Dólar dispara contra o real, mesmo com Ibovespa em novo recorde. Entenda

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Muito, percorrer talvez seja possante demais.

Na verdade, o principal índice do Brasil brigou bravamente por mais um recorde de fechamento, apesar de um dólar se fortalecendo contra o real.

• O Ibovespa subiu 0,66% e fechou o dia nos 139.334, deixando para trás a máxima de fechamento anterior (dos 138.963 pontos), alcançada na última terça-feira. A máxima da carteira durante uma sessão, no entanto, ainda ficou no dia 13 de maio, de 139.428 pontos. Na semana, a subida do índice é de 2,07%. Até cá no mês de maio, acumula valorização de 3,16% e, neste ano, a subida agora é de 15,84%.

E apesar de o dólar ter se enfraquecido no exterior, por cá, ruídos fiscais inspiraram sensação de risco entre investidores, o que fez com que a moeda americana se fortalecesse contra a brasileira.

• Enquanto índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta das principais moedas no exterior, caiu 0,26%, o dólar mercantil avançou 0,83% contra o real hoje, fechando a R$ 5,68. Na semana, a moeda americana acumula subida de 0,43% e, em maio, está agora tecnicamente inabalável. Neste ano, o saldo da moeda americana ainda é de uma queda de 8,1%.

Os dois indicadores sugerem cenários distintos. Se investidores estão comprando bolsa, há gosto ao risco. Mas se estão apostando mais no dólar contra o real, sinal de que a sensação de risco cresceu no mercado lugar.

Acontece quando grupos de investidores distintos adotam sentidos opostos. Ultimamente, o grande apostador das ações domésticas no Brasil são os estrangeiros – eles, inclusive, foram o motor que levou o Ibovespa ao recorde nesta semana.

Só neste ano até o dia 13 de maio, os gringos já alocaram quase R$ 19 bilhões em ações no mercado secundário da B3. Em contrapartida, investidores institucionais locais venderam mais de R$ 20,6 bilhões de participações em empresas brasileiras no mesmo período.

• Das 87 ações que fazem secção do Ibovespa atualmente, 61 avançaram neste pregão.

E justamente eles, fundos e grandes bancos nacionais, são os que mexem na curva de juros brasileira e no mercado de câmbio lugar. Enquanto isso, o estrangeiro segue supostamente crescendo suas posições em ações brasileiras, alheio aos ruídos que acometem o mercado doméstico.

• A carteira do Ibovespa movimentou R$ 18,4 bilhões hoje, mais uma vez supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,5 bilhões.

Pois é, a disparada do dólar – que chegou a tocar os R$ 5,70 na máxima desta sessão – tem a ver com ruídos internos.

A narrativa do risco fiscal voltou ao foco dos investidores conforme rumores de que o governo estudaria pacotes com incentivos fiscais para alavancar a popularidade de Lula tomaram os noticiários.

O cenário escalou a tal ponto que o ministro da Herdade, Fernando Haddad, precisou falar à prensa para tentar reduzir os ruídos. Começou afirmando que o governo está discutindo unicamente medidas pontuais para prometer o cumprimento da meta de resultado primitivo de 2025, negando qualquer debate sobre franqueza de espaço fiscal para novos projetos.

Sobre uma provável contingência ou refrigeração de gastos, que seria supostamente apresentado na próxima semana, Haddad disse que não “há zero sendo estudado” sobre orçamento de 2026 e falou unicamente em em “medidas corriqueiras” da governo pública.

“Isso que está circulando eu não sei qual o interesse”, falou o ministro. Haddad não explicou se as medidas serão pelo lado das receitas e das despesas. “Não posso antecipar antes de falar com o presidente, mas são questões pontuais”, reforçou.

As propostas pensadas para impulsionar a popularidade do presidente Lula incluiriam a ampliação do Vale Gás, uma risco de crédito para entregadores por aplicativo e o uso de hospitais privados para cirurgias do SUS.

Zero, no entanto, foi confirmado pelo ministro, que se limitou a manifestar que não há um padrão fechado para uma política de crédito para motoboys.

Mas as falas doe Haddad não convenceram os gestores locais, que já ergueram desconfianças contra o governo desde o último ano.

O Planalto perdeu o voto de crédito desses grandes investidores domésticos desde a mudança da meta fiscal para 2026 seguida pelo fatídico incidente que culminou no proclamação da proposta de ampliação da filete de isenção do imposto de renda (IR) sufocando os esforços para contenção das despesas.

Com isso, mesmo durante o oração de Haddad, as taxas dos contratos futuros de juros escalaram às máximas desta sessão.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 seguiu em 14,81% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 13,66% para 13,74% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 13,80% para 13,83%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Mesmo porque, se os outros rumores que circularam nesta semana se confirmarem, o ministro pode dar adeus ao Planalto no primícias do ano que vem para disputar eleições ao Senado.

E aí a pasta da Herdade ficaria a missão de um nome até logo ignoto. E, para o mercado, antes um “inimigo” espargido do que um “inimigo” ignoto.

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