×

Faça do limão uma limonada ao investir em 2025

Faça do limão uma limonada ao investir em 2025

Faça do limão uma limonada ao investir em 2025

Faça do limão uma limonada ao investir em 2025
Projeções políticas e macroeconômicas são percalços, mas ainda é possível manter a carteira saudável em 2025 O ano de 2025 não promete vida fácil fora da renda fixa. Enquanto a inflação incomoda, a previsão é de juros nas alturas. Lá fora, dá sustentação ao cenário as tensões geopolíticas de sempre e a volta de Donald Trump à Casa Branca. No Brasil, preocupações de natureza fiscal seguem sem consolo.
Mas quem nunca fez uma bela limonada até com mais azedo dos limões, não é mesmo?
Juros altos (muito altos)
O risco fiscal talvez seja o obstáculo mais azeda o apetite do mercado. Para além de contas públicas saudáveis, esse o déficit alimenta a alta dos juros e do dólar, que se intensificou nos últimos meses de 2024.
Para 2025, a taxa Selic baterá pelo menos 14,25% até março, conforme adiantou o próprio Comitê de Política Monetária (Copom). Ruim para a bolsa, para o mercado de crédito e para empresas. Mas bom para quem gosta de renda fixa.
Há mais de dez anos os brasileiros não viam juros tão altos na renda fixa local. Recorrentemente, as taxas do Tesouro Direto batem novas máximas, resultado tanto da piora na percepção de risco fiscal quanto da expectativa de Selic em ascensão em 2025.
Taxas como as do Tesouro IPCA, que oferecem mais de 7% de ganho acima da inflação ao ano, soam como uma boa oportunidade, sobretudo para aqueles que têm objetivos de longo prazo. São papéis de altíssima liquidez, que podem ser resgatados a qualquer momento (com exceção de suspensões que podem ocorrer em momentos de forte volatilidade).
Para quem prefere se manter mais conservador, a dica é seguir investindo nos pós-fixados indexados ao CDI, como o Tesouro Selic.
Os prefixados estão desaconselhados, devido às incertezas sobre até onde a Selic deve subir se o cenário previsto para BC persistir.
Dólar caríssimo
O dólar está caro e pode ficar ainda mais. Apesar de muitos especialistas enxergarem que a taxa de câmbio está desequilibrada, há gatilhos para que a moeda americana siga em valorização.
O susto de uma perda de 27% do real em 2024 serve de alerta para quem ainda não começou a diversificação cambial, se expondo a outras moedas, sobretudo o dólar que é considerado um ativo de segurança (aquele que costuma subir em horas de estresse).
Comprar dólar pode ser uma boa para este ano. Talvez haja perdas momentâneas, mas se o movimento fiscal se mantiver em déficit, como o mercado prevê, o real pode perder ainda mais.
Outra pressão no câmbio chega via juros nos Estados Unidos. O ciclo de corte de juros no país está prestes a chegar a um fim. Com as taxas americanas altas, cresce a demanda por dólar, afinal, esses títulos são considerados atrativos e os mais seguros do mundo.
Para completar, o risco fiscal no Brasil leva os recursos à rota de fuga daqui para o exterior, elevando a escassez da moeda por aqui e, por consequência, sua cotação.
Mas atenção! De acordo com especialistas ouvidos pelo Valor Investe, a exposição ao dólar não deve ser feita por meio de compras em ações, mas sim por compra de títulos de renda fixa no exterior.
De acordo com Marcelo Guterman, especialista em investimento da Western Assets, cada empresa tem uma tese e não vale a pena comprar ações e o intuito for a diversificação cambial. Os papéis só devem ser considerados quando há fundamentos para acreditar na valorização de uma determinada companhia.
Fuja dos S&P 500! Para o economista-chefe da Way Investimentos e professor da ESPM, Alexandre Espírito Santo, o ritmo de forte alta da bolsa americana não deve se manter por muito tempo. Segundo ele, os múltiplos indicam que há pouco espaço para valorização. em outras palavras, a bolsa por lá está cara.
Guerra comercial 2.0
