e da IA, espionagem cibernética e guerra.
O “Relatório de Riscos Globais” é uma das minhas leituras de cabeceira porque me ajuda a compreender os sinais de mudança e os elementos não tão explícitos que podem se tornar crises logo ali na esquina, uma vez que foi com a covid-19. Vejam: o risco de pandemias sempre foi engrandecido até que, em 2020, entramos no traumático lockdowwn.
No Sumário Executivo da edição de 2021, Saadia Zahidi, Diretora do Fórum Econômico Mundial, nos traz um alerta crucial: “Em 2020, o risco de uma pandemia global se tornou veras, um pouco que levante relatório vem destacando desde 2006. Sabemos uma vez que é difícil para governos, empresas e outras partes interessadas abordar tais riscos de longo prazo, mas a prelecção cá é para todos nós reconhecermos que ignorá-los não os torna menos prováveis de intercorrer”.
Quando um novo Relatório é anunciado, a prelo cobre muito as listas de riscos nos pequeno e longo prazos; isso é fundamental. Mas há vários outros conteúdos no documento, ou que são lançados concomitantemente, que merecem igual atenção. Destaco três: os Riscos de Fronteira (2021), as Forças Estruturais e a publicação Horizonte do Prolongamento, os dois últimos de 2024.
Em 2021, pela primeira vez, o Relatório trouxe os chamados Riscos de Fronteira, mapeados a partir de previsões feitas pelo Fórum e o Global Future Council on Frontier Risks com especialistas de riscos. O resultado desse interessante treino foi a identificação de nove eventos de cimo impacto e baixa verosimilhança. Confesso que ao ler alguns deles me senti em um filme de ficção científica. Eram elementos tão distantes do nosso dia a dia… Assim uma vez que o era uma pandemia antes de 2020:
- Guerra Eventual
- Levante Anárquico
- Exploração das mentes
- Colapso de uma democracia estabelecida
- Perturbação geomagnética
- Edição de genes para aprimoramento humano
- Controle neuroquímico
- Liberação de microorganismos antigos pelo derretimento do Ártico
- Desenvolvimento de armas nucleares de pequena graduação
Já em 2024, o Fórum introduziu o concepção de Forças Estruturais, que seriam o tecido de fundo para os riscos globais que se desenvolverão na próxima dez e além. Segundo o documento, essas forças têm o potencial de afetar a velocidade, a disseminação e/ou o escopo dos riscos globais e, por sua vez, serão influenciadas umas pelas outras.
São elas: Aceleração tecnológica, Mudanças geoestratégicas, Mudanças climáticas e Bifurcação demográfica. Ao julgar a evolução das percepções das quatro forças estruturais junto aos entrevistados pelo Fórum, “Mudanças climáticas” é a que tem sido percebida de forma mais consistente uma vez que uma força que passa por clara mudança sistêmica contínua.
Paladar da sentença “Leitura de Cenários”. Para mim, é ela que distingue um profissional, um líder, uma pessoa de outra. É a capacidade que temos de observar os fatos e procurar entender para onde estamos indo. Por isso, muito me impactou o lançamento da publicação O Horizonte do Prolongamento, no início de 2024, simultaneamente ao relatório.
Nela, é proposto um novo framework para avaliação do propagação econômico considerando quatro variáveis: Inovação, Inclusão, Sustentabilidade e Resiliência. Quando o mais reconhecido lócus global de discussão de negócios diz que precisamos repensar a forma uma vez que calculamos propagação econômico, uma grande transformação está em curso. Simples e profundo assim.
Reunir duas décadas em um cláusula seria temerário e incompleto. Fiz cá somente um rápido voo sobre questões marcantes para mim. Por isso, sugiro acessarem a vigésima edição do Relatório de Riscos Globais 2025, leitura indispensável para cada um de nós e o mundo.
Sonia Consiglio é SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e perito em Sustentabilidade.
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