Esfriamento da economia aquece apostas na bolsa. Mas cenário de câmbio acende alerta

Mas mesmo enquanto a atividade desacelera no campo contracionista, a bolsa brasileira encontrou um novo impulso.

• O Ibovespa avançou mais de 1% nesta segunda (15), aos 162.482 pontos. O índice está com proveito de 2,14% no mês. Neste ano, a valorização da carteira passa de 35%.

Nesse estágio da política monetária, temos o clássico cenário em que “notícia ruim é notícia boa”. Ou pode ser vista porquê boa, se a leitura vier da frente econômica.

• O giro financeiro do Ibovespa ficou em R$ 17,4 bilhões hoje, 7% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões.

Da perspectiva dos juros, o prostração da atividade é desejável, porque indica a agentes do mercado financeiro que a inflação pode estar mais comportada.

A retração da economia em outubro é um oferecido muito pior do que o consenso esperava – de subida de 0,10% esperada pelo consenso. Mas abre espaço para a elevação das apostas na queda da Selic em janeiro.

E os investidores seguiram essa rota hoje.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 saiu de 13,65% para 13,64% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 saíram de 13,01% para 12,98% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa oscilou de 13,39% para 13,33%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Uma vez que o oferecido fraco engatilhou alívios nas taxas dos contratos futuros de juros, mais investidores passaram a enxergar que o Banco Médio pode ter espaço para um ciclo monetário mais vagaroso em 2026. Lembrando que alguns fatores para a autonomia manter uma postura rigorosa para a política monetária estão ligados às expectativas para os juros e a inflação.

Neste sentido, as notícias hoje foram boas. O Boletim Focus, que mostra semanalmente a projeção de economistas para esses indicadores, a mediana das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Espaçoso (IPCA, a inflação solene do país) do ano que vem caiu pela quarta semana seguida, enquanto a da Selic em 2026 saiu de 12,25% pra 12,13%.

Na principal carteira de ações da bolsa brasileira, o dia foi de qualquer destaque para as ações sensíveis à economia doméstica. Embora para elas o cenário também seja duvidoso, as apostas mostram que os negociadores deram mais peso à eventual queda mais potente dos juros do que ao risco de recessão técnica (que poderia compelir a demanda para a lodo, derrubando as receitas).

Mas em um mercado de trabalho continuamente apertado, com o índice de desemprego nas mínimas históricas (o que sustenta o patamar salarial médio do brasílico), bancar essa aposta pode parecer mais confortável.

• Das 82 ações que compõem a carteira atualmente, 66 subiram hoje.

Mesmo com tanto otimismo, é necessário que o investidor esteja alerta ao mercado de câmbio, que tem seguido no caminho contrário de outros ativos locais e na contramão do exterior.

• O dólar à vista avançou 0,23% nesta sessão, a R$ 5,42, apesar de uma ligeiro retração de 0,1% do índice DXY, que mede a força da moeda americana com uma cesta de divisas fortes globalmente. Em dezembro, está com subida de 1,64%. No ano, a moeda americana barateou 12,25% contra o real até cá.

Embora, no ano, o dólar ainda esteja desvalorizado, a tendência foi interrompida nas últimas semanas. O fluxo estrangeiro para a bolsa voltou a patinar. Cabe lembrar que esse capital gringo sustentou o Ibovespa às máximas nos últimos meses na carona do prostração sustentado do dólar.

Mas, no último trimestre, tanto o real tem apanhado do cenário doméstico quanto o dólar tem mostrado força em função das negociações dos mercados de juros e retorno de uma fração dos recursos para os Estados Unidos.

Embora haja efeitos sazonais, porquê fechamento de ano fiscal, é necessário observar se há correção de possíveis distorções no mercado de câmbio, que teriam levado o real a se valorizar mais nos últimos tempos contra o dólar do que os investidores consideram justo com o atual horizonte.

A equipe do BB Investimentos labareda a atenção para o Ibovespa em dólares, que não conseguiu se sustentar supra da principal resistência, nos 30 milénio pontos. Esse quadro pode tornar o rumo do índice mais multíplice, caso, para os fundos estrangeiros, a carteira não consiga cruzar zonas de resistência técnica, que engatilhariam um volume de compra dos fundos quantitativos internacionais.

“No cenário doméstico, a bolsa brasileira tem se beneficiado de indicadores econômicos positivos e da recente melhora nos dados de inflação, levando investidores a antecipar uma verosímil redução das taxas de juros em 2026, movimento que tende a reduzir o dispêndio de capital das companhias e proporcionar investimento em renda variável. No exterior, a desaceleração do mercado de trabalho nos EUA já resultou em um novo incisão de juros pelo Fed, impulsionando ativos de risco e também aqueles tradicionalmente associados à proteção contra inflação, porquê ouro e prata. Essa dinâmica reflete uma leitura de que a combinação entre aumento da base monetária, associado a incisão de juros e inflação elevada tem direcionado fluxos para ativos financeiros, em contraste com dados que refletem desaceleração na economia real”, resume o relatório do BB Investimentos.

No guia técnico de ações do banco, a quantidade de ativos com tendência positiva cresceu. Dos 189 papéis monitorados, 67% (126) estão em tendência de subida ou subida consolidada, contra 61% (115) na semana anterior. Entre os ativos com tendência de baixa e baixa consolidada, houve redução: 28% (52), contra 30% (56) na semana anterior.