Em seu retorno ao posto de presidente dos Estados Unidos, a agenda de Donald Trump tem uma agenda recheada de gatilhos inflacionários, entre eles a imposição de mais tarifas a importados, mirando principalmente os produtos que vêm da China. Existe muitos fatores negativos nessa relação, mas investidores brasileiros ainda podem tirar proveito desse imbróglio.
A julgar pelas promessas feitas em campanha, trata-se de uma continuação da guerra comercial contra os chineses, iniciada em seu primeiro mandato (2016-2020). Há mais um ponto de atenção para o mercado: desta vez, a economia chinesa não está cintilando como há cinco anos. O país não voltou a crescer no ritmo que se via por mais de uma década, mas que parece ter desacelerado de vez depois da pandemia.
Poucos acreditam que a China possa recuperar níveis de crescimento acima de dois dígitos, como antigamente. Mas Espírito Santo avalia que o país irá responder às dificuldades com mais estímulos à economia. Isso pode ser bom para o investidor brasileiro.
“O Brasil é um país produtor de commodities e nunca podemos deixar isso de lado nas nossas projeções. É um exportador de comida e minério de ferro. A Vale é uma empresa bem administrada, que teve problemas de governança, mas tem expectativas positivas, se a questão da China não degringolar de vez. Creio que as autoridades chinesas não deixarão isso acontecer”, pontua.
Alô, Vale! Ele afirma que a mineradora está a um preço baixo e, por mais que possa enfrentar dificuldades em 2025, não deve ser excluída das carteiras dos investidores.
Apesar de sair prejudicada com a queda de demanda da China e a nova guerra comercial, a empresa se beneficia do dólar mais alto. Esse é também o caso de papéis como Weg e Embraer, que se saíram bem este ano e podem manter a performance no próximo semestre.
Rússia x Ucrânia
O ano de 2025 deverá dar seguimento às tensões em áreas grandes produtoras de petróleo, como é o caso do conflito entre Israel e seus vizinhos. A chegada de um novo governo na Síria e a guerra entre Rússia e Ucrânia também deve continuar a influenciar ativos como o petróleo, assim como os preços de energia e commodities agrícolas.
Se houver realmente uma pressão nos preços, seria o momento de aumentar exposição em petroleiras e outras exportadoras? A alta volatilidade das commodities são um ponto negativo para este momento, principalmente em um momento histórico que indica que não deverá haver crescimento forte nas economias, que sustentam a demanda pelo petróleo.
Contudo, um olhar individualizado para Petrobras indica que se expor aos papéis da petroleira pode ser um movimento interessante. Se o petróleo subir, a empresa ganha e mesmo que caia, os bons dividendos devem continuar entrando.
Gutterman afirma que, mesmo diante do recuo nos preços do petróleo, a Petrobras manteve a distribuição de graúdos proventos. Um dos motivos para isso é que o governo, que busca recursos para equilibrar as contas, é o maior beneficiário por esta política de dividendos.
Em outras palavras, o desequilíbrio fiscal pode favorecer também a investidores que buscam bons dividendos na Petrobras.
Inflação mais que corrosiva
Segundo as projeções do Focus e, julgando pela postura dos membros do Copom, tudo indica que a inflação seguirá em ritmo de alta em 2025.
Sendo assim, a recomendação de especialistas é de que 2025 seja o ano para vestir a camisa de poupador, evitando gastos supérfluos e investindo para aproveitar as taxas generosas da renda fixa.
De acordo com as expectativas, 2025 não será um ano para grandes apostas e mergulhos em ativos de risco, mas até diante de um cenário adverso, o investidor tem várias ferramentas para fazer o patrimônio crescer. Com uma dose de informação, uma de atenção e outra de cautela, os próximos 12 meses podem se tornar bastante rentáveis.
Mais Lidas
limão
Getty Images

Publicar comentário