ETF de ações argentinas rendeu 66% em outubro, mas pode ser uma cilada. Vale a pena?
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O ano compensou o investidor que correu riscos. Mesmo com a Selic, a taxa básica de juros, em 15% desde março, a renda variável voltou a entregar retornos muito supra da renda fixa – porquê deveria ser. E não unicamente no Brasil.
- Um fundo de índice (ETF, na {sigla} em inglês) negociado na B3 entregou, em 31 dias, o que o CDI (principal referência da renda fixa e acompanha a Selic de perto) levaria quase cinco anos para apinhar nas taxas atuais.
Segundo o levantamento mensal feito pela Quantum, o Investo Argentina (negociado na bolsa com o código ARGE11) foi o ETF negociado na bolsa brasileira com o maior retorno em outubro, período em que valorizou 66,83%.
O fundo ARGE11 replica o índice MarketVector US Listed Argentina (ou só Mvis Argentina), uma cesta com 15 ADRs (recibos emitidos nos Estados Unidos que representam ações de empresas negociadas em bolsas estrangeiras) de companhias argentinas. Por serem contratos negociados em dólar, esses ativos eliminam em secção a potente flutuação cambial que afeta o peso prateado.
Mas o mantra no mercado financeiro é que retornos passados não garantem ganhos futuros. E o caso do ARGE11 é emblemático porque, apesar da trajetória meteórica no mês pretérito, os 66% de retorno do ETF embutem um risco cambial e de mercado altíssimo.
Além de ser um resultado relativamente novo na bolsa brasileira (começou a ser negociado no termo de agosto), sua volatilidade é subida, o que significa que o risco que o cotista corre é ressaltado. Quem comprou cotas do ARGE11 em setembro, por exemplo, perdeu 20,4% do seu investimento.
Tampouco a trajetória do ETF de Argentina foi uniforme em outubro. Até o dia 24 do último mês, a subida mal passava dos 19%. Mas a vitória do partido de Javier Milei nas eleições legislativas de meio de procuração pulverizaram o receio de o governo perder o suporte do Congresso e deram um fôlego político ao presidente para confirmar projetos e evitar a derrubada de vetos.
Dessa vitória dependia também o suporte financeiro dos Estados Unidos à Argentina. O presidente americano, Donald Trump, havia se comprometido com a injeção de recursos no país. O Tesouro dos EUA socorreu o seu parceiro político e mercantil com uma risco de swap cambial (troca de moedas) de US$ 20 bilhões.
A disparada do ARGE11 não reflete sinais de recuperação da economia argentina, mas unicamente um refrigério com a confirmação da ajuda americana, que estava condicionada à vitória de Milei nas eleições do último dia 27 de outubro.
Além da Argentina: vigor e tecnologia
O retorno do índice prateado foi um ponto fora da curva em outubro, refletindo a subida volatilidade e o risco do mercado, mas outros temas mostram um desempenho mais regular ao longo do ano.
Os ETFs ligados à transição energética continuam quentes.
O It Now Hydro (negociado com o código YDRO11), ETF gerido pela Itaú Asset Management que acompanha o índice S&P Kensho Hydrogen Economy, focado na cárcere de hidrogênio, subiu 18,18%. O fundo foi lançado em setembro de 2021 e acompanha o desempenho de empresas especializadas na produção, armazenamento e transporte de hidrogênio. Esse elemento químico pode ser aplicado em processos que auxiliam na redução das emissões de carbono.
A tese de vigor nuclear também brilhou no último mês, com o Investo Nuclear (negociado sob código NUCL11) avançando 15,68%. Lançado pela Investo em maio deste ano, o fundo acompanha o índice MVIS Global Uranium & Nuclear Energy Índice, que reúne diversas empresas da cárcere de vigor nuclear, urânio e tecnologia relacionada.
O ranking da Quantum (inferior) mostra que o gosto ao risco do investidor foi recompensado em teses globais específicas, incluindo tecnologia (semicondutores) e criptoativos, enquanto a maioria das ações nessas bolsas teve um desempenho mais tímido.
