Estrangeiros dão 'bye bye' à bolsa brasileira. Para quais ativos está indo o quantia?

Nesse período, os mais de R$ 12,7 bilhões injetados no mercado secundário da bolsa do Brasil se transformaram na saída de R$ 243 milhões até o dia 16 de abril, conforme dados da B3 compilados pelo Valor Data.

Em outras palavras: os gringos retomaram a debandada de 2024, reduzindo as posições em empresas brasileiras. Mas não unicamente delas. As companhias americanas, europeias, latinas, asiáticas…todas têm pagado o preço de um cenário incerto para a economia mundial.

E, assim, o Ibovespa ainda não se recuperou do trambolhão, embora tenha reduzido essa vazio nesta terça (22).

• O principal índice de ações do Brasil avançou 0,63% e encerrou em 130.464 pontos, ainda a 0,55% do nível desabitado em 2 de abril, data do pregão do tarifaço. No mês de abril, a carteira agora salva 0,16% de ganhos. Neste ano, a subida, que já chegou a 10,4%, está em 8,46%.

As falas do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, sobre a expectativa de uma desescalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China jogaram panos quentes sobre as negociações nas bolsas.

Mas a sinalização ainda não é suficiente para virar definitivamente a situação nos mercados.

A elevada volatilidade dos índices está atrelada à baixa liquidez nas bolsas, que ficaram em segundo projecto com a sensação de risco acionando sirenes no mundo financeiro.

• O Ibovespa mesmo movimentou R$ 13,5 bilhões hoje, inferior da pífia média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões.

A viradela desta sessão – assim porquê a da última na bolsa brasileira – acompanhou os índices de Novidade York. E o comportamento das ações do índice corroboram a tese de que secção do capital estrangeiro pode ter voltado para o Brasil.

• Das 87 ações que fazem secção do Ibovespa atualmente, 57 se valorizaram neste pregão.

Se não os estrangeiros, que outro grupo investidor estaria comprando as ações das empresas brasileiras na bolsa? A julgar pelo histórico mais recente, o institucional.

Aproveitando a liquidação das posições nas carteiras gringas, fundos e bancos nacionais andaram corrigindo a exposição historicamente baixa ao mercado doméstico, comprando R$ 5,6 bilhões mais do que venderam em ações brasileiras somente neste mês até o dia 16. Com isso, o fluxo dos investidores institucionais neste ano foi de uma saída de R$ 10,3 bilhões no primícias de abril para R$ 4,7 bilhões negativos.

• O dólar mercantil recuou 1,32% e fechou a sessão em R$ 5,73. No aglomerado do mês de abril, valorizou 0,39%. Mas, neste ano, o saldo é de desvalorização de 7,3% do dólar contra o real.

A despeito desse retrato, a situação não está tão mais favorável para os ativos de renda variável.

Para qual ativo vai o quantia?

Se o cenário econômico é desfavorável às bolsas, o capital naturalmente migra para a renda fixa. Mas e se a situação não é lá muito melhor nem na renda fixa?

Essa é a lebre levantada no mercado financeiro.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 14,74% para 14,73% ao ano. Prêmios em contratos de limitado prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 14,03% para 14,06% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa foi de 14,32% para 14,45%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Alguns ativos de suplente de valor têm se valorizado de forma expressiva – caso do ouro, que já renova seu recorde de preço sucessivamente há semanas.

A gestora francesa Amundi, a maior em ativos sob o portfólio da Europa, diz que há uma grande realocação de ativos à medida que seus clientes se afastam dos EUA e investem em fundos europeus em resposta à turbulência do mercado desencadeada pela guerra tarifária.

De congraçamento com o reportado pela Bloomberg, investidores da Amundi migraram grande secção de suas carteiras para ações e fundos europeus, além de títulos públicos dos países da região, de congraçamento com um porta-voz da maior gestora de ativos da Europa. Mas a direção dos fluxos reflete um reposicionamento mais grande do mercado, no sentido de uma diversificação geográfica maior.

O movimento se consolida em meio à preocupação com o risco fiscal nos EUA e as pressões de Trump para desvalorizar o dólar podem trazer uma situação inédita no mercado global.

Em um movimento vasqueiro, , o mercado de títulos públicos americanos se desestabilizou com o crescente receio da extensão da política tarifária e o que mais Trump implementará para desvalorizar o dólar (tornando exportações americanas mais atrativas e reduzindo o que labareda de “especulação” com a dívida pública dos EUA).

Recentemente, a taxa que o governo dos EUA teve que remunerar sobre seus títulos de dívida disparou, enquanto o valor de face dos próprios títulos caiu. A volatilidade sugere que os investidores estão perdendo a crédito na maior economia do mundo.

E os embates de Trump com Jerome Powell, presidente do banco médio americano, segue nessa toada. Embora a queda do dólar possa jogar em obséquio do que pretende o republicano, a escalada dos juros pagos pelos títulos é o contrário do que ele e seu governo desejam.

Mas até que ponto as ameaças econômicas de Trump não passam de bravatas ou podem se concretizar? Mais uma vez, investidores se veem às voltas com essas mesmas questões.

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