Do vôlei para o mundo corporativo (e a vida)

Jogo vôlei em clubes desde a categoria mirim, uma vez que levantadora. Parei na idade de faculdade e retornei posteriormente os 30 anos, disputando campeonatos pela categoria master. Ricardinho sempre foi meu grande ídolo, alguém que eu admirava por sua genialidade em quadra e por sua postura fora dela. Um dia, vi um post sobre a mentoria que ele oferecia. Resolvi portanto concretizar o sonho de conhecê-lo e aprender com ele. Assim, me tornei a sua primeira mentorada master individual. Isso foi em julho deste ano, em Maringá, onde ele vive e idealiza seus belos projetos.

Ao longo de três intensos dias de treinamento com ele e sua fantástica equipe, me dediquei, tentei sorver ao sumo seus toques (com perdão da óbvia conformidade), fiz perguntas (jornalista…), contemplei sua habilidade ao me explicar as jogadas, enfim, mergulhei naquele sonho-realidade.

Porquê o envolvente corporativo está em mim para onde quer que eu vá, percebi que os ensinamentos do Ricardinho caíam uma vez que uma luva no dia a dia das empresas. Compartilho agora alguns deles, aproximando esses dois universos que me fascinam e onde aprendo tanto.

Nos últimos anos, temos falado mais no espaço corporativo desse mecanismo tão peculiar de troca e desenvolvimento que é a mentoria. Acredita-se que a origem do termo é mítica. Na “Odisseia”, o guerreiro Ulisses confia seu rebento Telêmaco aos cuidados de seu colega Mentor (que era a divindade Atena disfarçada) enquanto secção para a Guerra de Troia. Assim, Mentor/Atena aconselha o jovem, tornando-se um símbolo de orientação e sabedoria.

Orientador, guia, mentor… Um mentor é tudo isso e muito mais. É alguém que nos inspira. Tive a sorte de estar em um processo de mentoria quando encerrei meu ciclo de dez anos uma vez que executiva da B3, no final de 2019. Gratidão ao meu eterno mentor, David Feffer, no escopo do ótimo Programa Variação em Recomendação do IBGC. E digo “eterno” porque é disso que se trata. Mesmo não estando mais em uma dinâmica formal, uma vez mentor, sempre mentor. Porquê são David e Ricardinho para mim.

Essa foi uma das falas mais emblemáticas do Ricardinho: “Na vida, seja profissionalmente ou em mansão, com a sua família… SAIA DA FILA DO PÃO, ou seja, saia da fileira de 300 pessoas que estão fazendo a mesma coisa, esperando o pão gálico transpor. Busque um tanto fora da caixa, seja criativa nas suas atitudes. Não adianta pensar lá no horizonte se você não produzir cá, hoje, se continuar na filinha do pão. Procure alternativas e referências que vão te colocar pra cima, que vão te ajudar. Isso fará a diferença”.

Todo/a levantador/a quer colocar a globo perfeita para o/a atacante, conforme as suas caraterísticas. Ricardinho inverteu essa lógica: “Você não é alfaiate, que levanta a globo sob medida. Você só precisa que a globo chegue em um determinado ponto. Eu dizia para os atacantes: ‘me ajuda a te ajudar’”. Vôlei é essencialmente trabalho em equipe. Um bom passe favorece um preciso levantamento que pode terminar em um ataque matador. Um ajudando o outro. Porquê nas empresas.

Na secção do levantamento de costas, Ricardinho me ensinou: “Você é uma vez que um garçom, que entrega a bandeja para o outro, não simplesmente joga”. Isso me remete a desvelo, a entender que vivemos em rede e que toda ação gera uma reação. Porquê dizia o vaticinador carioca, “Gentileza gera gentileza”.

5. Esteja sempre em movimento, antecipe-se

Um tirocínio que rapidamente absorvi é estar sempre em movimento, pronta para decorrer em direção à globo: “Antecipe-se. Você não é um poste, tem que estar alerta”. O mundo corporativo dá provas do valor dessa postura cotidianamente. Leitura de cenários, mapeamento de riscos futuros, antecipação de crises, levantamento de alternativas. Tudo isso diferencia um time de outro, uma empresa de outra.

Nossa, uma vez que esse toque é valioso! Simplesmente… RESPIRAR. Ricardinho me dizia isso em alguns momentos e aí eu percebia que estava com a respiração suspensa, segurando o ar, ansiosa. E uma vez que alivia respirar. O corpo e a mente agradecem. Cá cabe também a prelecção que recebi de um superintendente no início da curso. Na período final de um projeto importante, ele dizia, recorrendo ao basquete: “O que a Hortência faz antes do lançadura de um lance livre? Ela respira”. Ah, quantas vezes depois falei para os meus times: “Agora é a hora da Hortência, vamos respirar”.

7. Sobre ser ídolo, segundo meu ídolo, Ricardinho:

“Busquem referências, faz secção. Mas a maior referência é a nossa, sem incerteza nenhuma. O firmamento, a base, é a família. São essas pessoas que estão do seu lado, que te acompanham, que te veem suportar, crescer, que te dão a mão. O que até hoje me sustenta é a minha família – e Deus, evidente.”

“Não abra mão dos próprios sonhos”. Estar numa quadra com o gênio Ricardinho era um sonho para mim. Um sonho que ousei sonhar e realizei. Em todas as postagens que fiz sobre essa experiência fenomenal, usei uma vez que trilha sonora o trecho aquém da música “Não deixe de sonhar”, de Chimarruts. Porque, ao termo e ao cabo, somos nós que sorriremos por nós, no vôlei, nas empresas, na vida. Gratidão, Ricardinho e equipe!

“Preste atenção,
Não abra mão dos próprios sonhos,
Não tem perdão,
Não deixe de sonhar,
Não deixe de sorrir,
Pois não vai encontrar,
Quem vá sorrir por ti”.

Sonia Consiglio é SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e profissional em Sustentabilidade.