ETFs que mais se valorizaram em outubro de 2025
| ETF | Código de negociação | Variação em outubro | Benchmark | Gestão | Número de cotistas | Patrimônio líquido |
| INVESTO ARGE CI – ARGE11 | ARGE11 | 66,84% | MVUARG | Investo | 502 | R$12.220.874,61 |
| IT NOW HYDROCI – YDRO11 | YDRO11 | 18,19% | S&P Kensho Hydrogen Economy | Itaú Asset Management | 427 | R$5.549.117,54 |
| INVESTO NUCLCI – NUCL11 | NUCL11 | 15,68% | MVIS Global Uranium & Nuclear Energy Índice | Investo | 3.948 | R$32.421.337,14 |
| SEMICONDUCTOR 25 INDEX FUNDO DE ÍNDICE INVESTIMENTO NO EXTERIOR RESP LIMITADA – CHIP11 | CHIP11 | 12,23% | MVIS US Listed Semiconductor 25 | Investo | 2.118 | R$24.154.759,67 |
| ETF QQQQ CI – QQQQ11 | QQQQ11 | 12,19% | Nasdaq 100 High Beta | Buena Vista Asset Management | 628 | R$5.055.854,01 |
| BB ETF ÍNDICE FUTURO DE MILHO B3 FUNDO DE ÍNDICE – CORN11 | CORN11 | 8,93% | IFMILHO B3 | BB Asset Management | 1.770 | R$27.403.208,89 |
| IT NOW HCARECI – HTEK11 | HTEK11 | 8,66% | Morningstar US Exponential Technologies Healthcare | Itaú Asset Management | 607 | R$8.951.787,24 |
| IT NOW IMAT CI – MATB11 | MATB11 | 8,47% | IMAT | Itaú Asset Management | 1.882 | R$39.028.334,80 |
| TREND US TECCI – UTEC11 | UTEC11 | 7,34% | Bloomberg US 3000 Technology | XP Asset Management | 739 | R$284.099.901,53 |
| INVESTO USTKCI – USTK11 | USTK11 | 7,26% | MSCI US IMI IT 25/50 Índice | Investo | 6.024 | R$56.423.713,39 |
Segundo especialistas ouvidos pelo Valor Investe logo posteriormente a vitória política de Milei, há espaço para valorização no mercado pressionado pela crise econômica, mas o país ainda enfrenta desafios estruturais importantes, principalmente nas áreas cambial e fiscal. É preciso lembrar que a Argentina também possui dívidas com o Fundo Monetário Internacional e está altamente dependente do suporte de Trump neste momento.
Qualquer viradela nessa relação, portanto, relegará a Argentina à própria sorte, o que pode ser um risco grave. O investidor que procura uma posição rápida, focada em entrar e trespassar de forma expedito de um ativo, deve permanecer cauteloso às janelas que podem sugerir valorização das empresas no ARGE11.
No mês de novembro, até o dia 12, a prestação do ETF prateado desvalorizou 4,45%. Esse quadro reforça que o ARGE11 é um resultado para quem tem muito gosto ao risco e acompanha o mercado financeiro e as notícias sobre a Argentina de perto.
Outro ponto de atenção é a baixa liquidez do fundo, que gira, em média, R$ 187 milénio por dia, segundo dados da B3, o que pode emperrar a venda das cotas.
Outrossim, ao observar a janela mais longa (de janeiro a outubro), os líderes não são os ativos mais voláteis, mas sim os mais defensivos e resilientes.
O B-Índice Morningstar Setores Defensivos (BDEF11) segura a liderança anual com subida de 38,56%. Isso mostra que, no longo prazo (dentro do ano), a consistência de empresas brasileiras sólidas tem superado os “tiros curtos” de valorização.
Outro destaque que supera qualquer emprego conservadora tradicional no ano é o ouro. O Trend Ouro (GOLD11) acumula subida de 32,91% em 2025, reafirmando seu papel porquê proteção em tempos de incerteza global.
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