Entre tapas e beijos, bitcoin tem um janeiro emocionante e sobe 8%

As emoções de montanha-russa voltaram a caracterizar o mercado de criptomoedas em janeiro. Entre expectativas positivas e frustrações em relação ao novo governo de Donald Trump e a política monetária do banco médio americano, além de eventos pontuais, uma vez que a chegada do DeepSeek, o bitcoin (BTC) marcou uma mínima de US$ 91 milénio e, poucos dias depois, renovou a máxima histórica, alcançando os US$ 109 milénio.

A volatilidade da maior criptomoeda em valor de mercado ficou supra de 20% nesse pausa, percentual até “conservador” se comparado a outros momentos na história da cripto. Entre idas e vindas, o bitcoin encerra o primeiro mês de 2025 com proveito de 8%, negociado no patamar dos US$ 102 milénio.

Porquê pontua João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex, o bitcoin começou o mês aquém dos US$ 95 milénio, ainda comprimido pelo tom mais contracionista adotado pelo Federalista Reserve (Fed, o BC dos EUA), em dezembro.

A recuperação começou a poucos dias da posse de Trump na Morada Branca, no dia 20, e já no dia do grande evento, o bitcoin foi negociado brevemente a US$ 109 milénio, novo recorde de preço. Porém, o vestuário de o novo presidente americano não mencionar criptomoedas em seu oração frustrou os investidores e o novo patamar não se segurou.

No início desta semana, um pânico generalizado tomou conta do mercado de ativos de risco, notadamente nas bolsas de Novidade York, com a chegada da empresa chinesa de lucidez sintético DeepSeek, ameaçando os planos dos EUA de ser a maior potência mundial no segmento. E lá foi o bitcoin para aquém dos US$ 98 milénio.

Uma novidade retomada veio na última quarta-feira, em meio à decisão do Fed pela manutenção da taxa básica de juros americana, com um gatilho na enunciação do presidente da domínio monetária favorável a uma maior flexibilidade para o setor bancário atuar com criptoativos.

“Apesar dos solavancos, a valorização deste mês é um ótimo resultado”, afirma Cunha.

“A decisão do Fed não trouxe grandes surpresas, mas o tom da fala de Powell, que não descartou novos cortes nas taxas de juros, agradou os investidores”, afirma Murilo Cortinado, diretor mercantil da QR Asset.

Ana de Mattos, crítico técnica e operadora parceira da Ripio, destaca ainda entre os principais acontecimentos do mês a assinatura de uma ordem executiva por Trump, instrumento semelhante a decreto, que criou de um grupo de trabalho encarregado de propor novas regulamentações para ativos digitais e determinar a geração de um estoque pátrio de criptomoedas, cumprindo a promessa de revisar rapidamente a política adotada pelo governo americano quanto ao setor cripto.

“Enquanto o mercado aguardava pela confirmação de uma suplente de bitcoin, a ordem apresentou a geração de um estoque, que por sinal, é mais estratégico do que parece”, avalia Ana. “O governo dos EUA mantém bilhões de dólares em criptomoedas, saldo derivado de apreensões legais. A geração e manutenção de um estoque usando ativos que já são de posse do governo não significa necessariamente que novos aportes serão feitos, e isso gerou dúvidas sobre a formação de uma Suplente em Bitcoin.”

Cenas dos próximos capítulos

Para fevereiro, Ana avalia que o comportamento do mercado cripto dependerá de novos avanços regulatórios e institucionais, além da reação às políticas monetárias dos EUA, tendo em vista que não há perspectiva de incisão de juros no pequeno prazo.

“A volatilidade deve continuar sendo um fator determinante, portanto, cautela e estratégia serão essenciais para negociar cripto”, alerta a crítico.

Cortinado avalia ainda que o trambolhão com a notícia sobre a DeepSeek acendeu um alerta sobre a valorização excessiva do setor de tecnologia na bolsa dos EUA e a possibilidade de revisões futuras no valor de mercado dessas empresas.

“De forma direta, quanto mais alcançável e eficiente for a lucidez sintético, mais eficientes se tornam os projetos blockchain que integram essa tecnologia, além de reduzirem seus custos operacionais”, afirma Cortinado. “Isso pode impulsionar ainda mais a valorização do setor de cripto IA, já que, diferentemente do mercado acionário, cripto não está atrelado ao valuation específico de uma ou outra empresa de IA.

No entanto, ele ressalta que, se o setor de tecnologia na bolsa americana tolerar uma correção mais profunda e retrair os índices para reles, “cripto também pode sentir os efeitos dessa pressão vendedora – ainda que com uma dinâmica de magnitude dissemelhante”.