Estrelas se alinham na bolsa, mas Ibovespa cai. Saiba o que esperar deste termo de ano

O protótipo da equipe de estratégia quantitativa da XP mostrou que, no último dia 11, o regime de inflação e juros mudou. Antes, apontava inflação para cima, juros para grave.

• Agora, o regime indica inflação e juros em queda, é o ciclo “em que a bolsa brasileira tende a apresentar os melhores retornos”, segundo o relatório, um quadrante em que o retorno anualizado real (descontada a inflação) alcança, em média, de 11,2%.

Nominalmente, a carteira costuma subir em média 26% ao ano nesses ciclos de inflação e juros para grave. Mas as negociações na bolsa brasileira nesta segunda (17) não mostraram sensibilidade ao novo cenário.

• O Ibovespa caiu 0,47%, aos 156.993 pontos no termo da sessão. Em novembro até cá, o índice ainda acumula subida de 5% e, neste ano, já subiu 30,5%.

No Boletim Focus de hoje, outra boa notícia: as projeções dos economistas ouvidos pelo Banco Médio (BC) para o IPCA ficaram dentro da filarmónica para a inflação pela primeira vez em quase um ano.

Com a meta de 3% ao ano e uma tolerância de 1,5 ponto percentual (para cima ou para grave), desde dezembro do ano pretérito os economistas não viam possibilidade de frear suficientemente a subida dos preços em 2025 para o BC conseguir entregar o IPCA aquém de 4,5%. A um mês e meio do termo do ano, esse quadro parece provável.

• O giro financeiro do Ibovespa ficou em R$ 19,3 bilhões, 18% supra da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,3 bilhões.

Foi o mau humor nas bolsas de Novidade York que puxou o movimento de redução dos riscos cá no Brasil. Investidores iniciaram a semana com os dois pés detrás sobre o ciclo de galanteio nos juros levado pelo Federalista Reserve (Fed, o banco medial americano).

A sangria na carteira do Ibovespa reforça que a força vendedora foi pressionada pelos estrangeiros – em privativo, seus fundos quantitativos (que usam modelos matemáticos e algoritmos para automatizar os investimentos), que costumam entrar no mercado da região via índices.

Atualmente, a maior secção do fluxo financeiro na bolsa brasileira é movimentado pelos estrangeiros.

• Das 82 ações que compõem a carteira atualmente, 57 recuaram hoje.

Depois do maior “shutdown” (paralisação do governo dos Estados Unidos pelo impasse sobre o Orçamento) na história americana, os próximos dias prometem fortes emoções. Dados de setembro sobre o mercado de trabalho devem sacudir os ânimos e expressar, finalmente, se os investidores estavam mirando na direção certa.

Porquê o “shutdown” é marcado pela não divulgação de dados públicos, Wall Street passou os últimos quase 50 dias sem mensuração da temperatura nesses setores. E o receio é que esses agentes tenham subestimado a atividade do país.

Se fosse somente isso, já seria o suficiente para recalibrar as apostas e jogar um próximo galanteio de juros só para janeiro – e olhe lá!

Mas o balanço da Nvidia chega ainda antes, na quarta-feira, e será o grande evento desta semana. Em meio à mais aguardada divulgação de resultados da sua história, a empresa que lidera a corrida de Lucidez Sintético (IA) no mundo testará a fé de seus acionistas em meio às crescentes dúvidas sobre a valoração dos papéis e aos investimentos pesados em infraestrutura física.

Esse cenário jogou investidores em uma zona de realização de lucros e aumento das posições em ativos que podem se beneficiar com a mudança de horizonte. É o caso do dólar, que se valoriza com o aumento da procura pelo títulos públicos americanos (Treasury).

• O dólar à vista avançou 0,66% e fechou o dia em R$ 5,33. No mês de novembro até cá, recuou 0,9%. Neste ano, a moeda americana está 13,73% mais barata para o brasílico.

Há quatro anos sem o sino da B3 anunciar uma oferta pública inicial (IPO, na {sigla} em inglês), o ano deve fechar ao som do jingle bells mesmo. Dificilmente será em clima triste.

É consenso no mercado financeiro que a Selic vai tombar, e os investidores se dividem na data de início dos alívios: o início ou o termo do primeiro trimestre de 2026.

• A taxa de Repositório Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 saiu de 13,62% para 13,65% ao ano. Prêmios em contratos de pequeno prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
• No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 saiu de 12,83% para 12,91% ao ano.
• Já para janeiro de 2036, a taxa oscilou de 13,42% para 13,47%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

Esse cenário, por si só, já deve retrair uma valorização na bolsa, principalmente pela descompressão nos preços de ações ligadas à economia doméstica.

Mas o período pode ser melhor ou pior dependendo do que se desenrolar nos EUA.

A bolsa do Brasil segue sendo uma “passageira da agonia” do sege americano e, neste ano, a maioria do fluxo que carregou o Ibovespa aos sucessivos recordes e a um rali histórico está associado à desvalorização do dólar.

Se o Fed decide introduzir o pé no freio e “pausar e esperar” para ver porquê a economia dos EUA se comporta, o gosto dos gringos esmorece.

Da mesma forma, se as big techs mostram que continuam com tudo e convencem investidores de que há espaço para subirem mais, de novo, a bolsa brasileira perde o fulgor.

Se seguir esse rumo, o Natal do mercado de ações lugar deve ser um pouco mais pobre.