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'EUA não são mais um país confiável', diz Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia

'EUA não são mais um país confiável', diz Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia

'EUA não são mais um país confiável', diz Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia

'EUA não são mais um país confiável', diz Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia

Os Estados Unidos, maior mercado financeiro do mundo, já não são confiáveis, posteriormente o presidente Donald Trump adotar medidas econômicas que geraram um nível de incerteza e instabilidade inédito. A avaliação é de Paul Krugman, economista norte-americano, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, em apresentação no Anbima Summit.

“Há alguns meses, imaginei que a economia global estaria em um outro patamar, em um período de certa calmaria, posteriormente os efeitos negativos da pandemia de Covid-19”, afirmou. “Até janeiro deste ano, não havia desequilíbrio econômico. Mas, nunca estivemos em um momento tão incerto porquê agora.”

Krugman afirmou que a estrutura política dos Estados Unidos funcionou até a eleição de Trump, mas que sua postura “personalista” e “disruptiva” distorceu a forma porquê o governo federalista se relaciona institucionalmente. Mais que isso: o atual presidente rompeu com as regras estabelecidas para os países se relacionarem comercialmente.

O transacção global tinha uma firmeza forçada, com regras, padrões e acordos, discutidos e estabelecidos dentro da OMC [Organização Mundial do Comércio], sobre o que pode ou não fazer no envolvente mercantil”, apontou. “Mesmo sem um mecanismo para obrigar os países a aceitarem essas regras, porquê um tropa, os países adotavam essas normas e o sistema funcionava.” Mas Trump reverteu essa dinâmica.

Krugman afirma que não é verdade que as decisões tarifárias de Trump foram e voltaram. “Em média, a tarifa de importação passou de 3% para 17%, em unicamente uma semana. É a maior taxa desde 1936, sendo que a economia americana é três vezes mais dependente de importações do que naquela quadra“, disse. “É um choque de política mercantil nunca visto antes, com unicamente uma canetada do presidente dos EUA.”

Apesar de todo o poderio americano na economia global, no entanto, Krugman avalia que as medidas não deverão provocar uma crise generalizada. Muito pelo contrário: as economias afetadas poderão se organizar e formar novos circuitos de transacção. Por outro lado, o tiro de Trump pode transpor pela culatra, isolando os Estados Unidos do resto do mundo.

Se essa política continuar, o transacção americano com outros países vai desabar 50%”, calcula. “Seria a reversão de toda a globalização que os Estados Unidos promoveram desde 1980. Estamos andando para trás.”

Krugman afirma que os eventos nos EUA importam, mas o país não domina mais a economia e o transacção global porquê no pretérito, dividindo espaço com outras superpotências econômicas no mundo: a China e a União Europeia. “Atualmente, os Estados Unidos devem ter uma fatia de 25% na economia global”, aponta.

Para ele, ainda que haja retaliação da China e da União Europeia, a guerra tarifária ficará direcionada unicamente para os EUA. “Os países continuarão adotando suas tarifas atuais entre si, respeitando as regras que vigoravam. Na verdade, as relações comerciais podem até permanecer mais pacíficas”, pontua.

O economista aponta ainda que esse movimento vai ter revérbero sobre os preços dos produtos, no mercado interno americano, ainda que a inflação não tenha sido afetada, conforme os dados que foram divulgados até maio. “Esse efeito vagar um pouco, mas vai sobrevir”, afirma. “Vamos ter uns picos de inflação nos próximos meses, talvez até nas próximas semanas.”

Além do cenário econômico conturbado, Krugman aponta ainda que “um pouco muito estranho está acontecendo com os EUA financeiramente”.

Ele relata que, em situações negativas mundiais, o dólar sempre se fortalece, por ser considerado seguro. Ele apontou que, quando rendimentos dos títulos americanos subiam, o dólar também subia. “Mas agora, isso não está acontecendo. As taxas dos treasuries [como são chamados os títulos do Tesouro americano] sobem, mas o dólar cai. É muito estranho.”

Krugman ressalta que os EUA sempre tiveram capacidade de gerenciar sua dívida, mas isso “exige alguma responsabilidade política, o que no momento, é dúbio”. “O cenário é desanimador e estressante.”

Sobre os impactos da guerra tarifária de Trump no Brasil, o economista americano disse que não conhece muito muito o país, mas sabe que os EUA “de forma alguma são o principal parceiro mercantil”. “Há uma combinação muito maior com a China e a União Europeia. A exposição do Brasil à crise americana é pequena.”

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Paul Krugman, economista norte-americano, vencedor do Nobel de Economia de 2008 — Foto: Silvia Costanti / Valor

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